AMIGOS
O lobby dos amigos era radical. O - mau - costume cultivado desde os tempos da faculdade se mantinha. E já se iam muitos anos desde que o último pegara o diploma do curso de graduação. Ainda eram calouros quando a Joyce e o Edu começaram a namorar, a partir do incentivo dos outros, sempre interessados em juntar quem considerassem complementar.
Todo mundo sabia que, no fim, essa era uma escolha individual e intransferível, mas naquele universo pós-adolescente de hormônios à flor da pele, não se pensava nisso. O importante mesmo era aproveitar as oportunidades, ainda que nem sempre o resultado fosse bom.
Ninguém tava preocupado em construir futuro ou coisas caretas do tipo. A ideia era namorar e aproveitar que tinham saído, depois de tanto tempo, do controle direto da família.
Cresceram e tornaram-se gente relativamente importante, como costuma acontecer entre os que se graduam nos cursos de elite das universidades mais conceituadas. Era o caso. Empresários, juízes, membros do ministério público, autoridades públicas. O que não perderam foi a mania quase adolescente de arrumar par pros outros. Respeitando preferências, claro. A Milly, por exemplo, desde sempre deixou claro que preferia meninas. E nunca houve qualquer objeção ou questionamento a isso, ainda que ela, nem de longe, deixasse de ser quase um estereótipo de menininha. Jamais apresentara trejeitos masculinos ou o desejo de parecer homem. Era orgulhosamente meiga e feminina e preferia outras mulheres.
O Clécio, por sua vez, era gay e não permitia que ninguém jamais duvidasse disso. Sofreu muito preconceito, mas era orgulhoso de si e dos amigos que tinha conquistado inclusive por sua autenticidade. A maioria era hétero, mas nada ostensivo. Eram amigos e isso era o que efetivamente importava. A Maggie era a mais tímida da turma. Boa aluna, organizada e quase silenciosa, era entusiasta da brincadeira. Talvez em causa própria, visto que não se sentia muito à vontade em aproximações desde adolescente mesmo.
Servidora da justica, trabalhava com um desembargador, redigia seus votos e documentos em geral e tinha a certeza de que aquele era o seu lugar, sem muito contato ou exposição. Uma sustentação oral seria desesperadora. Timidez quase doentia. Seus momentos de extroversão eram, desde a faculdade, os que passava com o grupo de amigos. Certa ocasião, num daquelesalinhamentos planetários que criam feriados de cinco dias seguidos, marcaram um encontrão. A maioria tinha seus pares já estabelecidos, casamentos tradicionais ou não, relacionamentos abertos, efêmeros, alguém que estivesse pegando naquele momento oucoisa assim. Mas havia quem estivesse sozinho. E entre os momentaneamente solteiros estavam exatamente a Milly, o Clécio e a Maggie!
A cidade de praia estava surpreendentemente menos lotada que o previsto, depois doanúncio da possibilidade de chuvas. A casa que alugaram, em frente ao mar, era das mais impressionantes da região, conseguida graças aos contatos importantes de alguns deles. O aluguel era alto, mas a divisão tornou o valor interessante. Não cozinhariam. Só o café da manhã em casa e as outras refeições nos bares e restaurantes em volta. Tudo combinado. Não haveria problemas. Nunca houve e já tinham feito coisa parecida mil vezes.
Não se sabe ao certo quem descobriu o primeiro candidato para o Clécio. Mas o cara, além de interessante e gay, elementos fundamentais, parecia inteligente e bem resolvido, digamos, financeiramente. Essa nem era a maior preocupação do pessoal. O Clécio sabia se defender e não era presa fácil pra golpistas. Aceitou o desafio e saiu pra jantar com parte da galera onde sabiam que estaria o “indicado”. Não ficou muito. O bonitão usava um boné camuflado com uma discreta referência ao governo de 2019-2022. O Clécio chamou um dos amigos lá fora e fez sua observação:
- Bicha reaça não dá, né?
Com a falha na missão, o grupo resolveu, no segundo dia de praia, pensar na Milly. Mas nem precisou. Foi ela quem chegou em casa junto com a Betty, contando a história engraçada que aproximou as duas.
A Betty se impressionou com a beleza da Milly, deixou as duas filhas adolescentes na areia e fingiu afogamento pra forçar uma aproximação. Mas se enrolou e acabou engolindo água de verdade num trecho muito raso da praia, o que provocou uma crise de riso na Milly. Explicada a situação, as duas se entenderam logo. Eram da mesma área em universidades diferentes. Diferente da Milly, a Betty já tinha sido casada e trazia as filhas com ela. Era como se a Betty fosse amiga de todos há muito tempo. Ainda era a hora do almoço e a Milly já estava “bem encaminhada”, na lógica daquele pessoal amigo, mas de hábitos estranhos.
Com a Maggie a coisa foi bem menos tranquila. Como a timidez sempre a acompanhava fora da casa, a Maggie jamais abordaria alguém na praia ou na rua. Todos sabiam disso. Seria preciso criar condições muito especiais, além de encontrar alguém que não a constrangesse com perguntas fora de hora ou inadequadas. Ninguém tinha certeza se a Maggie já tinha efetivamente tido algum relacionamento, mesmo efêmero. Não por falta de pretendentes, mas por falta de interesse e excesso de timidez da parte dela. Riam imaginando a Maggie tirando a roupa, ela que não se despia nem diante das amigas.
Ainda assim, diante das dificuldades impostas, todos saíram a campo, de olhos em eventuais pretendentes pra amiga envergonhada. Ela, tímida mas esperta, ficou de casa olhando pela janela do segundo andar a movimentação dos amigos. Viu algumas abordagens, gostou de uma coisa ou outra que viu e imaginou-se, à noite, tendo que fazer sala e descobrir – ou não! – interesses em comum com um eventual desconhecido.
E foi isso que a apavorou !!!
Fez a mala e saiu antes que todos voltassem da prospecção.
O pessoal voltou de mãos vazias, sem encontrar alguém que correspondesse ao perfil da Maggie e já não a encontrou. Dizem que explicou a situação num bilhete escrito com a mão tremula.
Dizem também que, no ônibus, voltando pra casa, conheceu uma pessoa muito interessante. Chegou a ligar pra contar.
A expectativa é muito grande. Há quem já queira também fazer as malas e voltar pra ver!!
E o estranho costume deve finalmente entrar em declínio.
Mania feia!!
Rio de Janeiro, janeiro de 2025
Certifica Som: Tecnologia para Transformar a Música Global
"A tecnologia deve estar a serviço do desenvolvimento e da geração de emprego, renda e inclusão, não o contrário", declara Antonio Galante
A Cedro Rosa Digital, plataforma pioneira na certificação e distribuição musical, está desenvolvendo um ambicioso projeto chamado Certifica Som. A iniciativa, em parceria com a Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), conta com apoio de instituições como EMBRAPII e SEBRAE, e reúne um time de doutores, pesquisadores e desenvolvedores de alto nível. O objetivo é claro: utilizar tecnologias como inteligência artificial e blockchain para certificar milhões de obras e gravações, beneficiando milhares de artistas em todo o mundo.
"A tecnologia deve estar a serviço do desenvolvimento e da geração de emprego, renda e inclusão, não o contrário", afirma Antonio Galante, produtor cultural e compositor conhecido no meio musical como Tuninho Galante.
Playlist de Música Popular, escute grandes nomes na Cedro Rosa.
Com décadas de experiência na defesa dos direitos autorais, Galante destaca um dado alarmante: entre 10% e 15% dos direitos autorais globais deixam de ser pagos devido à falta de certificação adequada das obras e gravações.
Esse problema, chamado por especialistas de "gap de certificação", gera prejuízos bilionários para a indústria musical e seus criadores. Estima-se que, apenas em 2023, mais de US$ 2 bilhões tenham ficado retidos em sociedades de arrecadação ou distribuídos incorretamente, afetando principalmente artistas independentes e pequenos produtores.
O Certifica Som busca preencher essa lacuna ao criar um sistema que documenta de forma precisa a autoria, os intérpretes e a ficha técnica das músicas. Através da tecnologia blockchain, o projeto garante um registro imutável e rastreável, essencial para a distribuição justa de royalties. Além disso, a inteligência artificial facilita a análise de grandes volumes de dados, acelerando o processo de certificação.
Crescimento Global e Inclusão
A Cedro Rosa Digital já representa artistas de cinco continentes, com um repertório que reflete a diversidade cultural do mundo. "Nosso objetivo é criar um ambiente onde todos, desde grandes produtores até músicos independentes, tenham oportunidades iguais de monetizar seus trabalhos", explica Galante.
Com sua expansão acelerada, a plataforma também fortalece o soft power brasileiro, destacando a riqueza cultural do país no cenário global. “Estamos transformando a maneira como a música é certificada e consumida, garantindo que mais pessoas possam viver de sua arte e que os direitos autorais sejam respeitados em escala internacional”, conclui o fundador.
O projeto Certifica Som é mais do que uma solução tecnológica; é um passo decisivo para democratizar o acesso a direitos autorais e tornar o mercado musical mais inclusivo e sustentável. Com iniciativas como essa, a Cedro Rosa Digital se consolida como líder em inovação no setor e defensora incansável dos criadores de música em todo o mundo.
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