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AMIGOS

Foto do escritor: Leo VianaLeo Viana


O lobby dos amigos era radical. O - mau - costume cultivado desde os tempos da faculdade se mantinha. E já se iam muitos anos desde que o último pegara o diploma do curso de graduação. Ainda eram calouros quando a Joyce e o Edu começaram a namorar, a partir do incentivo dos outros, sempre interessados em juntar quem considerassem complementar.


Todo mundo sabia que, no fim, essa era uma escolha individual e intransferível, mas naquele universo pós-adolescente de hormônios à flor da pele, não se pensava nisso. O importante mesmo era aproveitar as oportunidades, ainda que nem sempre o resultado fosse bom.


Ninguém tava preocupado em construir futuro ou coisas caretas do tipo. A ideia era namorar e aproveitar que tinham saído, depois de tanto tempo, do controle direto da família.


Cresceram e tornaram-se gente relativamente importante, como costuma acontecer entre os que se graduam nos cursos de elite das universidades mais conceituadas. Era o caso. Empresários, juízes, membros do ministério público, autoridades públicas. O que não perderam foi a mania quase adolescente de arrumar par pros outros. Respeitando preferências, claro. A Milly, por exemplo, desde sempre deixou claro que preferia meninas. E nunca houve qualquer objeção ou questionamento a isso, ainda que ela, nem de longe, deixasse de ser quase um estereótipo de menininha. Jamais apresentara trejeitos masculinos ou o desejo de parecer homem. Era orgulhosamente meiga e feminina e preferia outras mulheres.


O Clécio, por sua vez, era gay e não permitia que ninguém jamais duvidasse disso. Sofreu muito preconceito, mas era orgulhoso de si e dos amigos que tinha conquistado inclusive por sua autenticidade. A maioria era hétero, mas nada ostensivo. Eram amigos e isso era o que efetivamente importava. A Maggie era a mais tímida da turma. Boa aluna, organizada e quase silenciosa, era entusiasta da brincadeira. Talvez em causa própria, visto que não se sentia muito à vontade em aproximações desde adolescente mesmo.


 Servidora da justica, trabalhava com um desembargador, redigia seus votos e documentos em geral e tinha a certeza de que aquele era o seu lugar, sem muito contato ou exposição. Uma sustentação oral seria desesperadora. Timidez quase doentia. Seus momentos de extroversão eram, desde a faculdade, os que passava com o grupo de amigos. Certa ocasião, num daquelesalinhamentos planetários que criam feriados de cinco dias seguidos, marcaram um encontrão. A maioria tinha seus pares já estabelecidos, casamentos tradicionais ou não, relacionamentos abertos, efêmeros, alguém que estivesse pegando naquele momento oucoisa assim. Mas havia quem estivesse sozinho. E entre os momentaneamente solteiros estavam exatamente a Milly, o Clécio e a Maggie!


A cidade de praia estava surpreendentemente menos lotada que o previsto, depois doanúncio da possibilidade de chuvas. A casa que alugaram, em frente ao mar, era das mais impressionantes da região, conseguida graças aos contatos importantes de alguns deles. O aluguel era alto, mas a divisão tornou o valor interessante. Não cozinhariam. Só o café da manhã em casa e as outras refeições nos bares e restaurantes em volta. Tudo combinado. Não haveria problemas. Nunca houve e já tinham feito coisa parecida mil vezes.


Não se sabe ao certo quem descobriu o primeiro candidato para o Clécio. Mas o cara, além de interessante e gay, elementos fundamentais, parecia inteligente e bem resolvido, digamos, financeiramente. Essa nem era a maior preocupação do pessoal. O Clécio sabia se defender e não era presa fácil pra golpistas. Aceitou o desafio e saiu pra jantar com parte da galera onde sabiam que estaria o “indicado”. Não ficou muito. O bonitão usava um boné camuflado com uma discreta referência ao governo de 2019-2022. O Clécio chamou um dos amigos lá fora e fez sua observação: 


- Bicha reaça não dá, né?


Com a falha na missão, o grupo resolveu, no segundo dia de praia, pensar na Milly. Mas nem precisou. Foi ela quem chegou em casa junto com a Betty, contando a história engraçada que aproximou as duas. 


A Betty se impressionou com a beleza da Milly, deixou as duas filhas adolescentes na areia e fingiu afogamento pra forçar uma aproximação. Mas se enrolou e acabou engolindo água de verdade num trecho muito raso da praia, o que provocou uma crise de riso na Milly. Explicada a situação, as duas se entenderam logo. Eram da mesma área em universidades diferentes. Diferente da Milly, a Betty já tinha sido casada e trazia as filhas com ela. Era como se a Betty fosse amiga de todos há muito tempo. Ainda era a hora do almoço e a Milly já estava “bem encaminhada”, na lógica daquele pessoal amigo, mas de hábitos estranhos. 


Com a Maggie a coisa foi bem menos tranquila. Como a timidez sempre a acompanhava fora da casa, a Maggie jamais abordaria alguém na praia ou na rua. Todos sabiam disso. Seria preciso criar condições muito especiais, além de encontrar alguém que não a constrangesse com perguntas fora de hora ou inadequadas. Ninguém tinha certeza se a Maggie já tinha efetivamente tido algum relacionamento, mesmo efêmero. Não por falta de pretendentes, mas por falta de interesse e excesso de timidez da parte dela. Riam imaginando a Maggie tirando a roupa, ela que não se despia nem diante das amigas.


Ainda assim, diante das dificuldades impostas, todos saíram a campo, de olhos em eventuais pretendentes pra amiga envergonhada. Ela, tímida mas esperta, ficou de casa olhando pela janela do segundo andar a movimentação dos amigos. Viu algumas abordagens, gostou de uma coisa ou outra que viu e imaginou-se, à noite, tendo que fazer sala e descobrir – ou não! – interesses em comum com um eventual desconhecido. 


E foi isso que a apavorou !!! 


Fez a mala e saiu antes que todos voltassem da prospecção. 


O pessoal voltou de mãos vazias, sem encontrar alguém que correspondesse ao perfil da Maggie e já não a encontrou. Dizem que explicou a situação num bilhete escrito com a mão tremula.


Dizem também que, no ônibus, voltando pra casa, conheceu uma pessoa muito interessante. Chegou a ligar pra contar.


A expectativa é muito grande. Há quem já queira também fazer as malas e voltar pra ver!!

E o estranho costume deve finalmente entrar em declínio.


Mania feia!!

 

Rio de Janeiro, janeiro de 2025


 


 

Certifica Som: Tecnologia para Transformar a Música Global

"A tecnologia deve estar a serviço do desenvolvimento e da geração de emprego, renda e inclusão, não o contrário", declara Antonio Galante



A Cedro Rosa Digital, plataforma pioneira na certificação e distribuição musical, está desenvolvendo um ambicioso projeto chamado Certifica Som. A iniciativa, em parceria com a Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), conta com apoio de instituições como EMBRAPII e SEBRAE, e reúne um time de doutores, pesquisadores e desenvolvedores de alto nível. O objetivo é claro: utilizar tecnologias como inteligência artificial e blockchain para certificar milhões de obras e gravações, beneficiando milhares de artistas em todo o mundo.


"A tecnologia deve estar a serviço do desenvolvimento e da geração de emprego, renda e inclusão, não o contrário", afirma Antonio Galante, produtor cultural e compositor conhecido no meio musical como Tuninho Galante.



Playlist de Música Popular, escute grandes nomes na Cedro Rosa.

Gisa Nogueira e grandes artistas brasileiros.


Com décadas de experiência na defesa dos direitos autorais, Galante destaca um dado alarmante: entre 10% e 15% dos direitos autorais globais deixam de ser pagos devido à falta de certificação adequada das obras e gravações.



Esse problema, chamado por especialistas de "gap de certificação", gera prejuízos bilionários para a indústria musical e seus criadores. Estima-se que, apenas em 2023, mais de US$ 2 bilhões tenham ficado retidos em sociedades de arrecadação ou distribuídos incorretamente, afetando principalmente artistas independentes e pequenos produtores.


O Certifica Som busca preencher essa lacuna ao criar um sistema que documenta de forma precisa a autoria, os intérpretes e a ficha técnica das músicas. Através da tecnologia blockchain, o projeto garante um registro imutável e rastreável, essencial para a distribuição justa de royalties. Além disso, a inteligência artificial facilita a análise de grandes volumes de dados, acelerando o processo de certificação.


Crescimento Global e Inclusão

A Cedro Rosa Digital já representa artistas de cinco continentes, com um repertório que reflete a diversidade cultural do mundo. "Nosso objetivo é criar um ambiente onde todos, desde grandes produtores até músicos independentes, tenham oportunidades iguais de monetizar seus trabalhos", explica Galante.


Com sua expansão acelerada, a plataforma também fortalece o soft power brasileiro, destacando a riqueza cultural do país no cenário global. “Estamos transformando a maneira como a música é certificada e consumida, garantindo que mais pessoas possam viver de sua arte e que os direitos autorais sejam respeitados em escala internacional”, conclui o fundador.


O projeto Certifica Som é mais do que uma solução tecnológica; é um passo decisivo para democratizar o acesso a direitos autorais e tornar o mercado musical mais inclusivo e sustentável. Com iniciativas como essa, a Cedro Rosa Digital se consolida como líder em inovação no setor e defensora incansável dos criadores de música em todo o mundo.

         

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