Arte Bizantina, parte 4, final
Península Balcânica e Ilhas Gregas
Durante o período bizantino, Tessalônica assumiu uma posição de comando entre as cidades dos Bálcãs, da Itália bizantina, da Grécia e das ilhas.
Até o século XI, são poucos os ícones portáteis conhecidos, sendo que, até então, havia muitos baixos-relevos em mármore.
Mais ícones portáteis sobreviveram a partir do século XII. Isso pode estar relacionado com o desenvolvimento do templon, que criava uma necessidade da criação de ícones do novo tipo.
Há um número muito maior de ícones preservados do século XIII, sendo a maioria de pinturas murais. Nessa época surgem pinturas assinadas por artistas, sendo os mais importantes, Miguel Astrapas e Eutychios
A partir do século XIV, a pintura se volta um pouco para os modelos clássicos, com figuras mais leves e elegantes.
Sérvia
A importância da construção de lugares de culto se deve muito ao monge Sava do Monte Athos. A partir de meados do século XIII, passam a existir grupos de pintores trabalhando em conjunto soberania a supervisão do mesmo mestre.
Alguns exemplos destes são o Nascimento de Cristo, o Batismo de Cristo, a Descida ao Limbo e a Apresentação da Virgem no Templo. (igreja de Chilandri)
Os pintores da corte seguiam as normas de Constantinopla, enquanto que outros menos conhecidos satisfaziam a vontade dos senhores feudais. O pintor dos afrescos na Igreja Branca em Karan era um homem local, que não tivera oportunidade de ter uma instrução clássica. Por desejo duma freira, o culto da Virgem das Três Mãos (Tricheiroussa) foi perpetuado.
Nessa época floresceu a cidade de Prizren como um centro artístico. O melhor artista de lá (anônimo) executou um pequeno ícone que tem dum lado a Anunciação e do outro o Encontro de Joaquim e Ana.
Creta
Lugar privilegiado, pois estava soberania o jugo de Veneza. Os venezianos ofereciam igualdade econômica e profissional aos seus súditos, o que permitiu que estes preservassem suas tradições, resultando no florescimento das artes especialmente em Heraklion (Candia).
Em Creta a pintura religiosa se desenvolveu duma maneira mais “independente”. Os artistas organizaram-se numa guilda (Scuola di San Luca) e recebiam muitas encomendas de ícones de viajantes, de bispos católicos de territórios gregos ocupados por Veneza (Náuplia), de mosteiros ortodoxos (Sinai e Patmos); de nobres gregos e venezianos. Dedicaram-se quase exclusivamente à pintura de ícones portáteis, praticamente abandonando a pintura mural. Andreas Ritzos é famoso pelo seu ícone da Virgem da Paixão ( do iconóstasis do Mosteiro de São João o Teólogo em Patmos ).
Do último período de Creta ( antes de sua conquista pelos turcos em 1669 ), temos como expressão Emmanuel Tzanes, que pintava grandes ícones como Sant’Ana e a Virgem.
Rússia
Em fins do século X, o príncipe Vladimir de Kiev foi batizado e estabeleceu o Cristianismo do rito bizantino como religião oficial. O ritual suntuoso da Igreja Ortodoxa foi introduzido na Antiga Rússia, assim como os ícones.
Os ícones não foram introduzidos de imediato na Rússia. No início, as paredes e pilares das igrejas eram cobertos de afrescos e mosaicos. Os primeiros ícones a chegarem à Rússia vieram da esfera cultural de Bizâncio, sendo o mais antigo e famoso deles Nossa Senhora de Vladimir. Neste magnífico trabalho do século XII, está inclusa uma coisa profundamente terna que é o Amor da Mãe de Deus pelo seu Filho.
O primeiro artista conhecido de Kiev conhecido é Andrei Bogolyubski.
A segunda cidade russa em importância nesse período era Novgorod, que ficava na rota comercial entre os nórdicos e os gregos, por onde passavam soldados do norte para Constantinopla. Desse período é famosa a Anunciação de Ustyng (século XII). Os ícones da escola de Novgorod se distinguem por uma organização lúcida e quase racional de longos esquemas iconográficos, por meio de cores brilhantes e transparentes, dum naturalismo que evita a formalidade exagerada. Tais pintores rejeitavam a caverna mística da arte bizantina, com a sua luz subentendida e indireta em favor do brilho e da espontaneidade natural duma sensibilidade religiosa direta. Um desses melhores exemplos é a Virgem do Perpétuo Socorro (“Pokrov”).
Enquanto os príncipes de Kiev sucumbiam soberania o jugo mongol no século XIII; os príncipes de Moscou começaram a adquirir notoriedade. A igreja então desempenhou um grande esforço nacionalista contra os constantes ataques tártaros e os ícones passaram um papel importante. Havia um esforço de conciliação das aspirações populares com as dos príncipes. Dois filhos do Príncipe Vladimir de Kiev, Boris e Gleb, assassinados em 1015 durante uma guerra feudal foram logo canonizados como os santos patronos e garantidores da “unidade do país russo”.
Em 1380 surgiu a lenda de que um ícone de Nossa Senhora enviado ao acampamento pelos cossacos do Don trouxera uma vitória sobre os tártaros. Esse ícone ficou sendo conhecido como Nossa Senhora do Don, que mais tarde passou a acompanhar os príncipes e tzares em suas campanhas, entre eles Ivã, o Terrível.
Um novo impulso foi dado à pintura moscovita por Teófanes, o Grego. Sua pintura evitava formas estilizadas acentuando a intensidade das expressões. Na sua Transfiguração os gestos e as expressões faciais correspondem a uma variedade de emoções que foram elaboradas com o maior cuidado e os discos excêntricos da auréola de Cristo são notáveis.
O estilo de Teófanes atinge o seu auge com seu contemporâneo mais moço, o monge russo Andrei Rublev; que fora educado no Mosteiro da Trindade em Zagorsk, fundado por São Sérgio.. A obra-prima de Rublev é a Santíssima Trindade ( Aparição dos anjos a Abraão ). Cada anjo simboliza uma pessoa da Ssma Trindade. O anjo da esquerda simboliza o Pai, entronizado, o do meio o Espírito Santo santificando o sacrifício e o da direita o Filho, estendendo sua mão em direção do cálice do sacrifício e segurando uma cruz formada pelo seu cajado e a dobra superior da roupa. O azul presente nas vestes dos três representa a única substância divina.
BIBLIOGRAFIA
- Bizâncio – Wladimir Sas-Zaloziecky; trad. De Maria Ondina. Editorial Verbo, Lisboa – Portugal.
- The Icon – Vários Autores . Alfred Knopf, Nova Iorque- EUA –1982.
- Russian Icons – Konrad Onash. Phaidon, Oxford – Reino Unido.
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