Artigo / Vacinação Primeira de Mangueira.
Lais Amaral Jr. para CRIATIVOS.
A melhor notícia de janeiro, num ano que nem haverá Carnaval, foi, sem dúvida, a vacinação do presidente de honra da Verde e Rosa, mestre Nelson Sargento, dia 31. Do alto dos 96 anos, essa instituição do samba, esse patrimônio da cultura popular, está sendo imunizado. Que bom. Contra outras coisas pequenas como soberba, estrelismo, esnobismo, ele já é vacinado. A esperança agoniza, mas não morre.
Nelson Sargento é daqueles seres especiais, que quando está próximo da gente, sentimos uma resposta imediata da carne, embora isso certamente tenha a ver com algum sopro metafísico. A emoção pode ser gerada em alguma esquina, um beco pouco conhecido da mente, mas a sentimos na matéria.
Estive poucas vezes próximo ao Nelson Sargento. Raras palavras trocadas. Geralmente, cumprimentos. Mas de todos os breves encontros, um ficou gravado na memória como uma tatuagem. Foi uma noite no Teatro Rival, no lançamento de um disco intitulado ‘Embaixada do Samba’. Um LP como se dizia. Um vinil.
Abro aqui um parêntesis em forma de parágrafo, para dizer que cheguei a iniciar um pretensioso livro contando passagens ligeiras com essa gente que me encanta. Todos esses encontros, com raríssimas exceções, foram passagens tangenciais, rápidas, por isso o livro se chamaria ‘Poeira de Estrelas’. Cheguei a escrever uma dezena desses relatos. Um dos capítulos era dedicado a Nelson Sargento. Uma dessas estrelas que me salpicou de poeira brilhante.
Como dizia, era uma noite especial no Teatro Rival, início dos anos 1990. Noite de lançamento do tal disco, uma bolação do Tuninho Galante. Ele resolvera homenagear compositores de samba da Baixada Fluminense, os consagrados, os desconhecidos, nascidos ou apenas que tiveram uma passagem pela região. Foi o meu primeiro samba gravado, uma parceria com o saudoso Jairo Bráulio e com Mário Carabina (o apelido é um exagero, o sujeito é uma dama).
O nosso samba, lento, ‘Doce Olhar’, abre o Lado ‘B’, que tem uma composição de Nelson Sargento, que por um tempo morou na Baixada. Com toda a certeza uma das joias do disco, parceria, com a gigante dona Ivone Lara. “Nas asas da canção”, uma belíssima página do nosso samba, interpretado por Leila, também da Baixada.
Cheguei atrasado ao Rival, vindo de Angra dos Reis onde estava morando. Quando entrei no teatro o grupo interpretava justamente ‘Doce Olhar’, achei um lugar numa mesa mais ou menos próxima ao palco. Emocionado. A vista se acostumou à penumbra e vislumbrei Nelson Sargento na mesa em frente, com outras pessoas.
Terminado o show, fui até o camarim falar com a turma. Nisso vem saindo Nelson Sargento com Tuninho Galante, que me apresenta a ele: “esse é o Laís, um dos autores daquela música”. Nelson e Tuninho podem até não lembrar, mas o que o sambista falou, mesmo que por pura cortesia e elegância, ficou para sempre. Ele disse: “Vocês aceitariam mais um naquela parceria?”. Saí pela noite flutuando e deixando pelo chão pegadas brilhantes. Poeira de estrelas.
PS.: As mortes de Beth Carvalho e Alfredinho do Bip Bip me esfriaram com relação ao livro ‘Poeira de Estrelas’. O disco ‘Embaixada do Samba’ é outro capítulo, é uma história que fica para um dia desses.
“Vou viajar nas asas da canção
Até encontrar inspiração pra compor
Um sublime poema de amor
Quero reunir as mais lindas notas musicais
Pra fazer feliz meu coração
Que já sofreu demais”
(Nas asas da Canção – Nelson Sargento/Ivone Lara)
Lais Amaral Jr na CRIATIVOS! Toda quinta na Revista CRIATIVOS! www.criativos.blog.br
Projeto 40 +1 Anos do Clube do Samba
CD + Filme Documentário Longa-metragem.
Escute Preciso Voltar, de Nelson Sargento, no CD "Roda de Samba do Bip Bip", produzido por Tuninho Galante, Paulão 7 Cordas, Paulinho Figueiredo e Monica Alvares, para o bar Bip Bip, do eterno Alfredo Melo.
Discos Cedro Rosa, nas plataformas digitais.
Escute o CD inteiro Roda de Samba no Bip Bip / Youtube
Escute o CD inteiro Roda de Samba no Bip Bip / Spotify
Roda de Samba / Uma homenagem aos grandes sambistas. Escute aqui, na Spotify.
Roda de Samba da Diretoria
A Cedro Rosa, produtora e distribuidora de música e conteúdos, com sedes no Rio de Janeiro, New York e Tokyo inova com plataforma digital de direito autoral, licenciamento de músicas e streaming de conteúdos
"O streaming veio para ficar", afirma Tuninho Galante
Quando se encontrou por acaso no Carnaval de 2020 em em uma farmácia em New York City, o músico e produtor Tuninho Galante, disse a Sergio Costa e Silva que o streaming seria uma realidade a partir do ano de 2020 e sugeriu a Sergio que gravasse e transmitisse todos os seus futuros concertos.
Mal sabiam que que estavam falando de uma realidade muito mais impositiva e urgente; a pandemia alastrara-se pelo mundo, tendo New York como um dos maiores pólos de contaminação - os dois sairam a tempo do lockdown e todas as atividades presenciais foram proibidas.
Galante, como faz todos os anos, tinha ido trabalhar na filial de New York da Cedro Rosa e trazia equipamentos de streaming de alta qualidade, para cobertura de eventos ao vivo.
"A pandemia somente adiantou o processo irreversível de SVOD, o streaming de vídeos on demand. Os grande conglomerados de comunicação e produção já se mobilizaram para essa nova realidade", afirma Galante.
Segundo o produtor, a Cedro Rosa está "up to date" para atender a todas as demandas de gravação e transmissão ao vivo.
Com relação ao licenciamento de músicas, a plataforma digital funciona em 10 idiomas no mundo inteiro e conta com mais de 3 000 mil obras certificadas, prontas para serem licenciadas para sincronizações diversas em filmes, novelas, audiovisuais, games e publicidades, inclusive do autor do artigo, Lais Amaral Jr.
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Compositores, bandas e artistas podem registrar suas musicas e fazer contratos de distribuição e licenciamento e empresas da midia como TVs, Radios, produtoras de cinema e conteudo em geral podem licenciar essas obras devidamente certificadas diretamente na plataforma.
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