DIFERENÇAS...
O melhor e o pior da humanidade podem estar na diferença. O contato e o respeito às diferenças entre os humanos poderiam nos ter tornado infinitamente melhores do que efetivamente fomos até aqui. Mas o desrespeito e o desprezo ao diferente, contrariamente, nos tornaram isso, uma raça de guerreiros no pior sentido do termo, combatendo sempre aquilo que não entendemos ou, pior, nos parece ainda que levemente estranho ou contrário ao nosso conjunto básico de crenças. Crenças essas já derivadas da diferenciação cultural que nos dividiu desde o início, numa clara demonstração do que seríamos ao longo dos séculos.
São reflexões que, a esta altura do campeonato, provavelmente não nos levarão a parte alguma.
Ou talvez nos ajudem a entender episódios complexos, simplificando o que já nos tirou o sono em outros momentos.
Eu não sou historiador. Longe disso. Mal e mal conheço os elementos fundamentais da agronomia, a graduação que tenho. Mas sou atrevido e teimoso, ainda que aberto às correções de gente melhor preparada, ou seja, quase todo mundo.
Se faço uma pequena incursão por uma reflexão histórica, ela é toda derivada do atrevimento.
Então lá vai: as ditaduras da América Latina, incentivadas, fomentadas, planejadas, apoiadas e mesmo construídas pelos militares e por civis conservadores com a participação direta e decisiva dos Estados Unidos NUNCA tiveram o objetivo central de combater o comunismo, conforme se perpetuou o discurso que até hoje brota da boca de gente que não estudou história direito e que foi parte da base que elegeu o governo passado.
Não bastasse a instalação das ditaduras coincidir parcialmente com o momento da independência das colônias europeias na África (especialmente os países subsaarianos e austrais) e a conclusão do mesmo processo no sudeste da Ásia, com a independência de Singapura em 1965 e o consequente enfraquecimento do poder sob o aspecto simbólico do domínio colonial, também eram os países latinos fonte inesgotável de insumos para a sempre faminta economia estadunidense, que não podia sujeitar suas demandas às variações políticas derivadas de democracias locais fortes e suas possíveis alternâncias de poder. A garantia de alianças cegas, sem risco, era muito mais importante que qualquer democracia, ao contrário do que se pregou historicamente.
Contra o único país efetivamente comunista da América Latina, os Estados Unidos aplicaram o duro golpe do embargo econômico, que numa economia polarizada entre o leste e o oeste, complicaram demais a vida da pequena ilha de Cuba, tão próxima de seus algozes e tão distante de seus protetores.
Voltei há pouco de minha terceira visita à Ilha de Marti, Fidel, Pablo Milanez e Silvio Rodriguez, pra ficar em poucos personagens. Listar Che, Camilo e todos os mestres do Buena Vista Social Club seria longo e enfadonho.
E quase todos os elementos dessas reflexões iniciais se baseiam nas coisas que vi por lá nas três viagens e talvez mais nessa última. Como escrevi das vezes anteriores, o povo é muito mais bem formado que o nosso. Os mais pobres dentre os mais pobres falam três idiomas ou pelo menos dois, coisa que no Brasil é privilégio de nossa classe média frequentadora da Disney ou da universidade, que é universal lá e não aqui, aliás.
E a questão da diferença vem à tona novamente aqui. Ao manter o criminoso e desumano bloqueio econômico a Cuba, os EUA manifestam sua face mais terrorista e cruel na aversão à diferença, na medida em que recebem os que fazem a assustadora travessia de balsa para a Flórida (ao contrário dos que chegam nadando pelo Rio Grande, que são alvejados pelas milícias do Texas ou presos imediatamente após a travessia, quando não morrem no deserto), mas mantém o país, a poucos quilômetros dali, asfixiado economicamente. E o bloqueio se baseia apenas na aversão à diferença, ouso dizer.
E se ouso é porque acredito, mesmo, que a pequena ilha, com seu povo mais instruído que a média do povo americano, ainda pode se constituir em uma influência capaz de minar as bases do grande lumpesinato latino, aquele bando de pobres explorados que, encantados pelo “sonho americano”, acham que terão vida melhor no irmão do norte, depois da travessia. O equivalente centroamericano da pobreza de direita que votou 17 ou 22 por aqui em anos anteriores. Mas tudo absolutamente justificado, considerando a pobreza imposta pelo mesmo bloqueio, num maldito círculo vicioso.
É muito assertivo o discurso de que devemos ser intolerantes com a intolerância. Não resta dúvida. Discursos de ódio e eliminação do diferente não podem ser tolerados ou tratados como “liberdade de manifestação”. Mas a tolerância já manifestada ao longo de quase toda a história do capitalismo com regimes absolutamente odiosos tira todo e qualquer sentido de um bloqueio que impede um povo tão festivo, criativo e capaz, como o cubano, de manifestar todas as suas potencialidades.
Na próxima, eu falo da viagem.
Foi sensacional!
Rio de Janeiro, maio de 2024.
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