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Foto do escritorLeo Viana

COZINHA




O movimento na cozinha estava bem acima do normal. A ideia do restaurante tinha nascido despretensiosamente, do gosto por gastronomia que o Leco herdou da mãe. Cresceu comendo coisa boa, preparada com cuidado, carinho, bons ingredientes e tempero certo. A mãe, advogada de profissão, queria mesmo era ter sido chef.


Num lance de sorte e competência, ganhou uma ação coletiva importante e decidiu parar de trabalhar. Os honorários do caso garantiram o padrão de vida dali pra frente. Montou uma cozinha industrial em casa, mas não teve coragem de investir num restaurante. Acabou dedicando a vida a cozinhar em casa para a família, os amigos dos filhos e quem mais chegasse. Fazia por prazer. E foi muito feliz assim, até o fim da vida, que não foi curta.


O Leco sempre foi, dos filhos, o mais ligado à mãe. Tanto que acabou, por eliminação, herdando a casa e a cozinha. Ninguem queria ficar com aquela panelada e toda aquela estrutura. A irmã mais nova casou e foi morar no exterior. A mais velha detestava cozinha, numa espécie de ciúme da mãe, que passava muito tempo entre sabores e utensílios, aparentando não se importar com os filhos. Talvez Freud explicasse. Para a mãe, coitada, aquilo era o máximo em carinho e dedicação. 


Nunca houve uma partilha formal, mas a casa, com a enorme e aparelhada cozinha, ficou com o Leco.


A localização da casa, que era do início do século XX, não permitia que se montasse um restaurante nela. As cidades têm zoneamento, o que determina as atividades que podem ser desenvolvidas em cada local. Ali, só residências.


O Leco, no entanto, tinha seguido os passos da mãe e inclusive herdado a cadeira no escritório de direito corporativo. E repetiu o roteiro. Num lance de absoluto senso de oportunidade, aliado a alguma competência técnica, ganhou sozinho uma outra ação coletiva ainda maior que a da mãe, envolvendo milhares de funcionários de um grande conglomerado financeiro. Ciente do tamanho da contenda e da possibilidade de umretorno expressivo, o Leco cobrou menos que os tradicionais 20 a 30% pedidos pelos advogados. Fez por 15%, mas ganhou uma quantidade inaudita de dinheiro. E parou de advogar, como a mãe fizera no passado. Imediatamente pensou no restaurante e foi viver o sonho.


A Alice, namorada de infância e que nunca deixou de ser, achava o Leco doido e talvez por isso continuasse com ele por uma vida. Ele a mimava com comidinhas diferentes e sempre deliciosas. Mas mesmo ela achou louca a ideia do restaurante, que daria um trabalho infernal e talvez não desse o mesmo prazer que é cozinhar em casa. Pense na tua mãe!, ela dizia. Ela não fez essa loucura...


O Leco, no entanto, sempre foi intransigente no último grau. Montou o espaço, conseguido a duras penas e alto custo em um ponto nobre da Zona Sul.


A decoração de bom gosto e a fama conquistada junto aos amigos foram o combustível inicial. A casa estreou cheia e se manteve assim por um período relativamente longo. 


Mas, naquele dia, como dizíamos  no início, o movimento na cozinha estava muito acima da média. A equipe era grande mas, mesmo assim, menor que a demanda. O Leco supervisionava pessoalmente a confecção e a saída de todos os pratos, o que demandava um esforço hercúleo.

E ele não parava. Fazia coisa grande. Tinha feijoada, cassoulet  churrasco, bobó, muqueca. E tinha massa de padrão italiano, cozinha oriental, comida árabe e nouvelle cuisine com sotaque e tudo. Um craque, o Leco. Jogava nas onze!


A cozinha lotada de ajudantes por vezes parecia desandar com esbarrões e tropeções, resultado da equipe inflada pra atender à demanda crescente e que começava a incomodar um pouco ao Leco. Gostava do sucesso. Nem precisava do dinheiro. Aquilo tinha começado como um sonho de menino. Gostava de fazer comida, tinha ganho dinheiro no Direito e, apesar do investimento alto, teria dinheiro pra viver mesmo que o restaurante não vingasse. Começava a sentir que talvez devesse ter ouvido o que Alice tinha tentado lhe dizer.


Diante da equipe completamente atordoada com o grande número de pedidos, resultado do alto padrão que tinha impresso desde o início do funcionamento, das críticas positivas, da repercussão internacional, que fazia com que europeus desembarcassem no cais do porto e rumassem direto pro restaurante do Leco, que era limpo e arrumadinho, mas estava longe de ser chique, enfim, diante da equipe, sentou-se, abaixou a cabeça, fechou os olhos e apagou. A ideia era refletir uns minutos sobre o que tinha feito com a vida. Gostava daquilo, mas a espiral de trabalho insano que o restaurante gerou estava sufocando até o prazer que tinha inspirado o sonho.

Ouviu chamarem alto o seu nome. Devia ser pra falar com algum crítico no salão. Tinha virado rotina.


Voltou a si com a Alice, descabelada e linda, afagando levemente a sua cabeça que, aliás, doía muito.

Tinha acontecido de novo. 

Até que não foi uma bad trip, mas tinha que parar com esses alucinógenos, esse boa noite, Cinderela voluntário.


Tinha a cozinha sim. Até sabia se virar no meio das panelas. E tinha largado o Direito, mas foi no segundo ano da faculdade.

Gostava mesmo era de quimica. E gostava um pouco demais!!

 

Rio de Janeiro, novembro de 2024.

 


 

 Indústrias Criativas: Um Motor para Desenvolvimento e Inclusão Global


As indústrias criativas estão emergindo como um dos mais importantes motores de desenvolvimento econômico no mundo. Este setor, que abrange música, cinema, design, artesanato, moda, tecnologia, entre outros, tem o potencial de criar empregos, fomentar a inclusão social e gerar divisas internacionais por meio da exportação de bens culturais. A capacidade de inovar e transformar ideias em produtos e serviços culturais coloca essas indústrias na linha de frente para promover a diversidade cultural e a coesão social.

No Brasil, a economia criativa já representa uma importante fatia do PIB, e a tendência é de crescimento. Projetos culturais bem-sucedidos podem revitalizar comunidades, gerando oportunidades de emprego para jovens e profissionais criativos que muitas vezes encontram poucas opções em setores tradicionais.


Cedro Rosa Digital: Inovação e Crescimento no Mercado Musical Global



A Cedro Rosa Digital tem sido uma peça-chave nesse cenário. Fundada por Antonio Galante, a plataforma de certificação e distribuição de obras e gravações musicais da empresa está ajudando a transformar a forma como a música é valorizada e distribuída globalmente. Com o sistema CERTIFICA SOM, a Cedro Rosa assegura que compositores, intérpretes e toda a cadeia criativa envolvida na produção musical sejam devidamente creditados e recebam seus direitos autorais de forma justa, utilizando ferramentas de blockchain e inteligência artificial para garantir a transparência.

Essa inovação não apenas democratiza o acesso ao mercado, mas também abre portas para que artistas independentes de cinco continentes possam ter suas obras licenciadas para uso em filmes, publicidade, jogos e outros produtos midiáticos. Esse modelo de negócios cria novas fontes de receita para os criadores e amplia a visibilidade da música brasileira e global, trazendo divisas internacionais para o país.


Parceiros Estratégicos: Unindo Forças Globais



A Cedro Rosa não trabalha sozinha. A plataforma conta com importantes parceiros internacionais, como a ASCAP (American Society of Composers, Authors, and Publishers) e a SACEM (Société des Auteurs, Compositeurs et Éditeurs de Musique), além do ECAD (Escritório Central de Arrecadação e Distribuição) no Brasil. Além disso, colaborações com instituições de ensino e tecnologia, como a UFCG (Universidade Federal de Campina Grande), EMBRAPII e SEBRAE, estão contribuindo para o desenvolvimento de soluções tecnológicas avançadas, incluindo o uso da IA na gestão de direitos autorais.


Essas parcerias estratégicas permitem que a Cedro Rosa participe de feiras e simpósios internacionais em países como China, Dubai e Cuba, com o apoio da APEX (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos), ajudando a projetar a cultura brasileira no cenário global.


Portal CRIATIVOS!: Fomentando a Diversidade de Pensamento

Outro braço importante dessa empreitada é o portal CRIATIVOS!. Há quatro anos no ar, o portal é um espaço digital onde artistas, intelectuais, juristas e a comunidade das artes e da cultura se encontram para debater ideias, compartilhar conteúdos e gerar reflexões sobre os rumos da economia criativa. Editado diariamente, o CRIATIVOS! tem sido uma plataforma essencial para fomentar o pensamento crítico e a diversidade cultural, promovendo projetos que buscam inclusão social, sustentabilidade e inovação

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