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365 dias

Foto do escritor: Paulo Eduardo RibeiroPaulo Eduardo Ribeiro


O verão chegou mais uma vez por aqui, ele sempre chega. Para falar a verdade não me lembro de muita coisa do último verão, mas me lembro exatamente de tudo que aconteceu naquele primeiro dia da estação mais quente do ano.


Foi um verão frio, triste, pelo menos para mim ficará eternamente marcado dessa forma e mesmo agora, escrevendo sobre o assunto 365 dias depois, não consigo me lembrar de muita coisa, a única coisa que sei é que aquele verão passou, assim como o outono, o inverno, a primavera e cá estamos novamente, em meio a um novo verão que se inicia em algumas horas.


Foram 365 dias que passaram como que uma brisa de verão soprando leve em algum país tropical, tantos acontecimentos, tantas vitórias, tantas derrotas e essa mesma brisa que agora sopra da janela de onde me encontro escrevendo trás de volta o verão passado, a última conversa, o último abraço, a última sensação de que tudo ficaria bem.



Vamos dançar - ouça!



Mas o outono chegou e as mudanças na paisagem trouxeram recordações dos meus tempos de criança quando as folhas da árvore que ainda vive em frente a nossa casa caíam pelo chão, da brisa refrescante que soprava bagunçando o cabelo fino que um dia cairiam como as folhas daquela árvore, dos dias mais curtos, das noites se tornando mais longas deixando a temperatura mais agradável, mas mesmo com todas essas lembranças também não vi o último outono passar.


O inverno chegou trazendo consigo os extremos a seu respeito, declarações dos que amam incondicionalmente e dos que odeiam nas mesmas proporções. Lembrei-me de você reclamando do frio, reclamando do frio que eu geralmente não sinto, da blusa que dificilmente coloco, do vapor saindo da minha boca enquanto gritava você no portão esfregando as mãos, “que frio doído” era o que você sempre dizia ao me receber, da dificuldade com as chaves por causa das mãos geladas, eu imitando a fumaça do cigarro que não fumo, e a gente ria.

Ah a primavera!


Sempre chega mudando totalmente o cenário, você se lembra como a árvore em frente da nossa casa ficava? Ela ficava florida nessa época do ano, e ainda fica com aquela florzinha cor de rosa, pra falar a verdade eu não entendo de flor, talvez seja “Cerejeira-do-Japão” ou “Pata de Vaca”, não importa, elas continuam vivas em minhas lembranças e em cada nova primavera.


Os dias quentes com chuvas refrescantes à tarde também me faz voltar ao bairro onde a gente morou, onde você morou até o último dia, o bairro em que cresci. Sempre vou me lembrar das crianças tomando banho de chuva, mas não era sempre que você me deixava participar dessa brincadeira “perigosa”, quantas vezes não te ouvi dizer “nunca fique embaixo de uma árvore em dias de chuva”, você sempre explicava calmamente do perigo de um raio cair numa árvore.


Também não sou especialista em raios, muito menos em árvores, mas nunca ousei pagar para ver do que um raio é capaz quando lá de cima avista uma árvore, e é engraçado como essas lembranças ficam gravadas na mente da gente, sou incapaz de questionar seu conhecimento sobre o assunto até hoje.


A primavera passada está um pouco mais viva em minha memória, talvez pelo avançar do ano rumo ao novo verão, talvez por indicar que aquele dia estava prestes a se repetir, e na verdade o ciclo jamais é interrompido, os dias se repetem, claro que de maneiras diferentes, mas se repetem sempre e mais uma vez depois de 365 dias.

Hoje ele mais uma vez cumpriu seu papel e um novo verão se inicia. Calor e dias mais longos mais uma vez darão as caras por aqui, pessoas bronzeadas nas ruas, férias, Natal e Ano Novo chegando, a felicidade estampada em cada rosto, seria muito egoísmo meu querer que fosse diferente.



Para falar a verdade tudo isso perdeu a graça desde o último verão, desde o primeiro dia do último verão quando você cumpriu sua missão e partiu, mas eu sei que apesar disso a vida continua, outros ciclos se encerrarão e iniciarão, e certamente me lembrarei de tudo isso novamente no próximo verão, mas até lá outro outono, outro inverno e outra primavera farão parte dessa história que poderá ser contada junto com as lembranças de estações passadas, mas sinceramente não tenho certeza se me lembrarei das histórias dos últimos 365 dias.


Acho que só me resta... na verdade só nos resta viver um dia de cada vez, tentar entender que há coisas que fogem a nossa compreensão, então não vale a pena sofrer em vão, talvez sirva de consolo, talvez eu até acredite nisso, talvez seja apenas eu querendo mostrar o quanto sou forte.


Ainda bem que temos um monte de coisas lindas para relembrar.


Eu continuo por aqui me lembrando de um tempo distante lá no bairro Planalto, na bifurcação da Rua Napoleão Bonaparte com a Rua Georges Pompidou, onde a gente se reunia no verão até tarde da noite conversando, no outono esperando as férias escolares, no inverno com o vento frio na cara da gente e na primavera pra tomar aquele banho de chuva.


O telefone tocou por aqui, por um instante pensei que talvez pudesse ser você, mas a volta a realidade é rápida e dolorosa, não vou atender, a voz embargada e os óculos embaçados dificultam essa ação, ou é apenas um desculpa, não importa, estou tentando transformar a dor em saudade, em apenas saudade, quem sabe um dia eu consiga, quem sabe um dia eu entenda, quem sabe um dia eu supere, afinal como alguém me disse ontem eu sou forte, mas não tanto como você imagina tampouco tanto quanto eu gostaria.


Paulo Eduardo Ribeiro, do Canal Ponte Aérea, para CRIATIVOS!


 

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