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Diferença



A diferença é dificilmente aceita. Para alguns, é simplesmente insuportável. Esses são os que vem dar ordens, querendo que os outros façam ou pensem do mesmo jeito que eles. São de difícil convivência, pois só te oferecem as opções de obedecê-los ou brigar com eles.


O problema da diferença aparece na democracia. Cada um deve ter o direito de votar em quem quiser, e para que o individuo tenha essa liberdade sem constranger uns ou brigar com outros, o voto, em princípio, é secreto. Mas as pessoas começam por se revelar através das campanhas. Campanhas tratam cada candidato político como um produto industrial sendo propagandeado.


Nascem da injustiça, pois mais dependem das quantias que vão criá-las do que da eficiência de quem promovem. Justiça seria proibi-las e deixar para cada político a responsabilidade de persuadir o publico a seu favor através dos debates. Enquanto isso, as campanhas são também ocasiões pra todo o tipo de chantagem e suborno, e acabam por tornar a diferença de qualidade entre candidatos em diferença monetária, fazendo da democracia uma ocasião para que se receba e se faça pressão de todos os lados.


A rejeição da diferença é a origem do autoritarismo, quando aqueles que só suportam ver espelhos nos outros se sentem agredidos quando isso não acontece e reagem com agressão. Não devem conhecer o espaço interior só deles, esse de onde nasce a convicção, e diante da diferença, ficam sem saber quem são e a rejeitam. Seu autoritarismo esconde sua incapacidade de se assumir por inteiro. Ao contrário da liderança, quando o próprio líder obedece a uma causa alem de si mesmo e que transmite a outros, o autoritarismo é disfarce de fragilidade.


As pessoas, entretanto, parecem desconhecer cada vez mais o limite entre diferença e discriminação. Diferenciar é caracterizar, e não discriminar. Confundir as duas coisas é um total golpe de misericórdia na aceitação da diferença. Se o “politicamente correto” em muita coisa é “correto”, em outras é massificante por tornar a caracterização de alguém praticamente impossível, como se todos os humanos tivessem que ser idênticos. No entanto, o reconhecimento de diferenças físicas e intelectuais entre as pessoas, se não for usado em favor da discriminação, deve ser, no mínimo, enriquecedor. A ficção de igualdade perde de vista muitos parâmetros não só realistas como saudáveis e cria outros preconceitos. Referir-se à beleza de uma mulher para caracterizá-la, por exemplo, é considerado “sexismo”, no entanto, não só mulheres como homens, se forem sinceros, hão de admitir prazer em serem notados por sua beleza, se a tiverem. Pois a beleza, que é silenciosamente bem-vinda muito antes da palavra, é o luxo que dispensa o discurso.


Quem não quer essa bênção do silencio?


A igualdade entre homens e mulheres é em muitos sentidos outra ficção, que vê como condescendência o comportamento educado de um homem fisicamente ajudar a mulher, lhe cedendo o lugar num ónibus ou se oferecendo para carregar suas compras. No entanto, a mulher é fisicamente mais frágil, sofre muito mais a alteração de seus hormônios, e carrega cada filho na barriga por muitos meses. Por isso, Camille Paglia se revolta contra o fato de que não é requerido nos cursos “estudos femininos” o ensino e estudo da biologia.


Continuando os exemplos, caracterizar alguém como “escuro” ou “preto” é incorreto, mas não como “loiro” ou “alto". Pode se indicar um homem dizendo, “aquele cara loiro ali”, mas não aquele “escuro”, mesmo que este seja o único no meio de um grupo de chineses, indígenas e brancos.  Essa censura só faz reafirmar os velhos valores conservativos e preconceitos sociais, que enxergam nos loiros a evocação do primeiro mundo, e nos “escuros”, a da escravidão. Atras de uma máscara, preconceitos são mantidos quando a diferença é vista e usada como discriminação ao invés de caracterização.


Quando eu era pequena, adorava o carinho de minha avó quando ela me chamava de “Minha nega”. Claro que a palavra “nega”, quando usada com tom de desprezo, só pode despertar ressentimento. Frequentemente, o problema está mais no modo e atitude como as palavras são usadas do que nas palavras em si mesmas.


Enquanto o reconhecimento da diferença for ameaçador e a ignorância desta considerada nobre, o “politicamente correto” oferece a solução com a ficção de que somos todos iguais. Mas a biologia fala diferente. Por isso, Huxley, na sociedade do Admirável Mundo Novo, manteve a diferença entre seus vários níveis de habitantes, que eram criados em total e hierárquica diversidade biológica, resolvendo sarcasticamente o problema através da lavagem mental feita em cada um para que pensasse ser o mais feliz de todos. Mas a sociedade do Admirável Mundo Novo é uma sátira do que não desejamos, e certamente há modos mais humanos e realistas para reconhecer a diferença.


 

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