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Foto do escritorCarlos Alberto Afonso TOCA

Cenas de DEMOCRACIA PARTICIPATIVA explícita parte 1


Carlos Alberto Afonso, na Toca


Em 4 de Fevereiro de 1993, recebi uma ligação do então PREFEITO CESAR MAIA com a importantíssima mensagem que vou parafrasear : “ Carlos Alberto, a Prefeitura do Rio vai celebrar o 80º aniversário de nascimento do Poeta Vinicius de Moraes ao longo deste ano de 1993, a partir da Educação e da Cultura. Para isso, nós organizamos um GRUPO DE TRABALHO formado pela Secretária de Educação Professora Regina de Assis, pela Secretária de Cultura Helena Severo e por nosso Secretário de Turismo. O Grupo de Trabalho será Presidido pela Sub-Prefeita Zona Sul Solange Amaral. O Projeto, visando à Educação e à Cultura em todos os segmentos da Sociedade e seu Decreto tem o número 11937, publicado ontem – 3 de Fevereiro de 1993 – com o título ‘ANO VINICIUS DE MORAES NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO’. (paráfrase concluída).


E o Prefeito Cesar Maia complementou, convidando-me para ser o Secretário-Geral do Grupo de Trabalho. O Convite foi, para mim, um Certificado de extraordinário valor, pois, muito além do seu valor-em-si – como toda outorga, a outorga agregou o valor do outorgante. E o Prefeito Cesar Maia é ‘Quadro’ por quem nutrimos, além do grande respeito, uma enorme admiração pessoal, política e intelectual.


Amigos, nomes como este do amado Poeta jamais serão suficientemente homenageados, não é verdade ? São memórias de ilimitadas dimensões e permanentemente e naturalmente desdobradas e multiplicadas como conteúdos que transbordam seus continentes. Pois eu posso assegurar-lhes que aquele sublime dever do “ Ano de Vinicius “ foi cumprido e seus momentos-paradigmas, eu já os tenho devidamente preparados para, na oportunidade devida, fazermos chegar a vocês. Mas não posso deixar de antecipar que A MAIOR DE TODAS AS VITÓRIAS DO ‘ANO VINICIUS DE MORAES NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO’, FOI O CLARO EXERCÍCIO DO PENSAMENTO E DA AÇÃO SOCIAL PARTICIPADA, POIS LONGE, MUITO LONGE DAS CRENÇAS E PRÁTICAS MITIFICANTES, EM MOMENTO ALGUM, ISOLAMOS NOSSO POETA EM ALGUM ALTAR. PELO CONTRÁRIO : VINICIUS PASSOU TODO O SEU OCTAGÉSIMO ANO DE NASCIMENTO NOS BRAÇOS DO POVO, LITERALMENTE.


A partir das redes escolares públicas e dos equipamentos de cultura, o amado Poeta pode-se ter dado a conhecer por uma imensa legião de ‘novos contatos’, de 5 a cinquenta ou de 8 a oitenta anos de idade, varrendo sua amantíssima Cidade, desde Santa Cruz a Ipanema. E eu, particularmente, não tenho a menor dúvida de que não foi por um acaso, e não foi, também, por minha vida acadêmica e nem mesmo por ter sido, desde adolescente, um entusiasmado estudioso do Poeta...


O Prefeito da Cidade do Rio de Janeiro me deu a honra do convite para secretariar aquele GRUPO DE TRABALHO DA PREFEITURA, com vistas ao Projeto ‘ANO VINICIUS DE MORAES...’ visando ao apóstolo de tal forma devoto de sua mesma perspectiva de Sociedade, que, desde 2 anos antes do convite formulado, dedicava seus domingos e feriados a trombetear em praça pública, em frente ao Posto 9 de Ipanema, a DESFEUDALIZAÇÃO DE NOSSOS BENS CULTURAIS.


O mesmo amado POETA, que escrevera o épico ‘OPERÁRIO EM CONSTRUÇÃO’ e realizou-se inteiramente em, no 1º de Maio de 1979 – cerca de 14 meses antes de nos deixar – entre o Prefeito Tito Costa e o Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, no chamado ABC PAULISTA – recitar emocionado para alguns milhares de operários que ocupavam a praça pública, o sempre-tão-tempestivo POEMA. E passamos a outro bloco de considerações promitentes retomadores deste mesmo assunto, em breve.


Desde o início do ano de 2007, passei a concluir 2 BUSCAS, que, no sentido viniciano, equivalem a 2 SONHOS. Ambos prestes às respectivas realizações, pois no ano seguinte, em 2008, a LINGUAGEM MUSICAL que elegi, num primeiro momento, como ideal estético e, mais adiante, como instrumento de contemplação sócio-educacional a ser – como o seria durante os anos Toca do Vinicius – para estimular, em potenciais músicos locais, o desvelamento da vocação musical, a partir do contato – em minha própria calçada – entre as LINGUAGENS : de um lado, a LINGUAGEM DA VOCAÇÃO EM ESTADO DE INCONSCIÊNCIA NO SER HUMANO e, de outro lado, a LINGUAGEM DA ATIVIDADE PRODUTIVA, que, no caso, é a MÚSICA.


Acrescentando que JAMAIS CONFUNDIMOS MÚSICA com CANÇÃO, apesar da beleza ímpar das CANÇÕES executadas pela forma BOSSA NOVA (Linguagem) de execução, ela, a MÚSICA (Bossa Nova) se materializa numa CANÇÃO para chegar até nós, como a PINTURA, numa TELA, como a DANÇA, no MOVIMENTO e assim sucessivamente.


Nossa consciência do quanto era (e é) necessário o ALCANCE CONCEITUAL ADEQUADO em relação à BOSSA NOVA, que, ainda hoje, é cercada de equívocos, apesar do inequívoco brilho, e o conjunto de demais carências na relação entre esta MÚSICA BRASILEIRÍSSIMA ARQUITETADA PARA EXECUÇÃO DO RITMO SAMBA e os próprios brasileiros, aguardávamos com ansiedade o ano de 2008, pelo CINQUENTENÁRIO DA BOSSA NOVA, em 10 de JULHO.


De toda forma nossa primeiríssima providência com antecedência de quase 1 ano, foi escrever um e-mail para nosso Prefeito Cesar Maia pedindo que, pelas razões que, no e-mail, enumerei, ele examinasse a possibilidade de fazer com o ano de 2008 aquilo que fizera no ano de 1993, ‘Ano Vinicius de Moraes na Cidade do Rio de Janeiro’, para dar à BOSSA NOVA a mesma oportunidade que dera ao amado Poeta de fazer-se conhecido – e, com isso, contemplar – os segmentos mais populares da Sociedade. Em outras palavras, pedi-lhe que decretasse o ano de 2008, ‘ ANO DA BOSSA NOVA NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO’. E a RESPOSTA DO PREFEITO CESAR MAIA foi imediata, firme e curta. “ CARLOS ALBERTO, PREPARE DO DECRETO QUE EU PUBLICO “. E tendo sobrevivido (rsrs) à forte emoção, eu redigi o DECRETO 28638, DE NOVEMBRO DE 2007, ‘2008, ANO DA BOSSA NOVA NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO ’.


Mas a grande festa da DEMOCRACIA REPRESENTATIVA aplicada ao nosso Projeto Sócio-Educacional a partir da LINGUAGEM MÚSICA não pararia naquela grande conquista que, entre outros desdobramentos, antes e acima de tudo, pulverizou a BOSSA NOVA junto aos diversos segmentos da Sociedade. Faltava-nos contar com a Arquitetura Intelectual, com a Cultura Acadêmica, com a Perspectiva de Sociedade, com o PROFESSOR- (UFF) POLÍTICO, agora, POLÍTICO-PROFESSOR para uma INDISPENSÁVEL MEDIDA DE PRESERVAÇÃO DESTE PATRIMÔNIO CHAMADO BOSSA NOVA.


E foi assim que, em Setembro, ‘caradepaumente’, voltei a perturbar o PREFEITO CESAR MAIA, pedindo-lhe esta medida de proteção contra os abusos de usos – alguns, absurdos - do nome BOSSA NOVA, em flagrante desrespeito a toda a Sociedade a quem a generosidade de JOÃO GILBERTO fez HERDEIRA. E foi assim que, logo no mês seguinte, no dia 15 de Outubro, dia do Mestre, o Professor Prefeito, ligou para o Professor Toqueiro da Toca do Vinicius e lhe disse – sempre curto e veloz : “ Carlos Alberto, acabo de assinar o Decreto nº 28552 que declara a BOSSA NOVA BEM IMATERIAL DA SOCIEDADE !


E, apesar de curto e veloz, o Professor Cesar Maia, sabedor de minha paixão pelas salas-de-aula, antes de desligar, me disse : “Um abraço e parabéns pela data”. Pois é... afinal de contas, era dia 15 DE OUTUBRO.


Prefeito Cesar Maia e Carlos Alberto Afonso

Carlos Alberto Afonso TOCA para CRIATIVOS em 26 de Julho de 2021



 

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