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DOENDO MUITO



A saída do grande tubo da tomografia era desconfortável demais. Mais ainda por causa da sensação prévia de que seria mais um exame sem resultado definitivo, ou ao menos sem conclusão para o objetivo determinado, que seria a descoberta do motivo das dores lancinantes que vinha sentindo pelo corpo todo já há  algum tempo.


Não lembrava direito quando elas tinham começado, mas a esta altura já tinha feito exames de todos os tipos, invasivos ou não, com e sem coleta de material orgânico, com e sem radiação, com o uso ou não de contrastes ingeridos ou injetados. Não tinha mais a conta de quantas vezes abriu a boca ou tirou a roupa diante de médicos e médicas.


Quantos eletrodos mediram seus batimentos em regularidade e frequência? Foram tantas medidas de pressão sanguínea, glicose, creatinina, colesterol, triglicérides, PSA, vitaminas, sais minerais.


Em geral, se alimentava bem e levava a vida com relativa tranquilidade, ao menos a tranquilidade possível para uma vida de classe média numa grande cidade brasileira, onde as preocupações principais passam pela segurança pública e pelo custo das coisas.


Nada parecia contribuir para o aparecimento daquelas dores agudas e difusas que aos poucos foram se tornando  frequentes ao ponto de quase inviabilizar a rotina. Rotina, aliás, era a que vivia agora entre consultórios, laboratórios, farmácias e, por vía das dúvidas - mesmo com o ceticismo que era sua principal doutrina - igrejas, centros espíritas e terreiros variados.


Os últimos anos tinham sido muito dolorosos. Não sob o aspecto de suas ambições pessoais. Seguia sendo relativamente bem remunerado no trabalho e não vivia grandes problemas familiares. A saúde, agora prejudicada pelas dores, tinha histórico imaculado. Mal conhecia dores de cabeça. Os dentes não viram cárie, mesmo sendo de uma geração acostumada a extrações, obturações e tratamentos de canal.


As maiores dores até ali, salvo aquelas intangíveis, da alma, causadas por rompimentos amorosos ou perdas de diversos tipos, tinham sido tombos ou topadas. Nem furar o pé com caco de vidro ou prego. Nem queimar o dedo ou morder a língua. E foi daí que veio a suspeita. Por alguma razão ligada a um tipo de inteligência não óbvia, indireta, subjetiva, ele tinha deixado de acompanhar as notícias em tempo real.


Inicialmente encantado com essa possibilidade, que tinha tornado o jornal impresso das manhãs uma espécie de galeria de exposição de notícias ultrapassadas, visto que não só a divulgação dos fatos e versões, mas também aprópria ocorrências deles parece ter se tornado mais veloz, desencantou-se com as redes sociais pelo mesmo motivo.


Excesso de dados, informações e principalmente futilidades em quantidades jamais vistas, com o agravante de incluir a vida privada da maior parte dos novos produtores de notícias. Desistiu. Não se interessava por dancinhas de mocinhas bonitas ou erros de português primários de quem busca a fama desesperadamente. Afinal, como dizem, “a fama só vem antes do trabalho no dicionário“. Gostava dessa máxima.


Mas teve contato com esse tipo de coisa. E ao invés de desenvolver a tradicional vontade de produzir conteúdos virais e monetizar imagens imbecis tomadas por um celular trêmulo nas ruas, fazer piadas sem graça ou tentar vender cursos de enriquecimento, além de outras práticasainda menos lícitas e que em geral se relacionam com sexo, políticas de direita ou jogos , o que sentiu foi a primeira pontada no abdômen.


Como abandonou as redes e, claro, também por um conhecimento mínimo de assuntos de saúde e biologia, que jamais relacionariam aqueles “conteúdos“ da internet com alguma somatização, não fez ilações a respeito. Agora, com dores insuportáveis e apelando pra tudo, resolveu fazer um teste.



Quando ligou a tv, viu um coach falando absurdos em São Paulo, candidato a prefeito. Sentiu fortes náuseas e uma dor de estômago. O assunto seguinte era sobrebombardeios israelenses em áreas habitadas por civis em seu entorno . A cabeça doeu forte. Quando noticiaram as queimadas criminosas que se somaram às secas históricas e fizeram a fuligem cobrir grande parte do Brasil, um acesso de tosse inesperado e forte dor de garganta acometeram o coitado.


A propaganda eleitoral com a figura de certo ex-dirigente chamando eleitores para seus protegidos preferidos também fez mal a ele. O coração passou a doer, numa angina que ainda não tinha sentido. As pernas doeram e bambearam com as informações sobre os jogos ilegais que passaram a influenciar fortemente os jogos de futebol. Os intestinos se abalaram quando se falou na ascensão da extrema direita na Áustria e na Alemanha.


As mortes de imigrantes no Mediterrâneo e na fronteira Sul dos Estados Unidos causaram uma dor nos braços como nunca havia sentido antes, algo como se estivessem sendo moídos os ossos dos membros superiores.


O fato de muitos brasileiros acharem normal a maior parte desses acontecimentos, duvidarem do formato globóide da Terra, negarem a necessidade de controle ambiental das atividades humanas, a necessidade de uma agricultura não agressiva com a natureza e ainda idolatrarem políticos que claramente jogam contra a maioria da população causou um tremor seguido de dor generalizada.


A única coisa levemente parecida foi o que sentiu quando, levado a um hospital, ouviu o motorista de Uber gabar-se de ter se tornado um empreendedor.


Não tinha mais jeito. Parecia irreversível. Ainda viu a Arabia Saudita iniciar a construção da maior cidade “planejada” do mundo, no deserto, com centenas de quilômetros de comprimento e formada por edifícios altos e interligados, tudo baseado no consumo de petróleo.


Saiu imediatamente da frente da tv e correu pra pedir um táxi que o levasse a algum hospital onde pudesse tomar um analgésico forte, alguma morfina, codeína, uma coisa dessas.

Acordou quando caiu da cama, procurando o celular no criado mudo da cabeceira.

Mas só as dores eram pesadelo...

 

 

Rio de Janeiro, outubro de 2024.

 

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 Indústrias Criativas no Brasil: O Papel da Cedro Rosa Digital no Crescimento do Setor

As indústrias criativas desempenham um papel fundamental na economia global. Segundo pesquisas do Itaú Cultural, 3,11% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil é composto por atividades ligadas a esse setor. Em termos globais, o impacto é ainda mais significativo, gerando milhões de empregos e movimentando bilhões de dólares. Com um cenário tão promissor, o Brasil destaca-se como um país altamente criativo, onde iniciativas como a da Cedro Rosa Digital são essenciais para o crescimento e consolidação dessa indústria.


O Portal CRIATIVOS! e a Diversidade Intelectual

Uma das frentes mais inovadoras da Cedro Rosa Digital é o portal CRIATIVOS! (www.criativos.blog.br), que, há quatro anos, publica diariamente artigos e reflexões de grandes pensadores, especialistas e profissionais da cultura e economia criativa. Este espaço é dedicado à troca de ideias e ao fomento de discussões sobre a integração entre cultura, criatividade e inovação. O portal reúne contribuições diversas, sem focar em colaboradores específicos, permitindo uma ampla gama de perspectivas sobre temas culturais, sociais e econômicos.



CERTIFICA SOM: Inovação e Parceria Acadêmica

Além do portal, a Cedro Rosa Digital  vem se destacando no campo da certificação musical com o desenvolvimento do projeto CERTIFICA SOM. Em parceria com a Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) e o Parque Tecnológico da Paraíba, com apoio da EMBRAPII e SEBRAE, o CERTIFICA SOM visa a criação de uma plataforma que permitirá a certificação e distribuição de obras e gravações musicais de forma automatizada e global. Utilizando tecnologias como blockchain e inteligência artificial, o sistema garantirá que compositores, intérpretes e produtores recebam seus direitos autorais de maneira justa e eficaz em escala internacional.

Essa parceria acadêmica fortalece o projeto ao unir o conhecimento técnico da UFCG, uma das principais instituições brasileiras na área de tecnologia, com a experiência da Cedro Rosa no setor cultural. O objetivo é assegurar a correta identificação e creditação das músicas, promovendo a inclusão de todos os envolvidos na cadeia produtiva da música e gerando novas fontes de renda.


Participação em Feiras Internacionais

A Cedro Rosa Digital também marca presença em importantes feiras e eventos internacionais voltados à indústria criativa, reforçando a sua posição no cenário global. Entre as feiras destacadas estão eventos na China, Dubai e Havana, onde a empresa busca parcerias estratégicas e novas oportunidades para expandir sua atuação. Com apoio da APEX (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos), a Cedro Rosa leva o talento e a diversidade da produção cultural brasileira a novos mercados, ampliando as possibilidades de monetização e licenciamento de obras no exterior.


Impacto das Indústrias Criativas na Economia Brasileira

Com um potencial tão grande, as indústrias criativas no Brasil são vistas como um caminho viável para o desenvolvimento econômico e social. O setor emprega milhões de pessoas, direta e indiretamente, e seu impacto pode ser ainda maior com o avanço de iniciativas como a da Cedro Rosa Digital. Ao aliar tecnologia, cultura e criatividade, a empresa não apenas contribui para o crescimento econômico, mas também promove a valorização da cultura brasileira no cenário mundial.


Em um mundo onde a economia criativa só tende a crescer, empresas como a Cedro Rosa mostram que é possível aliar inovação e tradição, criando oportunidades tanto para os grandes centros urbanos quanto para as regiões mais periféricas.


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