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Autor lança romance que busca conscientização sobre o Mal de Alzheimer e outros problemas


Título do livro: O que me falta... Editora: Letra D’Arte Páginas: 172
Título do livro: O que me falta... Editora: Letra D’Arte Páginas: 172

O escritor Mário Cezar da Silveira está lançando o seu segundo livro, O que me falta... resultado de suas próprias vivências somadas a estudos e pesquisas. Mário Cezar era um profissional da área de arquitetura até que nasceu sua filha Carolina, com sequelas de paralisia cerebral. A vida deu uma guinada.


Para recebe-la, adaptou sua vida em muitos aspectos. Daí nasceu o livro aC, dC - Antes da Carolina, Depois da Carolina, um divisor de águas em sua vida. A publicação foi um sucesso editorial e a partir de então o escritor coloca sua arte a servir como um instrumento de conscientização.


O novo livro (O que me falta...) nasceu da convivência com a sogra, que adquirira Alzheimer. É um romance afetivo que mergulha fundo nas lembranças, nas diversidades, nos relacionamentos e na liberdade. A partir de pesquisas com psiquiatras, gerontologistas e neurologistas, o autor buscar despertar no leitor a necessidade de reconectar laços e estimular uma sociedade mais acessível. Mário Cezar da Silveira apresenta, ainda, conflitos que podem abalar de forma irreparável as relações familiares, como a morte prematura de um filho, a falta de aceitação de transgeneridade e o preconceito racial.

 


Mario Cezar da Silveira: fonte_divulgação
Mario Cezar da Silveira: fonte_divulgação

CRIATIVOS -   O que o senhor definiria como uma sociedade mais acessível?

Mário Cezar - Uma sociedade acessível é aquela que reconhece e respeita, como valor, o fato de que somos únicos. Não há duas pessoas iguais, e que ser diferente é o que nos torna únicos, visíveis, senão seríamos só mais um, invisíveis num monótono universo de iguais. Nossa diversidade física, intelectual, cognitiva, étnica, religiosa, de gênero e qualquer outra que nos caracteriza, deve ser respeitada e valorizada. Para que isso aconteça, é necessário criar um mundo onde a acessibilidade atitudinal, arquitetônica, metodológica, programática, comunicacional e natural passe a ser o novo normal, com um conceito de Desenho Universal.

 

CRIATIVOS - Na sua vivência, como pesquisador e como artista da ficção, o que o senhor pode dizer com relação às lembranças? Qual o papel delas na formação das pessoas, supostamente saudáveis? 

Mário Cezar - As lembranças exercem papel importante na formação de quem nós somos e nos paradigmas com os quais vemos a sociedade. Por exemplo: não fomos criados entendendo que somos frágeis e, a qualquer momento, podemos passar a necessitar de uma cadeira de rodas, seja por acidente, ou outro problema qualquer. Se fôssemos criados entendendo essa possibilidade, pensaríamos em acessibilidade como um valor social. A mudança de paradigmas depende da forma como os pais e a escola trabalham a criança e formam sua consciência coletiva.

 

CRIATIVOS -   O senhor poderia falar um pouco sobre como o preconceito racial ou de gênero podem abalar as estruturas familiares?    

Mário Cezar - No caso do gênero, tudo vai depender de como essa família foi construída em respeito à individualidade de cada um, respeitando as características como valor na construção da felicidade do indivíduo. No meu romance O QUE ME FALTA..., a personagem Heloísa vive duas realidades importantes na sua característica de “trans”. O pai que rejeita, não quer ver e não aceita nem mesmo falar no assunto e a tia Hellen, que a acolhe e a ajuda a decidir em assumir sua transexualidade, mudando seu nome para Helói. Ao assumir seu gênero foi expulsa de casa pelo pai.

Já o racismo é questão estrutural e cultural, principalmente dos negros. No meu livro o personagem Ângelo, negro, tem uma visão muito própria de sua cor e, como é artista plástico, compara a cor de cada um com as telas que pinta. No fundo são brancas, mas o que a valoriza são as cores colocadas por cima. Assim entendo que o racismo continua a ser uma mancha na sociedade moderna e, mais uma vez coloco a educação familiar e relação com uma sociedade diversa na escola, responsáveis pela mudança da consciência coletiva.

 

 

CRIATIVOS - A sua filha Carolina foi um divisor de águas na sua vida pessoal. As adaptações e especializações em acessibilidade, pelas quais passou, mexeram também com o jeito do arquiteto ver o mundo?  Profissionalmente falando?  

Mário Cezar - Sem medo de errar, minha filha Carolina, ao ser diagnosticada com paralisia cerebral, me provocou a repensar meus valores e propósitos do pai, do cidadão e do profissional, e me transformou radicalmente. O meu primeiro romance “a.C., d.C.  ...antes da Carolina, ...depois da Carolina” fala dessa transformação e dos erros cometidos na tentativa de ser um sujeito melhor e de dar à Carolina a possibilidade de ser o melhor que ela pudesse ser. A luta por acessibilidade tornou-se então mais do que uma busca profissional, mas um propósito de vida. Carol hoje com 38 anos, tem duas faculdades, duas pós-graduações e, agora em setembro, completou o seu mestrado. Já fez rapel, rafting, bug jump, parapente e paraquedas. Quando perguntada como conseguiu fazer tudo isso na cadeira de rodas, sua resposta é: “Não são as pernas que me levam, o que me leva é o desejo de ir”.

 

CRIATIVOS - Então o senhor entende que a Literatura, fora uma forma de expressão artística, também pode ter um papel utilitário, no caso, da conscientização de algo num campo tão sutil como esse. É isso?

 

Mário Cezar - Em 2014 pensei em escrever um livro sobre acessibilidade. Comecei a escrevê-lo e percebi que estava muito técnico. Resolvi então rasgar o rascunho, pois eu queria escrever algo que fizesse as pessoas pensarem. Decidi então escrever um romance que além de dar prazer com a leitura, fizesse as pessoas pensarem. Assim nasceu romance “a.C., d.C.  ...antes da Carolina, ...depois da Carolina”. Nele criei um roteiro onde pude falar de acessibilidade, sem afetar o ritmo da história. Com a repercussão do mesmo, nasceu o desejo de escrever o “O QUE ME FALTA...”, com o intuito de falar de acessibilidade para o envelhecer. Como a minha sogra viveu conosco, por seis anos com o Mal de Alzheimer, me inspirei nela, nas perdas neurológicas e funcionais e nas dificuldades cada vez maiores de conviver com os ambientes construídos, para criar uma história onde eu pudesse incluir a acessibilidade de forma a fazer pensar em preparar os ambientes para o envelhecer.

 

CRIATIVOS - O senhor como um estudioso da questão, uma pergunta comum aos preocupados: o Alzheimer pode ter entre seus fatores de impulsão, a hereditariedade?

 

Mário Cezar - O Alzheimer pode sim ser hereditário, mas isso não é o componente que mais caracteriza a doença. O Alzheimer hereditário geralmente se caracteriza por começar precocemente, normalmente antes dos 65 anos. Para escrever O QUE ME FALTA... fiz consultas com neurologistas e geriatras e a informação que tive sobre a hereditariedade do Alzheimer, mesmo que a pessoa tenha histórico familiar de Alzheimer ou genes que aumentem a probabilidade de desenvolver a doença, é possível adotar estratégias para reduzir o risco. Como a causa do Alzheimer não é totalmente conhecida, não há como prevenir o seu surgimento. No entanto, por ser uma doença neurodegenerativa, alguns hábitos podem ajudar a atrasar o surgimento e sua progressão: 


Praticar atividade física regularmente, de três a cinco vezes por semana durante pelo menos 30 minutos. 

Controlar a pressão arterial, em caso de hipertensão. 

Manter um peso saudável, com IMC (Índice de Massa Corporal) abaixo de 25. 

Não fumar, pois o tabaco contém substâncias tóxicas que causam danos nas células cerebrais. 

Manter o cérebro ativo: jogos de estratégia, aprender algo novo, treinar a memória memorizando coisas do dia a dia, entre outras atividades que estimulem o órgão.

Há algumas formas de detectar a predisposição à doença de Alzheimer. Uma delas é realizando uma avaliação genética, isto é, o sequenciamento de regiões do DNA que possam conter genes associados ao desenvolvimento da doença. Nesse caso, basta uma amostra de sangue ou swab (saliva) para conseguir realizar o exame. 

Uma outra forma que chegou recentemente ao Brasil é um exame de sangue que avalia o risco de Alzheimer. Ele é recomendado para pessoas que já apresentam algum tipo de comprometimento cognitivo leve e demência, e busca quantificar a proteína beta amiloide 42 e 40, cuja relação está diminuída na doença de Alzheimer.  

O procedimento é realizado por punção venosa, ou seja, por uma coleta de sangue simples, que pode ser realizada em laboratório. Por isso, tem sido considerado um exame para avaliação do risco de Alzheimer menos desconfortável e mais acessível. A avaliação de risco de Alzheimer pode ajudar a identificar pessoas aptas ao tratamento precoce com anticorpos, que visa frear a progressão da doença e melhorar a qualidade de vida. 


 

Escute essa playlist com grandes artistas brasileiros.




Entendendo um pouco de direito autoral.



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