Empate

Moro em mim. Mas também no planeta. Cada vez que olho para dentro é o rastro do outro que vejo, é o choro do outro que ouço, é a falta do outro que sinto.
Moro em mim. Mas também no planeta. Cada vez que olho para fora, vejo chamas internas nos incêndios de grandes florestas. Vejo minha fome interna na matança de peixes, aves e mamíferos.
Pesam minhas mãos nas guerras que nunca comecei (mas nada fiz para que terminassem). São meus ais os lamentos das mães palestinas, das mães da Maré e das crianças do Congo.
Também é meu o pavor dos imigrantes e o odor nauseabundo de seus corpos retirados do Mediterrâneo – encontro e desencontro entre três continentes.
Moro em mim. Mas também em você, nela, nele, em vós, em torno e dentro.
Na palavra que me acompanha habitam muitos, dilacerados por tanto tempo, que me pergunto se ainda cabe a Poesia neste mundo.
janeiro de 2025
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Música boa!
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