A Força feminina
(Dedicado `a minha sobrinha Adriana Duvivier Ortenblad Carvalho, uma verdadeira Ursula)
Recomendo que assistam “Cem Anos de Solidão” na Netflix, não só porque é muito bom, mas pelo fascínio do que chamo a verdadeira força feminina, numa das personagens principais. A serie foi produzida pelos filhos do autor Garcia Marques, é falada em espanhol e conta somente com maravilhosos atores colombianos.
Li o livro há muitos anos, e por causa da serie, vou ler de novo. Mas o que quero colocar em destaque é a personagem de Ursula, a típica mãe sul-americana, tipo que o escritor deu tanto relevo em seus principais romances, e que obviamente respeitava. No seu livro “Cem Anos de Solidão”, e na serie, ela é personagem principal com o marido, enquanto fundadores da dinastia Arcadio/Aureliano, e de Macondo, a aldeia que acabou virando uma adorável cidadezinha. Durante muitos anos, lá não havia políticos e nem polícia; os moradores se governavam com perfeição, pois eram todos amigos e agiam com naturalidade e sentimento.
José Arcadio, o marido de Ursula, é um sonhador e, como disse o escritor, tinha imaginação maior que o milagre. Encantou-se com um personagem fantástico que se dizia alquimista, e a partir dos inventos e dispositivos que este lhe deu, passou a viver dentro da sua
oficina/laboratório, explorando tudo aquilo, até enlouquecer.
A realidade é, em geral, mais difícil para os sonhadores, mas benditos sejam. Ursula, por outro lado, tinha o pe no chão, grande firmeza, e muito amor para com a família e amigos, que eram os moradores de Macondo. Tais qualidades bastavam para que ela tivesse autoridade sobre todos. Há um memorável momento em que Jose Arcadio, já velho, confessa a um de seus filhos, que antes de fundarem Macondo, quando ainda viajavam em círculo dentro de um enorme pantanal, Ursula não sabia que ele, o líder do grupo, estava totalmente perdido. E conclui que deste então, embora ela também não soubesse, sempre esteve perdido.
Esse casal, me fez lembrar que minha mãe sempre disse que a mulher é mais telúrica, enquanto o homem é mais sonhador. Claro que isso é uma generalização, mas não deixa, como generalização, de ser verdade. Minha mãe apontava, por exemplo, o ciclo hormonal da mulher, o qual é muito mais instável do que o do homem e afeta o humor feminino e raciocínio. Qual de vocês, leitoras, que nunca “enlouqueceu” passageiramente, devido à TPM? Qual de vocês que, para ser mãe e poder trabalhar, não teve que fazer enormes adaptações, até mesmo malabarismos mentais? Confesso aqui, que uma vez, ao entrar num avião enquanto sofrendo de TPM, pensei que se o piloto fosse mulher e passasse pelo que eu estava passando, eu nunca voaria num avião pilotado por ela. Não por misoginíssimo, mas senso de realidade.
A intelectual americana Camille Paglia, que se considera feminista e é homossexual, não para de alertar para as diferenças biológicas entre homem e mulher, não para de chamar atenção para essa biologia cujo conhecimento ela considera fundamental, principalmente no que chamam de “Women Studies” e que, segundo Paglia, virou disciplina obrigatória nas universidades, mas em total ignorância da biologia e descaso para com esta.
Ursula é a típica mãe sul-americana por seu desvelo, dedicação e amor, e sua autoridade é a do próprio amor. Pois as mães norte americanas vivem mais em função das regras da coletividade, da aparência que dão aos vizinhos, e do dinheiro, do que do amor. Uma vez, eu estava num restaurante com meu então marido, e uma delas, que o conhecia, ia saindo meio de pileque e parou pra conversar. O filho mais velho de Steve (o então marido) era muito amigo de um dos filhos que ela tinha. Perguntou por ele, e a mulher foi logo dizendo que o rapaz tentou, com somente dezesseis anos, beber cerveja e fazer sexo “under her roof” (sob seu teto). Por isso, ela contou com orgulho, que lhe disse pra ir beber na rua (coisa ilegal aqui neste país) ou dentro do carro dele, mas que fizesse tudo aquilo fora da casa dela. Eu sabia que naquele fim de mundo onde primeiramente morei, não havia motéis para sexo, e pra piorar, todos ali se conheciam.
Perguntei ingenuamente: “Onde então que o teu filho vai poder fazer sexo?”
A mulher levou um susto com a minha pergunta como se eu tivesse lhe despejado um copo de água fria na cabeça. Quando se recompôs, ainda conseguiu dizer: “Talvez na minha casa, se eu tiver saído...”
Ficar em cima do muro é uma das capacidades mais comuns das pessoas. Mas é desumano expor os filhos ao risco de serem presos ao beberem na rua ou a transarem dentro do carro ou sei lá onde.
Pensando em Ursula, vejo que não é atoa que, aqui nos Estados Unidos, está ficando moda (se isso pode ser chamado de moda) a mulher ser somente mãe e cuidadora da casa, enquanto o homem vai ganhar a vida. Ser mãe com devoção, mesmo que de filho/a único/a, é ocupação de 24 horas por dia enquanto ele ou ela é ainda criança. Não só pelos cuidados físicos, mas pela disponibilidade- que é nossa riqueza ser capaz de ter- para reverenciar o mundo através dos olhos de nossa criança e aprender com ela, tornar-se contemplativo do que ela revela ao invés de apenas ensiná-la a “funcionar” nesta nossa realidade tão gasta e repetitiva.
Voltando `a Ursula, ela não só era ancora para o marido, mas para as levas de crianças que gerou, adotou, e finalmente, para a cidade inteira. Sua autoridade dispensava gritos, pois era pura convicção. De novo, lembro-me de minha mãe dizendo que quando a mulher tem força moral ou convicção em si, pode amedrontar qualquer homem. “Acho que eles regridem ao tempo em que eram crianças e respeitavam as mães que tinham”, mamãe dizia. Estava certa, embora muitas vezes tenha tido que dar tapas no rosto de certos trogloditas mal-educados e ofensivos no meio da rua. Em geral, para fazer justiça a crianças que eles maltratavam. Sim, Ivna (mamãe) era um herói. Quantas vezes fiquei pasma com a sua coragem publica! Sua sorte era que `as pessoas `a volta ficavam do seu lado.
Novamente voltando `a Ursula, quando Macondo foi invadida por um prefeito republicano apontado pelo governo, trazendo polícia, gerando revoluções, autoritarismo e roubo, numa cidade até então pura, ela exerce sua autoridade até mesmo contra os policiais que não queriam deixar que visse um de seus filhos, que se havia tornado chefe da oposição ao governo e estava preso.
“Não ousem botar a mão em mim!” Ursula disse enquanto foi passando por todos eles, a caminho da cela do filho. E aqueles homens, que, como muitos, pra serem “homens” têm que se esconder atrás de armas, não ousaram impedi-la.
Isso é somente um dos exemplos do caráter e iniciativa de Ursula. De sua grande força moral. Há muitos outros.
Admiro muito as mulheres carreiristas e que lutam pela igualdade de salários entre homens e mulheres. Mas cá entre nós, os homens tendem (não digo “são”, mas tendem) a ser melhores que as mulheres em muitas carreiras. Nas que dependem do físico, como os esportes, por exemplo, eles são tão superiores que, por justiça, só competem entre si nas Olimpiadas, enquanto as mulheres igualmente competem com outras mulheres.
Nas que dependem da parte material da civilização, como consertos de ruas, construções de prédios, instalação de eletricidade, canos de água, e manutenção de tudo isso, idem. No campo intelectual, o lado esquerdo do cérebro, o que é responsável pela logica, abstração, e a palavra, é considerado masculino, enquanto o direito, que é ligado `as imagens, emoções, e `a inteligência do coração, é o feminino. Tais classificações não foram inventadas por mim.
No que concerne profissões, acho que as mulheres sempre terão de lutar para ser consideradas como os homens. Mas estes nunca conseguirão dar `a luz, ato que exige paciência, capacidade de resistir `a dor, devoção, tenacidade, anonimato, e amor incondicional. Ato sublime que garante não só a reprodução da espécie, mas a qualidade desta, pois que nada nutre mais os novos seres do planeta do que o amor maternal, o que vem da origem.
O verdadeiro poder feminino é o da matriarca; o que vem da força da maternidade!
A Economia Criativa, Cultura e Tecnologia formam uma tríade essencial para impulsionar o desenvolvimento social, especialmente em países em desenvolvimento, ao gerar emprego, renda e inclusão.
Nesse contexto, a Cedro Rosa Digital, fundada pelo produtor e compositor Antonio Galante, um dos personagens inspiradores da música brasileira, segundo Will Page, ex-CEO da Spotify, tem sido protagonista ao integrar essas áreas em projetos inovadores que valorizam a diversidade cultural e potencializam a economia criativa.
O portal CRIATIVOS!, ativo diariamente há mais de quatro anos, é um exemplo claro desse compromisso. Ele reúne artistas, intelectuais e profissionais de diversas áreas em um espaço de reflexão e divulgação de ideias, fortalecendo redes criativas e dando visibilidade a temas essenciais para a cultura, ciência e economia. Com foco em estimular o diálogo e a criatividade, o portal se tornou uma referência para quem busca compreender as transformações culturais e tecnológicas do mundo atual.
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Além deste festival, outros projetos audiovisuais em produção incluem a série "História da Música Brasileira na Era das Gravações", que traça um panorama da evolução da música nacional desde as primeiras gravações no Brasil, realizadas em 1902, até os dias atuais. Este trabalho oferece um mergulho nas raízes sonoras do país, destacando momentos emblemáticos e sua conexão com transformações sociais. Também está em desenvolvimento o documentário "+40 Anos do Clube do Samba", uma coprodução com a TV Cultura de São Paulo, que celebra a importância histórica do Clube do Samba e sua contribuição para a preservação do gênero.
Outro projeto notável é a série "Partideiros 2", que explora a força criativa de artistas contemporâneos ao mesmo tempo em que resgata as tradições do samba.
Com essa abordagem integrada, a Cedro Rosa Digital reafirma seu compromisso com a união entre economia criativa, cultura e tecnologia. Ao mesmo tempo em que resgata e celebra a história cultural brasileira, a empresa inova ao oferecer ferramentas tecnológicas que democratizam o acesso e garantem a sustentabilidade econômica do setor cultural.
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