top of page

ARMANDO MANZANERO E A MÁQUINA DO TEMPO



Pedro chegou no boteco visivelmente incomodado. Primeiro pediu um chopp e depois cumprimentou, a contragosto, o pessoal que já tinha assinado o cartão de frequência na birosca.

- Que ouve rapaz? Pergunto Jr. interrompendo seu monólogo sobre as qualidades do Flamengo.


- Tenho uma incompatibilidade qualquer com manual.

- Manoel? O da padaria?

- Manual, Jr. Presta atenção pra tu entender. Pedro soltou o verbo:

-  Sei que todo manual traz explicações detalhadas sobre o modo de usar, montar, instalar qualquer produto ou equipamento. Mas, justamente, parece que está aí o meu problema. Fico embaralhado nos detalhes, no lugar de achar o caminho correto, fico perdido. Nem que tivesse dado um dois, fico travado, desorientado, cada vez que tenho que lidar com algum manual de instrução. Clara e concisamente: há uma incompatibilidade absoluta entre qualquer Manoel e minha pessoa.

- Depois tu pede pra prestar atenção. Manoel ou manual?

- Pô, se não consegue ajudar, vê se não atrapalha, Jr.


Ricardo, que já estava no quarto chopp e até então só tinha falado boa tarde, meteu o bedelho na questão:

- Manual Jr. Li em algum lugar que manuais são documentos universais que podem ser entendidos por pessoas comuns. E, como vocês devem saber, comum é alguém que não tem nada de especial ou extraordinário.

- Vai ver que é isso, falou Jr.

- Isso o que?

- Isso meu brother. Pedro não é uma pessoa comum! Fez filosofia e torce pelo Vasco da Gama.


Ricardo, frequentador do General Severiano desde criança, não perdeu a oportunidade:

- Torcedor do Vasco precisa mesmo comprar manual de autoajuda.

– Ajude Lair Ribeiro a sair do miserê.


Pedro pegou a deixa e recuperou parte da autoestima:

 - Só se for o livro do Brené Brown, meu brother, A arte da Imperfeição. Mesmo assim fica difícil. Está claro que cada dia há mais prateleiras nas livrarias dedicadas a esse gênero literário. Deve ser por isso que cada dia afundamos um pouco mais. Entre os dizimistas, os Big Brother da vida e nossas câmaras municipais, estaduais e federais a civilização vai que nem caranguejo, regredindo.

- Tudo normal que nem o Pedro!

- Oi?

- Vocês tiveram o privilégio de ler a bio do Pedrinho no Instagram?

- Comédia!

- Pois é, tá lá com todas as letras. Se apresenta como uma pessoa normal e elenca seus gostos e preferências.

- Olhem o texto da bio do cara normal? A história do manual está lá e está no perfil do Tinder. Vê se pode? Saca só! Tem entroito, desenvolvimento e conclusão:

“Detesto manual. Em compensação, gosto de uma infinidade de coisas.  Para evitar possíveis constrangimentos com eventuais interlocutoras, gosto de deixar isso muito claro. Curto canto orfeônico e harpa; gosto de ler Camões, algumas páginas de Os Lusíadas, me ajudam a driblar a insônia; caminho na orla de Copacabana sábados e domingos à tarde e, para deixar claro meu gosto pela cultural popular, assisto Faustão e Hulk na Globo. Fico por aqui, não quero me estender na descrição dos meus gostos pois, como diz a sabedoria popular espanhola, “Para muestra, un botón sirve”. 


Maria Clara, uma moça bonita de olhar agateado, fez comunicação na UFF e tem muita intimidade com o copo. É chegada a uma caipirinha sem açúcar, para não perder a linha e faz cara de paisagem quando alguém pergunta:

- Clarinha querida, tu pegou o Alceu?

Clarinha, ficou pasma com o texto da bio do Pedro, mas foi clara:

- Pedrinho, meu querido, com esse perfil tu não come ninguém! Ou come?

- Porra meu! Alguém tem que ser honesto neste mundo! Acho até que devo trocar minha foto de perfil Clarinha.

- Junior, perguntou Clarinha, tu não achas que o fundo do Real Gabinete Português de Leitura na foto do perfil do gajo o favorece?

- Nem português, nem inglês, nem o escambau. Acho que o cara tá de perfil baixo, não rolou like, não rolou crush, precisa tomar alguma providência. Posso te dar um conselho? Coloca uma foto minha que tu sai do zero!

- Vai tomar no rabo!

- Estou é com problemas de conexão! Vou reclamar na Claro, Clarinha!

-Pode ser mermão! Se liga! Mas, primeiro, explica a história do Manoel.  

- Vou te contar...

- Porra não me venhas com Tom Jobim agora...

- A lembrança do Antonio Brasileiro deu vontade de saciar minha sede...

- Agepê Pedrinho? Me poupe!

 - Sacaneia não. Perai que eu conto e apontou o indicador para uma garrafa de cachaça mineira na prateleira. Ô, do balcão, capricha na dose ai!


Os dois, ele e o santo, molharam o bico e a explicação começou:

-Tenho um relógio na mesa de cabeceira que cada dia atrasa e não consigo acertar.

Como diz o deitado:

- Relógio que atrasa, não adianta!

- É por ai...  


Comprei o medidor do tempo num sábado pré-carnaval. Não podia perder o desfile do Céu na Terra! Com a ideia fixa na cabeça sai a procura de um relógio digital de pilha.

- Pra quê? Vocês podem perguntar.

 - Pra que um relógio em tempos de smartfone? Pois bem, lá fui eu as compras. Na loja, percebi que o relógio iria causar problemas quando pedi ao vendedor para dar uma olhadinha no produto. O fato é que relógio que não mexia com meu bolso, mexeu com meu coração. Não sei se era a coisas como essas que Blaise Pascal se referia quando falou que “o coração tem razões que a própria razão desconhece”. 


Muito bem, olhei de um lado, olhei do outro e resolvi comprar.  Lembro de ter pedido gentilmente ao vendedor que me ensinasse o funcionamento do aparelho.

O coreano que atendia, com jeito de dono da loja, abriu a caixa, tirou o relógio, abriu o manual de instrução e, antes de começar a ler, falou sorridente:

- Fácil, fácil.


Ato seguido, dobrou a folha, a guardou novamente na caixa e começou a mexer nos cinco botões do relógio: Mode-Set-Up-Down-Timer e S/C. Levou uma eternidade pra acertar as horas.


- Irmão, irmão, quando o universo dá sinais você tem que pegar na hora. Não prestou atenção aos astros? Sifu!

- Pois é, o China me entregou o produto com um sorriso amarelo que impediu que eu fosse a procura de um outro mais simples.  No segundo dia tive um pesadelo, dei uma porrada no relógio que tinha colocado na mesa de cabeceira, o bicho caiu, as pilhas foram cada uma pra um lado e fiquei meses sem conseguir acertar as horas.


Ricardo, que tinha feito aulas de dança de salão com a mestra Antonieta e se amarrava num bolero não perdeu a oportunidade:

- Sabem como chama o relógio do Pedro? Armando Manzanero!

- Falou e disse, afirmou Luis, que acompanhava a história mantendo prudencial silêncio.


Luisinho, no fim dos 70 era iniciado em ácido. O consumo de ganja era e continua diário. Vez em quando incursionava no mato. Voltava com cogumelos. Foi ai que tomou gosto pela culinária. Numa oportunidade tomou um LSD. Como não sentiu nada na primeira meia hora, achou que não tinha batido e tomou um segundo. Desde então ficou travado nas gírias dos anos de 1970.  Lá vai ele alternando um “falou bicho; deixa de grilo; saca? manja? Luisinho deu um gole e cravou:


- Tai, na mosca, Manzanero, o mexicano que cantava “Reloj, no marques las horas” Podés crer!  Falou tudo!

- Gostei do batizado! Quer dizer, falou Pedro, que levei meses convivendo com Manzanero desregulado. Não há de ser nada não.  Depois de muito pensar e de manusear inutilmente os botões (Mode-Set-Up-Down-Timer e S/C) vi uma luz no fim do túnel. Eu que achava que o lado esquerdo do cérebro não funcionava a contento, tive um lampejo e percebi que ainda conseguia gerenciar informações lógicas e realizar o processamento serial de informações. O que percebi? Que cada vez que colocava as pilhas o mostrador marcava as 12.

- O que é que eu fiz? Pega a visão:

- Tirei as pilhas do relógio, sentei a frente do meu laptop e, com o meu smartphone ligado, esperei pacientemente dar meio-dia. Quando o 12:00 apareceu simultaneamente em ambas as telas, coloquei as pilhas e Splish splash! A luz se fez!  Agora, sem necessidade da leitura do manual, o relógio está perfeitamente coordenado com o resto dos aparelhos.

- Se resolveu a parada por que essa cara de Quarta-Feira de Cinzas?

- Porra meu, fiquei feliz da vida, mas, nem tudo são flores.  Para comemorar, tomei uns goros, almocei e dei uma boa cochilada.

- Final feliz então!

- Que nada! Sonhei pra cacete. Sigmund faria a festa comigo! Virei pro lado, virei pro outro, esbarrei no relógio novamente e, novamente, tudo pro chão.


Vou ter que esperar até amanhã ao meio-dia pra acertar as horas!  


 

Cedro Rosa Digital: Inovação através de pequenos patrocínios em massa, com desconto no Imposto de Renda



COMO APOIAR!

( qualquer valor )


Depósito direto na Conta do Projeto + 40 ANOS DO CLUBE DO SAMBA

Banco do Brasil - Banco: 001 - agência: 0287-9

conta corrente: 54047-1

PLAY PARTICIPAÇÕES E COMUNICAÇÕES LTDA - CEDRO ROSA

CNPJ: 07.855.726/0001-55


Conta OFICIAL verificada pela ANCINE.

Informe pela e-mail os dados e comprovante de deposito, para emissão do recibo


 

ARTE DO POVO, PARA O POVO E COM O POVO



A Cedro Rosa Digital, uma plataforma brasileira dedicada à certificação e distribuição de obras musicais, tem inovado ao utilizar os mecanismos dos Artigos 1-A e 3-A da Lei de Incentivo à Cultura para promover pequenos patrocínios em massa. Essa estratégia tem permitido o financiamento de importantes projetos culturais, como:

  • +40 Anos do Clube do Samba: Um documentário que celebra o legado do Clube do Samba, uma das instituições mais importantes na promoção do gênero musical no Brasil.

  • A História da Música Brasileira na Era das Gravações: Uma mini-série que explora a evolução da música brasileira desde os primeiros registros fonográficos até a era digital.

  • Partideiros 2: Um longa-metragem que dá continuidade ao aclamado "Partideiros", destacando grandes nomes do samba e suas histórias.


 

Incentivos Fiscais: Uma Ferramenta Global de Fomento à Cultura e Entretenimento


Em todo o mundo, países utilizam leis de incentivos fiscais como uma ferramenta poderosa para fomentar a produção cultural, cinematográfica e televisiva. Essas políticas têm se mostrado eficazes não apenas para apoiar artistas e produtores locais, mas também para atrair grandes produções internacionais, gerando emprego e renda, além de promover o turismo cultural.


Exemplos de países líderes em incentivos fiscais culturais


Estados Unidos: Nos EUA, diversos estados competem para atrair produções oferecendo generosos incentivos fiscais. A Califórnia e a Geórgia são exemplos notáveis, com créditos fiscais que podem chegar a 30% dos custos de produção. Isso tem atraído grandes produções de Hollywood, como séries da Netflix e filmes da Marvel.


Reino Unido: O Reino Unido também é um grande player no campo dos incentivos fiscais. Oferece até 25% de reembolso nos custos de produção, o que tem atraído produções icônicas como a série "Game of Thrones" e filmes da franquia "James Bond".


Canadá: O Canadá é conhecido por suas políticas favoráveis, com créditos fiscais federais e provinciais que podem totalizar até 45% dos custos de produção. Toronto e Vancouver são destinos populares para produções americanas.


França: A França oferece um crédito fiscal de 30% para produções estrangeiras, incentivando a filmagem de produções internacionais no país. Este incentivo tem sido um fator crucial na decisão de filmar grandes produções em cenários icônicos franceses.


Como participar

Participar do financiamento desses projetos é simples e acessível a todos. Empresas e indivíduos podem destinar parte de seus impostos devidos para apoiar a produção cultural através dos mecanismos dos Artigos 1-A e 3-A. Esses artigos permitem que uma parte do Imposto de Renda devido seja direcionada a projetos culturais aprovados, proporcionando uma forma de apoio financeiro sem aumento de custos para os patrocinadores.


Para mais informações sobre como participar e contribuir para o desenvolvimento da cultura brasileira através da Cedro Rosa Digital, visite Cedro Rosa Digital.


A utilização de incentivos fiscais para a cultura é uma prática global que tem mostrado resultados positivos tanto para a economia quanto para a preservação e promoção das artes. A inovação da Cedro Rosa Digital em promover pequenos patrocínios em massa é um exemplo inspirador de como essas políticas podem ser utilizadas de maneira criativa e eficaz.


Referências:

  1. Tax Credits for Filming in California

  2. UK Film Tax Relief

  3. Canadian Film or Video Production Tax Credit

  4. France’s Tax Rebate for International Production


Essa matéria apresenta uma visão abrangente de como os incentivos fiscais têm sido usados globalmente para promover a cultura, com um foco especial na inovação da Cedro Rosa Digital no Brasil.


 

 

0 comentário

Comments


+ Confira também

destaques

Essa Semana

bottom of page