Bezerra da Silva, o malandro amigo. (Final)
Bezerra da Silva, não era o intérprete do meu ideal de samba. Embora admirasse algumas de suas gravações e reconhecesse seu valor. O respeitava como um grande, que gravava criações características de um segmento social que não tinha voz e mostrava uma realidade, para a qual alguns torciam o nariz. Composições preconceituosamente classificadas como ‘sambandido’. Bezerra cantava a sua gente e sua realidade. Que não era a minha exatamente, mesmo eu morando na Baixada Fluminense e convivendo com desequilíbrios próprios dessa geografia, física e social. Eu estava mais para um certo lirismo, meio agonizante. Mas Bezerra não gravava só o chamado ‘sambandido’. A Vida do Povo, era uma crítica social e até política. E isso ele gostava de fazer também.
Não demorou e Guilherme volta a ligar. Hora de assinar edição e autorização. Numa elegante e arejada dependência da editora musical, Warner Chapbell, na Lagoa, eu, Guilherme, Pinga e mais de uma dezena de compositores, aguardávamos para assinar o contrato de edição. E receber um cheque com o adiantamento de 40 mil cópias pré-vendidas. Pouco depois nos dirigimos ao banco do outro lado da rua. Alguns para depositar o cheque, mas a maioria, certamente para sacar. Chegando à entrada do banco (a comédia), o ‘Segurança’ da agência se empertigou e olhou curioso para aquele grupo formado por mais de uma dúzia e meia de pessoas vestidas com extrema simplicidade. Mas logo o agente reconheceu em meio ao “bando”, o preto magro e decidido, de chapéu tipo boina italiana. Bezerra da Silva. O guarda sorriu e retribuiu o cumprimento do cantor. Deveria ser fã do homem.
Anos depois, eu já residindo em Resende, recebo uma ligação do Guilherme encomendado letra. Enviei uma que eles gostaram e não demorou muito para receber a agradável notícia de que Bezerra gravaria Meu Samba é Duro na Queda. A nova canção teve o contrato de edição assinado num escritório da Som Livre, em Botafogo. E para imensa satisfação, o samba dava nome ao CD. Assinamos, eu, Pinga e Guilherme, recebemos o adiantamento por mais alguns milhares de CDs vendidos antecipadamente.
Os contatos foram poucos, mas deu para perceber que Bezerra era um cara generoso e muito amigo. Certa vez eu fui ao escritório onde o filho administrava a carreira dele. Na Avenida Rio Branco, se a memória não me prega uma peça. Lá em meio a uma prosa descompromissada, ele contou que tirara uma música do próximo disco. Era de um compositor habitual. O tal compositor tinha dois sambas na bolacha, então ele tirou um deles para incluir a composição de outro autor, “que estava precisando levantar uma graninha”. Bezerra era assim. Gostava de ajudar as pessoas. Por isso, cada disco tinha sempre mais de uma dezena de compositores. Foi um grande orgulho ter uma música dando nome a um CD desse craque, embora só me lembre de ter ouvido a canção, na Rádio Resende, no programa do amigo Luiz Carlos Firmo.
Passou o tempo e um outro Luís Carlos, que presidira a associação de entidades carnavalescas da cidade, levou Bezerra a Resende, para cantar numa festa de meio de ano: O ‘Arraial do Celsão’, o tradicional ‘Rei Momo’ local. Nos encontramos, eu, Luís Carlos do Espírito Santo e Bezerra, no Hotel Castel Plaza, onde jantamos. Ele me deu um CD autografado. Depois fui vê-lo cantar na festa do Celsão.
Mais adiante, Bezerra da Silva ainda me honraria com o ‘QG do Samba’, de Pedro Butina, um samba no qual enfileira um punhado de bambas da Baixada e me inclui entre eles. Virei verso de samba. Realização total. Valeu muito, Bezerra. Um grande abraço aonde você estiver, meu velho.
“Vou apertar, mas não vou aceder agora
Vou apertar, mas não vou aceder agora
Se segura malandro
Pra fazer a cabeça tem hora” (Malandragem dá um tempo – Adelzonilton, Popular P/ Moacir Bombeiro)
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