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Foto do escritorEleonora Duvivier

Divina Ayahuasca


Eleonora Duviver_fonte: Theodora Duvivier

Como toda criança que cresce `a beira do mar, levei muitos caldos das ondas. Ser pega de surpresa e rodopiada por alguma delas durante segundos escuros de uma aniquilação mental que que quando dentro daquela força liquida não me deixava ver nem começo e nem fim, nem direita e nem esquerda, nem acima e nem abaixo, até conseguir me situar em meio ao turbilhão de água salgada, me ensinou a levantar-me tonta, abalada, mas renascida. Era então que eu via o mundo `a minha volta com humildade apologética. A trivialidade confortável das pessoas que apanhavam sol sentadas na areia contrastava com a hesitação e respeito com que eu andava sobre ela, como se aquelas pessoas fossem uma audiência ridicularizando a minha instabilidade e reverencia. Mas no alívio e gratidão de voltar a respirar, eu estava livre de qualquer autoimportância. Livre de mim mesma.


Tal experiência se tornou metáfora recorrente das situações cruciais em minha vida, como meus encontros com ayahuasca, medicina imprevisível da floresta. Ela nos pega de surpresa e nos dá um bom de um caldo, antes de nos liberar para ver a verdade: O mar, pelo qual todas as ondas deixam de ser, anulando-se na branquidão nervosa de sua explosão, para poder retornar ao infinito azul.


Ayahuasca é a onda, o mar, e o amor entre eles, esse poder magnifico de partida e retorno que faz com que cada um deixe de ser para virar comunhão com o outro, a própria liberdade. A onda rompe com sua fonte e se transforma na suave espuma do reencontro, redescoberta, e independência para novas despedidas.


Literalmente falando, ayahuasca acaba com a rigidez dos conceitos com que construímos o mundo, eliminando os limites de nossa consciência e causando uma comoção visceral que nos faz sentir às portas da morte, para finalmente nos ressuscitar na humildade e agradecimento à sua revelação sacramental da realidade. Mas deixar o trivial pelo sagrado não é brincadeira. A medicina das plantas tem de nos destruir e recriar, e cada um de nós recebe a lição que merece. Liberando-nos assim da relatividade de nossos padrões terrestres, ayahuasca nos concede a experiência mística; a imensidão do Amor.


Ayahuasca é cura na dimensão física, psicológica, e espiritual, ensinando-nos serem elas indissociáveis, assim como a integridade com que o mundo nos aparece depois de sermos sugados e liberados por uma onda do mar. Mostrou-me que minha mente, meu corpo, e todos os acontecimentos de minha vida, reconciliados através de seu olhar amante, formam um mesmo momento.


foto: Edgar Duvivier

Rompendo com o contexto da sobrevivência que divide a realidade nos polos opostos do que é bom ou ruim para nós e através do qual julgamos a criação, ayahuasca é a verdade da dimensão poética e cósmica. A verdade do paradoxo. Pois enquanto liberação desse contexto utilitário e temporal, ayahuasca reconcilia extremos. Revela o que é imenso sem ter tamanho, o que é distante e ainda assim visceral, e o que é inacessivelmente profundo como presença inerente á nossa alma.


Ayahuasca é pureza: descomprometimento dos meios aos fins, o ignorar qualquer transição, ou seja, desconhecer do que regula o detestável pragmatismo que reina sobre nossa vida e que faz com que o valor de tudo só se encontre na sua função, naquilo que pode atingir num momento que está sempre adiante. Ao contrário disso, seja la o que for, sob ayahuasca, o é em absoluto. O sacramento da floresta nos ensina a ver, na pluralidade de uma cesta cheia, o pão nosso de cada dia, o único, o que nos é dado por Deus.


Ao resgatar a dimensão sagrada de cada qual e do todo, ayahuasca me mostrou que o individuo não é uma parte de, mas sim o ser com esse todo, uma totalidade refletindo a outra.

Quem sabe a divindade não é o infinito dessa reflexão? A abrangente generosidade que nos inspira a dizer, como disse o poeta Alexandre Manuel Thiago de Mello: “Somos estrelas de um só momento, cujo brilho altera a ordem do firmamento.”

 

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