top of page
Foto do escritorLéo Viana

Artigo / ANTIGO


Tinha problemas, o cara. O fato de haver nascido às vésperas do AI-5, em um ano tão memorável quanto sombrio, não o ajudava. Com pouco que lhe causasse orgulho em seu tempo, preferia a abstração dos tempos idos, saudades de um passado não vivido, mas sentido. Identificava-se com o não visto, com a cidade já soterrada pelo concreto e pelo asfalto mais modernos; com os bondes que, a essa altura, limitavam-se à clausura carmelita de Santa Teresa, sempre na iminência da extinção, que como dizem, é para sempre.


O passado lhe pesava como se fosse, de fato, seu. Pairavam sobre ele culpas de outros tempos, tão presentes que, por vezes, a sensação de réu o comprimia contra os muros das antigas fortalezas do Leme ou da Urca, ameaçado por portugueses, franceses ou índios, sem distinção. Nesses momentos, deixava-se sofrer. E ao sofrer, transportava-se, sem reagir, a seu próprio tempo, tão ausente.


O Rio de Janeiro o acolhera como uma moderna mãe. As modernas mães, ele acreditava, não mais tratavam tão carinhosamente os filhos. Permitiam a eles o gozo de uma liberdade não escolhida, mas compulsória, obrigatória. Procurava relacionar-se assim com a cidade. Conhecia-lhe os defeitos e as virtudes, o passado e o presente, os becos e vielas, as noites e os dias. E cobrava da cidade o carinho negado pelo comportamento típico da metrópole.



 

Escute a Playlist - QUAL SEU ORIXÁ - Spotify

 

Nas entranhas da cidade grande enxergava as veias anabolizadas que substituíram as antigas artérias. Via os intestinos gigantescos onde se acumulavam os paquidérmicos excrementos do monstro urbano. E sofria ao imaginar o cérebro da mãe enlouquecida, tentando organizar o não-organizável, viabilizar o inviável, esgotar o inesgotável. Em meio a essas divagações, penalizado, a perdoava.


Tinha uma única fixação no presente, ou duas... talvez três. A cerveja, que lhe era íntima, tanto quanto alguma música e alguma literatura. Entretanto, como qualquer fixação, cumpriam função simplesmente entorpecedora, lisérgica, sem necessariamente distrair. A ordem importava pouco. Lendo sem beber embebedava-se tanto quanto bebendo sem ler. Parecia lembrar-se de haver tomado glicose após uma jam session mais intensa.


Na mais recente de suas frequentes visitas ao passado, caminhava a esmo pela Avenida Central. Quase foi colhido por um Central x Qualquer Coisa, apesar de acreditar que se tratava de um Ford Bigode, ou de um Rabo de Peixe. No máximo um Simca Chambord. Buscava o Café Nice, que, como se sabe, além de perder o charme, mudara-se das imediações da Galeria Cruzeiro para as proximidades do Monroe. Adentrou ao Edifício Avenida Central. Não reconheceu o velho Tabuleiro da Baiana, onde os bondes faziam a volta. Entre idas e vindas desencontradas, avistou o Teatro Municipal. Alívio. A Escola de Belas Artes, a Biblioteca Nacional, o Amarelinho, o Cordão da Bola Preta.



 

Escute a Playlist – MPB de Alta Qualidade - Youtube

 


Mas havia gente demais, velocidade demais, aflição demais. Mudanças que o tempo consagrou, mas que seus trinta anos não assimilaram. O canteiro central da grande avenida havia desaparecido. Um novo bonde circulava, moderno. Pessoas saíam felizes e arrumadinhas de um buraco no meio da praça, como se lá tivessem passado bons momentos. Distraíra-se e caminhara involuntariamente para o meio da frenética avenida. Dessa vez o ônibus não parou no cruzamento.. Ele, no último e fatal segundo avistara, feliz, um velho bonde.


Parecia sorrir na chegada ao São Francisco Xavier.


O Caju é, afinal, um bairro antigo.



 

Artistas Cedro Rosa


Mussa e o CD "Naif", na Cedro Rosa.



Didu Nogueira e seu lindo CD "IDENTIDADE"



Dudu de Morro Agudo e o HipHop de alta qualidade, na Cedro Rosa.



 

Projeto 40 ANOS DO CLUBE DO SAMBA

CD + Documentário + show de lançamento



 

Plataforma digital brasileira ajuda comunidade musical e mundo da mídia e entrenimento a licenciarem musicas certificadas para trilhas sonoras, desde um simples video no youtube a publicidade, em poucos cliques.


A Cedro Rosa lançou uma plataforma digital brasileira que ajuda artistas, compositores e produtores de TV, Cinema, Publicidade, Games a encontrar músicas certificadas para licenciamentos.


A plataforma digital da CEDRO ROSA funciona em 10 idiomas no mundo inteiro e conta com mais de 3 000 mil certificadas, prontas para serem licenciadas para sincronizações diversas em filmes, novelas, audiovisuais, games e publicidades.




Compositores, artista e bandas podem ter suas músicas nas trilhas sonoras dos maiores maiores conteúdos do mundo, através da Cedro Rosa. Produtores de conteúdo de todo mundo podem encontrar músicas certificadas, prontas para serem licenciadas.



Abra um perfil na Cedro Rosa e acompanhe nossas redes digitais. https://linktr.ee/cedrorosa


Compositores, bandas e artistas podem registrar suas musicas e fazer contratos de distribuição e licenciamento e empresas da midia como TVs, Rádios, produtoras de cinema e conteúdo em geral podem licenciar essas obras devidamente certificadas diretamente na plataforma.


 

Escute excelentes playlists da Spotify e Youtube

Repertório Cedro Rosa, disponível para trilhas sonoras e licenciamentos.



Manhattan Lounge Bossa Nova in 3 hours - Spotify

Viagem Instrumental - Spotify




Manhattan Lounge Bossa Nova - Youtube

Sambas para Cantar e Dançar - Youtube


 

Leia, assine e Compartilhe a revista CRIATIVOS!

O melhor da Cultura, Arte e Economia



Comments


+ Confira também

Destaques

Essa Semana

bottom of page