Bloco Etílico Carnavalesco Crustáceos da Manguaça leva a anarquia da folia para as ruas há 24 anos
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“Quem nunca brincou num bloco de rua não viveu o Carnaval”. Com essa frase João Máximo abre o prefácio do livro Blocos, de João Pimentel, da série ‘Arenas do Rio’, publicado pela Relume Dumará, em 2002. Considero uma leitura imprescindível para quem, assim como eu, ama essa que é, sem nenhuma dúvida, a maior manifestação cultural de nossa gente.
Assisti na quarta-feira passada, no ‘Sem Censura’, apresentado brilhantemente pela Ciça Guimarães na TV Brasil, uns papos bem legais sobre Carnaval. Estavam lá: o pesquisador e jornalista Tiago Ribeiro que lançaria na sexta, dia 7, o livro Os Blocos do Carnaval Carioca, o impagável Gregório Duvivier, que toca trombone nos blocos (toca mal, segundo ele mesmo) e a psiquiatra Analice Gigliotti aconselhando como se cuidar para evitar um naufrágio etílico durante a folia.
Os blocos de rua, garantem os estudiosos, são a espinha dorsal do Carnaval. Que é, essencialmente uma manifestação de rua. Tivemos sim o bom tempo dos bailes carnavalescos que bombavam nos clubes, temos as Escolas de Samba, que é outra história fundamental, mas o fato é que os blocos arrastam cada vez mais, foliões para as ruas. No Rio, os blocos se multiplicam a cada ano. E em outras partes do país também. Não é uma exclusividade carioca.
Não é exclusividade, mas é modelo. Até aqui, no extremo sul do Estado. Em uma cidade conservadora como Resende, que tem um pé na Casa Grande e outro na Academia Militar, nasceu, há 24 anos, e segue firme a até hoje, o Bloco Etílico Carnavalesco Crustáceos da Manguaça. Ele sai no sábado antes do Carnaval. Em 2001, o Carnaval de Resende andava debilitado, depois de escolhas equivocadas da oficialidade em abraçar a onda do Axé e colocar trios elétricos na cidade. Coincidentemente as Escolas de Samba definharam e se extinguiram. O Carnaval, esvaziado, motivava a debandada. O pessoal viajava. Por isso o Crustáceos nasceu uma semana antes, para que os foliões apaixonados pudessem ir pra rua brincar.
Reza a lenda que na manhã de uma sexta-feira, no distante ano 2001, os amigos Robson Monteiro e Fernando Pineschi se encontraram no Bairro Campos Elíseos, principal burburinho urbano de Resende e, foram até à banca ambulante de peixes e coisas do mar, do também amigo, Martinho Pescador. Lá, eles, de copo em riste, apesar da hora, pediram gelo ao Martinho para esfriar o trago. O gelo que havia era pra conservar o pescado. Sem dramas.
Gelo na birita, tudo normal, de repente, Robson percebe um olho, certamente de peixe, incrustrado na pedra de gelo do seu copo. “Sinto que estou sendo observado”, disse ele. Daí, conversa vai, conversa vem, brotou a expressão Crustáceos da Manguaça, e eles acharam que era um bom nome para bloco de Carnaval.
Naquela noite, Robson encontra com este locutor que vos fala, num tradicional estabelecimento do bairro, o ‘Rei dos Salgadinhos’, que é uma espécie do Bracarense de Resende. O papo foi contagiante, claro, e uma semana depois, sábado, em torno das 11 horas, nós dois fantasiados (eu de caveira) e mais uma dúzia de apaixonados pela doce anarquia carnavalesca, demos início à saga que já dura 24 anos.
O sucesso do bloco, que a cada ano, arrasta mais gente atrás da bandinha tocando marchinhas e sambas, motivou a criação de outros blocos que foram se juntando ao Crustáceos e Resende passou a ter um pré-carnaval efervescente e muito animado.
Olha o Crustáceos aí
Neste sábado, dia 15, lá pelo meio dia, acontece mais uma tradição do bloco, iniciada há cerca de 15 anos: A ‘Sirizada do Crustáceos’. É siri cozido e com caldo, de graça. É só chegar. O evento rola na Praça da Bandeira (Trenzinho) em Campos Elíseos, em frente ao ‘Bar da Rosa’. É o esquenta do bloco, com música, muita interação e serve para aprender a marchinha desse ano, que é interpretada em meio aos clássicos carnavalescos. Caro leitor, se estiver em Resende ou arredores neste sábado, apareça na Sirizada. E no dia 22, o bloco vai pra rua. É só chegar. Taí a marchinha de 2025:
“Não fique aí parado
Vem pra cá brincar
Se liga na verdade
Que a manguaça ainda pode te ajudar
Não fique aí parado
Vem pra cá brincar
Se liga na verdade
Que a manguaça ainda pode te ajudar
Não fique sem graça
Que bicho te mordeu
Brincado no Crustáceo
Seja mais feliz que eu
Carnaval tem graça
Acho que entendeu
No Crustáceos da Manguaça
Só não brinca quem é brocha ou já morreu”
(Vem pro Crustáceo – Laís Amaral)
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