Euclides Amaral - olhar atento sobre oscaminhos de nossas Letras, da nossa Música
Euclides Amaral é escritor (poeta, letrista, contista e ensaísta), é pesquisador de MPB, produtor musical e gráfico. Formado em Comunicação Social pela Universidade SUAM (Publicidade & Propaganda). Cursou Português-Literatura na Universidade Gama Filho. Além de ser íntimo da arte de escrever, Euclides Amaral já fez trabalhos de produção iconográfica, revisão de português e de conteúdo para diversas editoras, entre as quais a MEC/Funarte, no livro MPB - A História de Um Século, de Ricardo Cravo Albin, em 2012. Entre 1999 e 2024 atuou como pesquisador musical da Biblioteca Nacional, FAPERJ, PUC-Rio, Uni-Rio, UFRJ, FINEP e CNPq, com bolsas de pesquisa das referidas instituições.
Neste período, trabalhou como redator e pesquisador musical do Instituto Cultural Cravo Albin, para o qual produziu verbetes para o site dicionariompb.com.br e para o Dicionário Houaiss Ilustrado de Música Popular Brasileira, publicado em 2006 pela Editora Paracatu.
Foi colaborador de jornais e revistas como BackStage, Socinpro Notícias, JG News e Revista da UBC, entre outras, com textos sobre a MPB. Trabalhou como produtor freelancer em programas de rádio sobre a MPB em diversas emissoras, entre as quais Metropolitana AM, Continental AM, MEC AM, Roquette Pinto FM e Nacional AM. Fez curadoria para projetos musicais, entre eles: Quintas no BNDES e Novo Canto.
A partir de 1975 publicou poemas em fanzines, jornais nanicos, revistas independentes e antologias por várias editoras do país. Do ano de 1978 em diante produziu cerca de 30 discos para selos, gravadoras e artistas independentes. Entre 1979 e 2024, por diferentes editoras, lançou nove livros de poemas: Sapo C/ Arroz (1979), Fragmentos de Carambola (1981), Balaio de Serpentes (poemas e letras, 1984), O Cão Depenado (1985), Sobras Futuristas (1986), Cynema Bárbaro (1989), Desafio das Horas (2013), Poesia Resumida (antologia poética, 2013) e Quase Tudo (poemas e letras, 2023); dois livros de ensaios: Alguns Aspectos da MPB (2008) e A Letra & A Poesia na MPB: Semelhanças & Diferenças (2019); um livro de contos: Emboscadas & Labirintos (1995) e o perfil artístico O Guitarrista Victor Biglione & A MPB (2009), além de dois CDs solos de músicas e poesia: Quintal Brasil – Poemas, Letras & Convidados (2012) e Perfil – Poemas, Letras & Convidados (2022), com diversos parceiros e intérpretes de suas letras, nos quais gravou vários poemas em cada um deles. Entre seus parceiros constam Rildo Hora, Joel Nascimento, Victor Biglione, Renato Piau, Carlos Dafé, Cacaso, Xico Chaves, Elza Maria, Eliane Faria, Ivan Wrigg, Amarildo Silva e Rubens Cardoso. Tem composições gravadas por Luiz Melodia, Anna Pessoa, Banda Du Black, Pecê Ribeiro e parceiros.
Mais informações em:
- COUTINHO, Afrânio; SOUSA, J. Galante. Enciclopédia de Literatura Brasileira. Coordenação de Graça Coutinho e Rita Moutinho. São Paulo: Global Editora; Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional/DNL: Academia Brasileira de Letras, 2001. 2 V, p. 1316 e 428.
- ALBIN, Ricardo Cravo. Dicionário Houaiss Ilustrado Música Popular Brasileira – Criação e Supervisão Geral Ricardo Cravo Albin. Rio de Janeiro: Instituto Antônio Houaiss, Instituto Cultural Cravo Albin e Editora Paracatu, 2006.
CRIATIVOS - Euclides Amaral, não há quem o conheça, ou conheça todas as suas frentes de trabalho, que não o considere uma verdadeira enciclopédia. Qual o Euclides que mais o completa: o poeta, o pesquisador, o jornalista, o letrista, o ensaísta, o contista? E por quê?
EUCLIDES AMARAL - Eu prefiro todos, e quando posso: Todos juntos e ao mesmo tempo! Pra uma resposta mais coerente prefiro usar o que aprendemos lendo os mestres Fiódor Dostoiévski e Jorge Luís Borges, não necessariamente nesta ordem. O escritor russo Fiódor Dostoiévski tem como base de sua produção a mescla de gêneros literários ao texto jornalístico e biográfico, passando pelo historiográfico, o que lhe deu um dos pódios de mestre na literatura mundial. Acredito que as gerações posteriores também usam deste artificio, com menor ou maior complexidade, e consequentemente com êxitos diferenciados. Tento fazer uso deste ensinamento na minha produção de ensaios, poesias, contos, matérias, pesquisa sobre a MPB e letras de músicas, às vezes, consigo um resultado que muito me agrada e é quando eu publico, de alguma forma, isto é, em algum suporte físico ou digital. Quanto ao feedback, depois de publicado, varia muito por diversos motivos, como é de se esperar. Nesta questão, da junção dos gêneros, acho que o escritor argentino Jorge Luís Borges, o segundo mestre a ser citado, foi enfático: “Creio que o poeta haverá de ser outra vez um fazedor. Quero dizer, contará uma história e também a cantará. E não consideraremos diversas essas duas coisas.”
CRIATIVOS - Como você divide o tempo entre tantos Euclides Amaral? Algumas dessas atividades dependem de inspiração, ou você acredita apenas na transpiração?
EUCLIDES AMARAL - Com relação à letra de música, na função de letrista, a inspiração (CONTEÚDO) vem por osmose (não no sentido biológico, e sim no metafórico) de escutar a melodia muitas vezes, depois é só adaptá-la à forma. Se esta, a FORMA, será explicitada na primeira, segunda ou terceira pessoas na letra ou será no passado, presente ou futuro, quem contará o “Causo”, já é outra questão. Lembro um pouco o “Acontecido”, com o Riobaldo em “Grande Sertão: Veredas” (na primeira pessoa) ou se “Viu falar”, como dizem os ribeirinhos, sambistas, jongueiros, entre outros que presenciaram a ação e o “Causo”, não importando se ele – o CAUSO – com apelos subjetivos, contudo, universais como AMOR, ÓDIO, CIÚME, INVEJA E/OU ADMIRAÇÃO, inerentes a quaisquer povo, de quaisquer tempos, ou mesmo se o “acontecido” é bem regional, portanto, datado e localizado, como por exemplo os clássicos “Notícia de jornal” (Luiz Reis e Haroldo Barbosa), “Minha história” (João do Vale e Raimundo Evangelista) e “Ministério da Economia”, de Geraldo Pereira e Arnaldo Passos, uma crítica dos compositores à criação deste Ministério por Getúlio Vargas, e nem por isso os três sambas deixam de ter inspiração e transpiração. Em todos os casos, a inspiração e a transpiração estão sempre presentes em maior ou menor grau, porém, em dueto na construção da história, seja ela, a história, em qualquer gênero literário: conto, romance, poesia, crônica, texto teatral e letra de música, entre outros. Já em relação à pesquisa musical, aí é 100% transpiração para ser gerado um ensaio com linguagem acadêmica (dissertação de mestrado ou tese de doutorado), ou sem linguagem acadêmica, no caso de matéria, verbete e/ou artigo jornalístico sobre o tema. Em todas estas ocasiões é enfiar a cara nos arquivos alheios e transpirar muito, além de comer ácaros com farofa à base de poeira.
CRIATIVOS - Você convive com nomes importantes do cenário artístico, pensando lá atrás, no começo, você destacaria alguma ou algumas influências?
EUCLIDES AMARAL - Destacaria três essenciais pra minha formação de observador e, posteriormente de leitor. A primeira seria a de ouvinte, pois em minha casa o aparelho de rádio ficava sempre na emissora Rádio Nacional, portanto, ainda criança, ouvia os clássicos daquela emissora, o que viria a influenciar a minha carreira de escritor em gêneros variados como poesia e contos, mas, principalmente como letrista, pois lá estava a nossa cultura oral da literatura, a cultura pela letra de música, reforçando a nossa tradição ibérica pela oralidade dos versos. Ouvia-se as letras de Orestes Barbosa, David Nasser, Vinicius de Moraes, Hermínio Bello de Carvalho, Ruy Guerra, Capinam, Torquato Neto, Fernando Brant, Márcio Borges, Paulinho Tapajós e Paulo César Pinheiro, e na década seguinte, a de 1970, os versos de Sérgio Fonseca, Toninho Nascimento, Aldir Blanc, Luiz Galvão, Sergio Natureza, Paulo César Feital e Salgado Maranhão, entre uma miríades de letristas espetaculares. A segunda influência seria a convivência, ainda na primeira infância, na casa do Seu Guilherme de Brito e da Dona Nena, onde o Seu Nelson Cavaquinho frequentava. Em meados da década de 1960 (eu sou de 1958) com sete anos já ouvia os sambistas deste naipe, ainda que não entendesse porra nenhuma do que eles cantavam. A terceira influência seria a dos Festivais da Canção das TVs Record e Excelsior, entre outra, a partir de 1965 e até 1975, com o primeiro da TV Globo, o “Abertura”. Desde o primeiro que vi, em 1965, influenciado por minhas irmãs, ficava na torcida por uma ou outra composição, sempre atento às letras, pois minhas irmãs mais velhas eram adolescentes nesta época, e uma delas escrevia letras pro namorado, e por volta de 1971 viramos parceiros, quando comecei a escrever letras para as melodias dele. Comecei como letrista, nunca tinha escrito uma poesia até 1976, pois só escrevia instado por uma melodia. Foram cinco anos fazendo letras pro meu cunhado e outros melodistas como o meu irmão Jorge Gaúcho (que tocava violão direitinho!). Mas sempre me davam samba pra colocar letra, talvez por ser discípulo do Seu Guilherme (meu ídolo, que fazia as letras pro Seu Nelson). Aos 12, 13 anos, comecei a ler os clássicos da literatura brasileira, livros das minhas irmãs. Li bastante dos diversos Estilos de Época: Barroco, Arcadismo, Romantismo, Simbolismo, Modernismo e a Geração de 30 (romance, contos, poesias, crônicas). Aos 15 anos descobri a Geração de 45 (Guimarães Rosa, Mário Palmero, José Lis do Rego etc) e a literatura russa (Vladimir Maiakóvski, Vassili Kameiski e Vielimir Klebenikov, que era amigo e ídolo do Maiakóvski), além da Poesia Marginal (Cacaso, Chacal, Geraldo Carneiro, Xico Chaves, Bernardo Vilhena, Ronaldo Santos, Fred Góes e Ronaldo Bastos, entre outros ressaltados pelos estudos da professora Heloísa Buarque de Hollanda). Foi quando comecei a escrever poesia, acho que em 1976, não lembro exatamente, eram muitas viagens em diversas drogas.
CRIATIVOS - Como testemunha e ator em momentos e movimentos artísticos nas últimas décadas, como você vê o momento atual das manifestações artísticas?
EUCLIDES AMARAL - As novas gerações de poetas (de livro) e letristas (de disco e também de livros) têm mais facilidade às informações do que a gente da década de 1970. Pra gente foi um pouquinho mais difícil ter acesso aos livros (ter de se inscrever em bibliotecas regionais, fazer carteirinha etc), além de ter de frequentar os pontos da época: Feira de Poesia da Cinelândia, saraus pelos bairros da zona sul e subúrbios, além dos da Baixada Fluminense (entre 1977 e 1989). Hoje em dia, no século XXI, a gente fica por dentro de tudo que tá rolando pela internet, mas há algum tempo era só pelas filipetas de mão (hoje e-flyeres). Portanto, ficou um pouco mais fácil circular e encontrar gente que escreve bem, e em contrapartida, gente que escreve de forma que a gente nem gosta tanto por estarem na “Infância Poétika”, mas ninguém é obrigado a escrever um clássico toda vez que produz um texto. Às vezes, é só esperar um pouco e teremos um grande autor, independentemente do sexo, contrariando os puristas de plantão.
CRIATIVOS - Hoje, quem na sua opinião é o 'farol', ou são os 'faróis' para as novas gerações de artistas?
EUCLIDES AMARAL - É difícil citar nomes, amigo, muita gente ficaria de fora... citar sempre cria problemas, pois escolher sempre é deixar alguma coisa de fora, por isso, prefiro não trilhar por esta vereda. Mas gosto de muita gente desta nova geração pós-90. Pessoas que nos influencia muito por suas perspectivas atuais, com formas e conteúdos inusitados. A literatura atual (a cânone e a literatura musical) vai bem, obrigado!
Descobrindo e Cultivando Grandes Talentos Globais: Um Caminho para o Desenvolvimento Pessoal e Social
A importância de identificar e incentivar talentos
A descoberta e o desenvolvimento de talentos em áreas como poesia, literatura, música, artes e economia criativa são essenciais para impulsionar o progresso cultural, social e econômico de qualquer sociedade. O talento, quando adequadamente identificado e nutrido, pode ser uma fonte inesgotável de inovação, criatividade e empreendedorismo, transformando não apenas indivíduos, mas comunidades inteiras.
Historicamente, grandes talentos emergiram de diversas origens, muitas vezes vindos de lugares inesperados. O desafio, no entanto, não é apenas encontrá-los, mas também garantir que esses indivíduos tenham as oportunidades certas para desenvolver suas habilidades. Nesse cenário, instituições, plataformas e programas que incentivam e apoiam esses talentos desempenham um papel crucial.
Como o talento gera desenvolvimento pessoal e social
A partir do momento em que um talento é descoberto e encorajado, ele inicia uma jornada de desenvolvimento pessoal que não se restringe apenas às habilidades técnicas. A criação artística e cultural oferece aos indivíduos um espaço para expressar suas emoções, pensamentos e visões de mundo, gerando uma profunda conexão consigo mesmos e com os outros.
Esse processo tem reflexos diretos na sociedade, criando pontes entre culturas, gerando empatia e promovendo a diversidade de ideias. O desenvolvimento de talentos na economia criativa também impulsiona o mercado de trabalho e a geração de renda. Indústrias como a música, o cinema, o design e a tecnologia da informação são responsáveis por uma significativa parcela do PIB global e criam milhões de empregos.
Cedro Rosa Digital: Um exemplo de inovação na certificação e distribuição de obras
Um dos desafios no cenário global é garantir que os criadores recebam o devido reconhecimento e remuneração por suas obras. É aqui que iniciativas como a Cedro Rosa Digital desempenham um papel transformador. Fundada por Antonio Galante, a plataforma é uma força pioneira na certificação e distribuição internacional de músicas e obras artísticas, representando criadores de cinco continentes.
A Cedro Rosa Digital inova ao oferecer um sistema de licenciamento justo e transparente, permitindo que compositores, produtores e intérpretes recebam royalties de maneira equitativa. Além disso, a plataforma oferece um repertório diversificado, incluindo obras de diferentes culturas e estilos, democratizando o acesso à música e às artes.
Um dos projetos mais inovadores da empresa é o CERTIFICA SOM, que utiliza tecnologia avançada para fornecer dados precisos sobre músicas, compositores, intérpretes e suas fichas técnicas. Isso garante que os envolvidos na criação de uma obra sejam devidamente creditados e recompensados, incentivando novos talentos a se dedicarem à criação artística.
Projetos que geram emprego, renda e inclusão
Além da certificação e distribuição, a Cedro Rosa Digital está envolvida em projetos de grande relevância no campo do audiovisual e da música. O filme "+40 Anos do Clube do Samba", uma coprodução com a TV Cultura de São Paulo, é um exemplo de como essas iniciativas geram centenas de empregos diretos e indiretos. Esses projetos não apenas promovem a cultura brasileira, mas também contribuem para o desenvolvimento da economia criativa local.
A minissérie "História da Música Brasileira na Era das Gravações" é outro projeto importante, destacando o papel da música no contexto social e histórico do Brasil. A produção de filmes e séries sobre música fortalece a indústria audiovisual e abre portas para que mais talentos sejam descobertos e reconhecidos globalmente.
O impacto social e econômico do desenvolvimento de talentos criativos
O impacto de incentivar e desenvolver talentos criativos vai muito além das fronteiras culturais. Esses talentos geram oportunidades de emprego em áreas como produção, marketing, gestão de direitos autorais, educação e tecnologia. Em um mundo cada vez mais digital, plataformas como a Cedro Rosa Digital permitem que criadores globais alcancem novas audiências, gerando renda e oportunidades de crescimento pessoal e profissional.
Além disso, ao conectar artistas com oportunidades internacionais, a economia criativa promove o soft power de países como o Brasil, que se destacam por sua diversidade cultural. O sucesso de uma obra, seja ela musical ou literária, pode influenciar positivamente a imagem de um país, atraindo investimentos e fortalecendo laços culturais.
O futuro do talento global
O caminho para o futuro envolve criar mais plataformas que democratizem o acesso à criação e à distribuição de obras, garantindo que talentos de todos os cantos do mundo possam ser reconhecidos e remunerados de forma justa. O papel de empresas como a Cedro Rosa Digital será cada vez mais relevante, não apenas para a cultura, mas para o desenvolvimento social e econômico de comunidades criativas.
Com uma abordagem baseada na tecnologia, na inclusão e na transparência, iniciativas assim são essenciais para construir um mundo onde os talentos emergentes tenham as ferramentas necessárias para florescer e contribuir para uma sociedade mais rica em cultura, diversidade e inovação.
Esse é um artigo que reflete sobre a importância do desenvolvimento de talentos e o impacto econômico e social de iniciativas criativas e inovadoras como a da Cedro Rosa Digital, apontando caminhos para um futuro mais inclusivo e produtivo na economia criativa global.
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