Bico Doce lança seu primeiro EP pela Cedro Rosa e já conquista um batalhão de ouvintes - Leia o texto de Nei Lopes
A Cedro Rosa, orgulhosamente, apresenta o primeiro EP do excelente sambista BICO DOCE.
Vamos à luxuosa apresentação de Nei Lopes!
O “BICO DOCE”
Quando, em 1965, Clementina de Jesus surgiu na cena artística brasileira, sua Chegada foi comparada à descoberta arqueológica de um “elo perdido”, ligando as origens africanas da música popular brasileira ao panorama daquele momento, numa extensão que ia da bossa-nova ao Zicartola.
Após Clementina, chegaram Dona Ivone Lara e Jovelina Pérola Negra que, cada uma ao seu jeito, deram passos decisivos no sentido da afirmação da voz da mulher negra no Samba, que é a espinha dorsal da nossa música.
Mas... E as vozes masculinas? Na década de 1920, o cinema de Hollywood apresentava ao mundo o cantor afro-americano Paul Robeson. A voz grave desse cantor, em seu registro de baixo profundo, difundiu um estereótipo. O de que “voz de negro” era sempre grossa, máscula, brutal mesmo. E, então, no Brasil, criou-se, inicialmente para o teatro de revista, um repertório de canções lamentosas, “de escravo”, que privilegiavam esse registro.
Foi o caso de “Funeral de um rei nagô” (Hekel Tavares), “Terra seca” (Ary Barroso), “Leilão” (Hekel Tavares e Joraci Camargo) etc., dando oportunidade a cantores de “voz negra” como Edson Lopes, Nelson Ferraz, José Tobias.
Um pouco depois, na década de 1960, o baixo Noriel Vilela, egresso do grupo Cantores de Ébano fez sucesso.
Entretanto, seu registro vocal especialíssimo foi fixado em sambas caricatos, como o famoso “Só o hômi” (“Ah, mo fio do jeito que suncê tá/só o hômi é que pode te ajudá”...). E só. Curioso é que no ambiente das escolas de samba, a partir do exemplo do pioneiro Jamelão (José Bispo Clementino dos Santos, 1913 – 2008), não exatamente no registro citado acima, nem com o guturalismo artificial que caracteriza a maioria dos puxadores atuais, floresceram grandes vozes másculas.
Eram timbres mais metálicos que cristalinos, e suficientemente fortes para conduzir o canto coletivo na “avenida”, num tempo em que a amplificação era conseguida no máximo com um megafone à pilha. São desse tempo alguns nomes hoje esquecidos como Silvinho do Pandeiro, na Portela; Noel Rosa de Oliveira, no Salgueiro; Dom Barbosa, na Imperatriz; o mavioso Toco, na Mocidade etc...
E Jamelão na Mangueira, claro. No samba de hoje, fazem falta vozes como as acima mencionadas. Mas elas existem, como prova agora o cantor “oficial” daquela que para muitos é a mais séria e respeitável casa de samba da cidade do Rio de Janeiro e arredores: o Candongueiro.
Foi registrado como Cremilson Silva o nosso intérprete; e é carinhosamente chamado de “Bico Doce”, exatamente pela doçura de seu canto, másculo até a raiz e sem perder a ternura jamais – aliás, como reza o ideário do Candongueiro. Cantor, instrumentista e compositor, Cremilson aprendeu cavaquinho na antiga Funabem, levado por seu pai, funcionário da instituição. Aos 16 anos começou a ganhar o seu sustento em rodas de samba da Baixada Fluminense (cidade e campo) seu lugar de origem, para depois integrar o grupo acompanhante do cantor Jorginho do Império; e destacar-se na escola de samba Leão de Nova Iguaçu.
A partir de 2000, ano em que venceu a disputa de sambas-enredo em São Paulo, nos Acadêmicos do Tatuapé, Cremilson passou a atuar como cantor e cavaquinhista em algumas das mais tradicionais rodas-de-samba do eixo Rio-São Paulo, como a do Traço de União, lá, e a Candongueiro, aqui. Quem já viu e ouviu o “Bico Doce”, como o sambista que assina este texto, sabe que já não falta mais uma bela e máscula voz – ecoando raízes rurais sem deixar de ser urbana e moderna – no samba brasileiro. E tem certeza de que um novo “elo perdido” já está revelado:
Cremilson Silva, o “Bico Doce”. Nei Lopes – setembro, 2014
O EP de Bico Doce já está na playlist Grupos de Samba e Grandes Sambistas!
Antes de ser intérprete de samba-enredo, Cremílson é cantor, instrumentista e compositor.
Começou seus primeiros passos no samba pelo cavaquinho. Aos 16 anos começou a frequentar rodas de samba pela Baixada Fluminense e depois fez parte do grupo que acompanhava o cantor Jorginho do Império.
Levado por Jorginho, Cremilson ingressou no carro de som do Império Serrano, onde iniciou sua jornada como intérprete de samba-enredo.
Desde então passou pelas escolas: Portela, Vai-Vai (SP) e atualmente faz parte do carro de som da Estação Primeira de Mangueira.
Também compõe a casa-de-samba Candongueiro, há 16 anos, considerada uma das “mais sérias” do Rio de Janeiro.
Produçāo: Orum Produções Artisticas
( Paulo Figueiredo)
Cedro Rosa: A Casa dos Grandes Sambistas e da Inovação Tecnológica
A Cedro Rosa Digital tem se consolidado como um verdadeiro templo para o samba e a música popular brasileira (MPB). Fundada pelo produtor e compositor Antonio Galante, conhecido como Tuninho Galante, que por quatro décadas trabalha com o que há de mais significativo do repertório de qualidade, a empresa carrega a missão de preservar e expandir o legado de gênios musicais, enquanto inova na certificação e licenciamento de obras.
Galante construiu sua trajetória trabalhando com a nata do samba e da MPB, com repertório e artistas como Donga, compositor do primeiro samba gravado, até ícones como Mário Lago, Candeia, João Nogueira, Beth Carvalho e Fátima Guedes. Esse repertório histórico encontra continuidade em projetos modernos como a série Partideiros, o documentário +40 Anos do Clube do Samba, e os futuros lançamentos A História da Música Brasileira na Era das Gravações e Partideiros 2.
Tradição e Tecnologia
O diferencial da Cedro Rosa está na capacidade de unir tradição com tecnologia de ponta. Todo o repertório da empresa é certificado por meio do sistema CERTIFICA SOM, desenvolvido em parceria com a Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), com apoio da EMBRAPII, SEBRAE e do Parque Tecnológico da Paraíba. Essa ferramenta garante a rastreabilidade das obras, credita compositores, intérpretes e técnicos, e assegura que os direitos autorais sejam pagos de maneira justa e global.
Além disso, as músicas do vasto catálogo da Cedro Rosa estão disponíveis em todas as plataformas de streaming e podem ser licenciadas diretamente no site da empresa (cedrorosamusica.online). Esse modelo permite que músicas sejam usadas em produções audiovisuais, publicidade, jogos e outros segmentos, promovendo maior visibilidade e receita para os artistas representados.
Um Repertório que Celebra o Samba
O legado da Cedro Rosa também se manifesta em projetos que celebram o samba em sua essência. A roda de samba do icônico Bip Bip, reduto carioca, é um exemplo de como a empresa valoriza espaços e tradições que ajudaram a moldar o gênero. Em parceria com grandes nomes e coletivos, a Cedro Rosa não só preserva a história como também cria novas narrativas para o samba e para a cultura brasileira.
Impacto Econômico e Cultural
Os projetos da Cedro Rosa vão além da música. Produções como os filmes musicais e séries geram centenas de empregos diretos e indiretos, movimentando a economia criativa e reforçando o soft power cultural do Brasil no cenário internacional. Em 2024, a empresa participa de feiras internacionais em países como China, Dubai e Cuba, com apoio da APEX, reforçando sua presença global.
Por meio de iniciativas como essas, a Cedro Rosa Digital se destaca não apenas como a casa dos grandes sambistas, mas também como uma referência em inovação e valorização da cultura brasileira. Acesse o site cedrorosamusica.online e explore o universo de possibilidades que a empresa oferece.
Fontes/Apoiadores:
EMBRAPII
SEBRAE
Parque Tecnológico da Paraíba
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