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Estratégia para Preservação do Centro do Rio


A preservação dos centros das cidades é uma questão que as grandes cidades nascidas - ou especialmente desenvolvidas na expansão do uso do automóvel - necessita ser encarada em seu contexto mais amplo. As cidades, no fundo, expressam uma organização espacial composta pelo contexto físico onde ocorrem atividades econômicas e de interações humanas. Especialmente, para tornar mais objetivo este artigo, vamos focar em três dimensões.


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A primeira dimensão é a habitabilidade. A cidade, ou seu centro, deve oferecer condições de abrigo, condições de habitabilidade e condições de proteção a quem mora ou nela desenvolve atividades. No tocante a este ponto, ao encarar a situação do Centro do Rio, verificamos que ele hoje se encontra bastante sacrificado. Embora a cidade não seja a culpada pela situação social da região metropolitana do entorno do Rio, ela acaba sendo penalizada pela concentração de moradores de rua, muitos ocupados em atividades sub-remuneradas, ligadas à coleta de papel e lixo. Há ainda aqueles que lá ficam em função do custo de transporte para seus locais de residência, mais distantes do Centro. O primeiro foco, portanto, de recuperação da área é prover um número significativo de habitações temporárias para tirar das ruas tais pessoas sem-teto, oferecendo condições dignas de habitação, banho e refeição. Parece-nos fundamental a utilização de edifícios não ocupados e, talvez, a criação organizada de atividades ligadas à reciclagem e outras ocupações compatíveis. Neste sentido, os inúmeros galpões abandonados na área portuária poderiam ser utilizados. Algo a ser feito de imediato. Sem isso, nenhuma outra condição de ocupação econômica ou cultural se viabilizará. Há que se começar pelos cuidados com tal população mais sacrificada. Em paralelo, é importante o desenvolvimento de esquemas de policiamento e segurança durante o dia para prevenir a grande quantidade hoje observada de pequenos assaltos e furtos em lojas e pedestres.

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A segunda dimensão é a econômica. As cidades são os grandes centros de trocas, grandes centros de atividade econômica. O comércio, especialmente o do Centro do Rio, juntamente com a prestação de serviços, sempre foi bastante considerável. Viu-se, porém, profundas mudanças neste aspecto nos últimos anos. De início, descentralizando-se tais atividades pelos demais bairros da cidade. Em seguida, concentrando algumas lojas, especialmente aquelas consideradas mais sofisticadas, nos shopping centers e, mais recentemente, todas as atividades de serviços adotando regimes híbridos ou de home offices.


No tocante às atividades econômicas, há que se entender que dificilmente voltaremos a ver o preço de aluguéis de lojas nas ruas superarem em até dez vezes o preço do metro quadrado em escritórios nos edifícios de lá. Isto porque o acesso à rua não será mais um privilégio diferenciado para se atrair uma ocupação comercial. Observando situações similares em cidades europeias, o que temos é a ocupação de lojas antigas por um maior número de escritórios, de centros de serviços médicos, salões de beleza e estética e centros de serviço. Tais atividades disputam espaço com os setores que tradicionalmente vendiam produtos ao consumidor. Entendemos que isto deveria ser considerado ao lado da formulação de política ocupacional de comércio dividido por "setores". Assim, por exemplo, se teria uma região com maior concentração de lojas de ferragens, de material de construção, de tecidos, de roupas e calçados, eletrônicos, ..., tudo enfim dividido de modo a facilitar a busca do consumidor pelo produto desejado. Os comerciantes saberão apontar o que melhor lhes atende em tal sentido. Naturalmente, parece otimista demais pensar que os proprietários de imóveis voltarão a ter em suas lojas a mesma renda de outrora - especialmente porque também eram beneficiados pelos contratos comerciais menos rígidos que as leis de inquilinato, com a possibilidade de cobrança de luvas. Hoje a situação é bem diferente, mas pode melhorar. A terceira dimensão é a sacralidade. Já mencionei em outro artigo a importância da recuperação da viabilização da manutenção de atividades associativas, clubes, atividades religiosas, igrejas, atividades culturais, centros de pesquisas, associações de classe, museus e tudo que representa a ocupação do espírito não exatamente em "atividades produtivas" no sentido clássico, ou seja, na produção de bens de consumo/serviços. Falamos aqui de atividades que elevam a qualidade cultural: músicas, espetáculos, a troca de ideias, atividades de ensino, uma grande concentração universitária. São pontos que sempre foram destaque no Centro do Rio. Conjugado a isso, um significativo programa de restauração de fachadas de tradição colonial e imperial, tão peculiares em nossa arquitetura. Isto poderia ser bem explorado.


É um diferencial em nossa cida de. Há, ainda, que se repensar a questão viária: a Avenida Rio Branco poderia realmente virar uma rua exclusiva de pedestres, mesmo que se mantenha a linha existente do VLT, mas o resto todo com calçadas, bares, quiosques e atividades que permitam realmente a maior circulação da população. Poderia se pensar na conversão de alguns edifícios comerciais em residenciais, uma intensa programação cultural que traga movimento mais adequado, mais nobre e com mais geração de valor para bares, restaurantes e outras atividades. É uma cidade belíssima e que pode ter na Av. Rio Branco seu núcleo. Uma marca de modernidade neste local que, com seus pouco mais de cem anos, voltaria a ver dias de maior valorização e, a partir do qual, toda a área do entorno seria também beneficiada por este influxo.

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É preciso enfatizar que o poder público precisa tomar a iniciativa, mas apenas ações conjugadas e simultâneas nas três frentes produzirão o efeito necessário. Tal efeito é positivo para a área pública, pois corresponderá a uma valorização dos imóveis, a viabilidade de cobrança de impostos (que hoje está muito prejudicada nesta área), a atração de atividades econômicas (que, por sua vez, aumenta também a receita dos cofres públicos) e o aumento da renda geral da cidade, especialmente do turismo, turismo interno que tem em nossa cidade a tradição de ser durante anos a capital do país e seu grande centro cultural, que, aliás, vem desde o fim período colonial, passa por todo o período dos vice-reis, do império, da república e até a transferência da capital para Brasília. A organização do Centro, conjugada com a recuperação da área portuária, nos moldes já iniciados, mas readequados com usos habitacionais, com marinas de recreio à beira da Baía de Guanabara recuperada, despoluída, realmente podem fazer o Rio de Janeiro não apenas voltar aos seus melhores dias, mas realmente superar qualquer momento de sua história. Agora precisamos de um prefeito com coragem, um governador com sensibilidade e um governo federal que entenda que da harmonia da atuação desses três poderes está o futuro não apenas da cidade, mas da imagem do Brasil e da qualidade de vida de milhões de habitantes do Estado do Rio de Janeiro.


 

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