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Foto do escritorJosé Luiz Alquéres

DICIONÁRIO DOS REFUGIADOS DO NAZIFASCISMO NO BRASIL


José Luiz Alquéres

Vice-Presidente da Casa Stefan Zweig



Ser criativo e ser inovador não são apenas atitudes individuais. Criatividade e inovação se dão também quando vemos um desejo coletivo de construir o novo e o melhor.


O desenvolvimento artístico e cultural do Brasil - que sempre prenunciou mudanças maiores em nossa forma de nos vermos como povo e influenciou nossas realizações futuras - apresenta três importantes pontos de inflexão. Os dois primeiros são bastante lembrados e objeto de inúmeros estudos. O terceiro ponto já nem tanto. São eles:


O primeiro, é o da chamada 'Missão Francesa de 1816', chefiada por Joachim Lebreton, um grande artista e mestre francês, que concebe a ideia de trazer para o Brasil técnicos e artistas que se sentiam perseguidos em função de suas ligações bonapartistas. Aqui chegando, a comitiva recebeu o apoio de D. João VI e criou a 'Real Academia de Ciências, Artes e Ofícios', de efêmera existência. Durante alguns anos, tentaram vencer a resistência da elite econômica inculta e bairrista, apegada ao barroco e rococó da arte religiosa, por sinal magnífica, mas praticamente a única que conheciam. Aos trancos e barrancos, tais artistas e seus alunos foram pavimentando a entrada do estilo neoclássico no Brasil, contribuindo nas artes, arquitetura, construções, música e os mais variados ofícios urbanos. Até hoje seus descendentes, como os Taunay, Ferrez, Pradier e outros, são presentes e suas realizações marcantes.


O segundo ponto de inflexão se materializa fortemente cerca de cem anos após o primeiro, no centenário da independência, sucedendo manifestações precursoras de artistas e estudiosos pernambucanos, e tem na 'Semana de Arte Moderna de 1922' seu símbolo maior. Ele tem vários estágios que se estendem até meados dos anos 30. Viu-se parte de seus líderes derivarem para extrema direita e criarem o Integralismo, movimento afinado com o que se passava na Europa. Outros integrantes destacados do mundo cultural embarcaram na grande aventura do comunismo nos trópicos, com a fundação do Partido Comunista do Brasil, em Niterói, naquele mesmo ano de 1922. Toda filiação e diretrizes ideológicas alinhadas com o que se via em Moscou, na ainda recente revolução comunista soviética.


A criação artística e produtiva, a procura do inovar, também se refletiu fortemente nas artes plásticas, literatura e na arquitetura. Após um pequeno surto de neocolonialismo (do que existem vários testemunhos em edifícios públicos e privados, como o Solar do Monjope, no Rio de Janeiro, por exemplo) afirmou-se um estilo de arquitetura próprio, de forte influência do francês Le Corbusier, e que vai ser difundido pelo Brasil na forma do concreto armado com curvas e vãos livres monumentais. É um movimento altamente criativo na temática e na forma, nacionalista por excelência.


O terceiro e (injustamente) menos destacado ponto de inflexão se dá com a chegada de exilados que fugiam da ameaça nazista no final da década de 30 e início dos anos 40 do século passado. Surge agora importante obra literária como para nos lembrar da importância deste momento. Ele se dá com a destacada contribuição de uma leva de mais de 15.000 exilados políticos, muita gente culta dentre eles, que aqui aportaram a partir das hostilidades fascistas. O livro recém-lançado que dá o nome a este artigo, trabalho fascinante de Israel Beloch, Fabio Koifman e Kristina Michahelles, da Casa Stefan Zweig, mostra em quase 400 biografias o resumo da vida de exilados, a maioria judeus, que para o Brasil vieram.


 

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São médicos, músicos, literatos, teatrólogos, fotógrafos, tradutores, editores, professores, artesãos, engenheiros, pintores, todos selecionados dentre o grande grupo de refugiados, que ilustram bem esta infusão de cultura em nosso ambiente. No panorama cultural, tivemos Lispector, Rónai, Carpeaux, Ziembinsky, Segall, Mira y Lopez, Bernanos, sem falar nos engenheiros, técnicos, comerciantes, financistas, artesãos, cozinheiros, confeiteiros, profissionais da área têxtil, enfim gente que mudou em definitivo a maneira de se fazer as coisas em nossa terra. Tais homens e mulheres tiveram a maior importância em sintonizar a intelectualidade brasileira com as grandes correntes da arte e do pensamento europeu. O Brasil ampliou seus interesses sob o influxo de novos conhecimentos e visões, sem deixar de lado também o aspecto do humanismo e da solidariedade, trazidos com a tragédia de todo um povo submetido ao bárbaro holocausto em pleno meados do século XX.


Com os altos e baixos que tais processos enfrentam, resistências, preconceitos, mas também apoios, sua influência mudou o nosso país. Temos clubes e colégios israelitas. Temos professores, intelectuais, jornalistas e políticos. Eles estão em todos os campos do comércio, da indústria e da agricultura. E são tão brasileiros quanto qualquer brasileiro. Aliás, Jorge Luis Borges, o grande escritor argentino já dizia que nós (brasileiros e argentinos) somos de fato os verdadeiros europeus, face à enorme presença misturada de avós e bisavós portugueses, italianos, franceses, alemães em quase todos nós - muitos também enriquecidos com o sangue judaico, como mostram os recém popularizados exames de DNA. Um Brasil diferente, melhor e mais criativo, está emergindo, focado em um futuro fraterno, como apontou Stefan Zweig.


Alberto Dines, idealizador com Renato Bromfman da Casa Stefan Zweig, estaria muito feliz em contemplar este alentado volume, que traça a história dos que para aqui vieram, não para se esconder, mas para se afirmar, como mostram suas biografias. A Casa Stefan Zweig, da qual Dines foi o primeiro presidente, hoje é visita obrigatória em Petrópolis.


 

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