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A PRIORIDADE PARA O RIO DE JANEIRO


José Luiz Alquéres

Ao iniciar-se mais um ano, quando também tem início mais um período de mandato nas prefeituras, convém que todos nós, leitores e sobretudo eleitores, paremos três minutos para refletir sobre o futuro da nossa gente, do nosso Estado.


Nossas gerações foram massacradas com uma certa cantilena que o Brasil é um país pobre, incapaz de proporcionar as mínimas condições de qualidade de vida aos seus habitantes. Que isso se devia a uma combinação de fatores históricos vindos da nossa colonização e de uma perversa atitude de alguns países ricos que nos exploravam e nos mantinham, por interesse próprio, nessa condição de miséria.


A nossa classe política esmerou-se em colorir este discurso sempre encontrando razões adicionais para justificar a perpetuação das nossas deploráveis condições atribuindo a culpa a variados fatores e nunca a ela própria. É interessante observar que, embora o discurso venha se mantendo secularmente, a composição da dita classe política tem variado e nos últimos cem anos e  tem progressivamente acolhido na sua composição não apenas os nefandos Barões e Coroneis, mas também sindicalistas, populistas de todas extrações, intelectuais oportunistas, artistas populares e quaisquer pessoas que explorem a sua própria visibilidade - nem sempre adquirida por motivos louváveis.


Esse artigo não é, porém voltado a procurar um diagnóstico do por quê um país tão rico acolhe e produz tanto sofrimento a uma população claramente boa na sua maioria.


A prioridade que nos remete à mais ancestral preocupação dos seres humanos é proporcionar a seus habitantes moradia segura, saudável e decente. Não é algo que podemos continuar transigindo, protelando ou aguardando que financiamentos governamentais possam resolver.


As cidades têm o dever de se repensar não mais em termos de túneis, viadutos, eventos pirotécnicos e outros embustes que distraem a atenção de seus habitantes. Um planejamento urbano, social se impõe. Por planejamento urbano social se entende a urbanização digna e imediata às custas dos governos e de quem tem capacidade de pagar impostos que permitam eliminar os diversos aglomerados urbanos, sub-humanos, desprovidos de condições mínimas de saúde, educação, segurança pública e lazer comunitário.


Orientação focada em investimentos com esta finalidade pode, não só, resolver este problema específico de habitação e urbanismo mas, na sua esteira, promover uma excepcional melhoria na saúde e segurança pública e motivação para o alcance de patamares crescentes de qualidade do nosso sistema educacional.


Ao observador humanístico, o primeiro passo para esta guinada não é a sugestão de ideias ou programas de ação. O que é essencial é menos egoísmo, mais compromisso com o semelhante, intransigência com a corrupção generalizada do meio político que ora se estende para a sociedade.


Temos dez a quinze anos para resolver este problema antes que as novas exigências para que as grandes cidades se tornem sustentáveis venham a agravar e exigir o melhor da capacidade humana para enfrentar os desafios do nosso século.


 

Planejamento Urbano Social e o Papel da Cultura, Economia Criativa e Tecnologia no Desenvolvimento Equânime do Rio de Janeiro


O artigo de José Luiz Alqueres, publicado no portal CRIATIVOS! em 8 de janeiro de 2025, propõe uma visão urgente e humanista do planejamento urbano social: urbanização digna financiada por governos e contribuintes para erradicar aglomerados urbanos sub-humanos. Essa reflexão abre espaço para discutirmos como a cultura, a economia criativa e a tecnologia podem transformar as cidades brasileiras, em especial o Rio de Janeiro, promovendo um desenvolvimento equânime que gere emprego, renda e inclusão social, enquanto elimina a miséria e fomenta o desenvolvimento cultural.


Cultura como Agente Transformador

A cultura é um dos pilares fundamentais para transformar espaços urbanos em territórios de inclusão e criatividade. No Rio de Janeiro, projetos culturais têm o potencial de revitalizar comunidades através da geração de empregos em setores como música, cinema, literatura e artes visuais. Espaços culturais comunitários podem funcionar como catalisadores de desenvolvimento, promovendo o acesso à educação, à formação profissional e ao lazer. A criação de mini-complexos culturais, como os propostos pela Cedro Rosa Digital, é um exemplo concreto de soluções para atender às necessidades das periferias, com infraestrutura adaptável e inclusiva.


Economia Criativa: Um Caminho para a Geração de Riqueza

A economia criativa é responsável por fomentar o empreendedorismo e valorizar talentos locais. No Rio de Janeiro, ela pode integrar diferentes segmentos, como design, gastronomia e audiovisual, para impulsionar a criação de hubs criativos. Esses hubs não apenas geram renda direta para criadores, mas também estimulam cadeias produtivas inteiras. Exemplo disso é o apoio oferecido pela Apex-Brasil para que empresas como a Cedro Rosa Digital participem de feiras internacionais, promovendo produtos culturais locais em mercados globais.


Tecnologia: Acelerador do Desenvolvimento

A tecnologia desempenha um papel essencial ao conectar criadores, comunidades e mercados. Soluções tecnológicas também são cruciais para garantir eficiência em processos urbanos, como mobilidade, saneamento e segurança. No setor cultural, ferramentas como blockchain e inteligência artificial (IA) estão revolucionando a forma como obras artísticas são certificadas e distribuídas.


A Cedro Rosa Digital, através do sistema CERTIFICA SOM, é um exemplo prático de como a tecnologia pode transformar o mercado musical. Desenvolvido em parceria com a Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), uma das líderes em patentes no Brasil, o CERTIFICA SOM utiliza IA e blockchain para registrar, com precisão, dados técnicos de obras musicais, como compositores, intérpretes e produtores. Essa iniciativa assegura direitos autorais, royalties justos e transparência para criadores de todo o mundo.


Apoios e Resultados

O sistema CERTIFICA SOM conta com apoio de instituições como EMBRAPII, SEBRAE e Ministério da Ciência e Tecnologia, que fornecem recursos para pesquisa e desenvolvimento. A Cedro Rosa também participa de simpósios internacionais na China, Dubai e Havana, promovendo sua plataforma em eventos globais com suporte da Apex-Brasil. Esse esforço tem gerado resultados significativos: milhares de músicas certificadas e licenciadas, rendendo royalties a artistas independentes e atraindo o interesse de indústrias como publicidade, cinema e jogos.


A combinação de cultura, economia criativa e tecnologia apresenta uma solução holística para os desafios do planejamento urbano social. No Rio de Janeiro, iniciativas como as da Cedro Rosa Digital demonstram que é possível transformar realidades através de modelos sustentáveis e inclusivos. Para tanto, é essencial que governos, empresas e sociedade civil trabalhem juntos, investindo em ideias que não apenas promovam crescimento econômico, mas também garantam dignidade e oportunidade para todos.

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