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EVA MITOCONDRIAL

Foto do escritor: Victor LoureiroVictor Loureiro


(Biologia e arte no mesmo caderno)


         Na tarde do último 16 de novembro, entrei, depois de muitos anos, nas entranhas do Circo Voador, aquele esqueleto de célula viva, que mantém sua forma fluida e leve de tenda-célula, graças a tubos de metal que se entrelaçam, dando movimento à lona, à membrana da estrutura.

         Através dessa membrana atravessam partículas culturais de todas as naturezas químicas possíveis. Difícil não imergir em sua barriga mágica onde, naquele momento, rolava uma conversa sobre os íons que habitam a malha do sagrado das religiões de matrizes africanas.


        O papo começou com a participação de Yemojazz que falou sobre a água que nos conduz no rio da vida; indicando, de maneira muito poética, a onipresença de Yemanjá, dentro e fora do nosso corpo, basta lembrar que biologicamente “somos internamente constituídos de 65 a 75% de água”. “Prova disso – completa Mãe Pia – é que o suor é água e brota pelos poros da pele para fora do corpo”, feito um milagre.


        Toda a energia daquele ótimo encontro foi tomando o esqueleto da célula de magia, de poesia e de consciência sobre a necessidade primaz de manter a célula viva e pulsante dentro de suas mitocôncrias – essas estruturas que inflam com o átomo de oxigênio tão necessário para manter a unidade forte e funcional. Mas por que citar as mitocôndrias?


        Durante o encontro, ouvi a expressão Eva Mitocondrial, que, cá entre nós, é linda e provocadora tanto para o poeta como para o biólogo que sou. Qualquer aluno do Ensino Médio já ouviu falar de mitocôndrias, imaginem um biólogo! E foi essa expressão que me prendeu a atenção.


        Apesar de não ser religioso, fui ficando, ficando, ficando... até o fim daquele papo maravilhoso sobre religião. Apesar de parecer contraditório (e é!) pude desfrutar de uma bela conversa sobre a nossa existência e sobre nossos ruídos mais profundos. Posso dizer que ali se fez música, se considerarmos a música como uma tentativa bem-sucedida de organizar ruídos, sons. O poeta sentiu tudo isso. Mas, depois de um tempo, o biólogo apareceu e, perplexo, começou a se perguntar sobre o termo pertencente ao seu vocabulário específico: Mitocondrial.


Foi o biólogo que trouxe à memória o filósofo Daniel Dennet mostrando matematicamente que somos supernetos de uma superavó chamada Eva mitocondrial. Claro que essa teoria se baseia no fato de que as mitocôndrias (organelas celulares) que possuem um DNA próprio, independente do DNA das células que elas habitam, são herdados por filhos e filhas, desde o início da formação da nossa espécie.


       Não é preciso demonstrar aqui os cálculos do filósofo, publicados em novembro de 2007, pela revista Ciência Hoje, assinado por Marco Moriconi, do Instituto de Física da Universidade Federal Fluminense. Mas deixando um pouco de lado a matemática e mergulhando na poesia contida no tema, ficou claro que somos todos parentes e que nossos citoplasmas, nossa água primordial, guarda uma herança feminina em todos nós, independentemente de nosso sexo.


O encontro foi uma aula de cidadania para os pedaços de vida flutuando naquela tarde, naquele citoplasma cultural, todas elas regidas por esse DNA da Eva, nossa primeira e única avó.

Não tenho certeza de que Yemanjá carrega nossas células de energia e conduz nossa forma de ser nas obrigatórias mitocôndrias, que, segundo os biólogos, estavam soltas no ambiente, fora do nosso corpo e, por endossimbiose, mesmo sendo independentes, passaram a habitar nossas internalidades, como circulou naquele citoplasma quente do circo.   


Só sei que, depois do encontro, ficou mais fácil respirar.      


 



 

Certifica Som: Tecnologia para Transformar a Música Global

"A tecnologia deve estar a serviço do desenvolvimento e da geração de emprego, renda e inclusão, não o contrário", declara Antonio Galante



A Cedro Rosa Digital, plataforma pioneira na certificação e distribuição musical, está desenvolvendo um ambicioso projeto chamado Certifica Som. A iniciativa, em parceria com a Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), conta com apoio de instituições como EMBRAPII e SEBRAE, e reúne um time de doutores, pesquisadores e desenvolvedores de alto nível. O objetivo é claro: utilizar tecnologias como inteligência artificial e blockchain para certificar milhões de obras e gravações, beneficiando milhares de artistas em todo o mundo.


"A tecnologia deve estar a serviço do desenvolvimento e da geração de emprego, renda e inclusão, não o contrário", afirma Antonio Galante, produtor cultural e compositor conhecido no meio musical como Tuninho Galante.


Com décadas de experiência na defesa dos direitos autorais, Galante destaca um dado alarmante: entre 10% e 15% dos direitos autorais globais deixam de ser pagos devido à falta de certificação adequada das obras e gravações.



Esse problema, chamado por especialistas de "gap de certificação", gera prejuízos bilionários para a indústria musical e seus criadores. Estima-se que, apenas em 2023, mais de US$ 2 bilhões tenham ficado retidos em sociedades de arrecadação ou distribuídos incorretamente, afetando principalmente artistas independentes e pequenos produtores.


O Certifica Som busca preencher essa lacuna ao criar um sistema que documenta de forma precisa a autoria, os intérpretes e a ficha técnica das músicas. Através da tecnologia blockchain, o projeto garante um registro imutável e rastreável, essencial para a distribuição justa de royalties. Além disso, a inteligência artificial facilita a análise de grandes volumes de dados, acelerando o processo de certificação.


Crescimento Global e Inclusão

A Cedro Rosa Digital já representa artistas de cinco continentes, com um repertório que reflete a diversidade cultural do mundo. "Nosso objetivo é criar um ambiente onde todos, desde grandes produtores até músicos independentes, tenham oportunidades iguais de monetizar seus trabalhos", explica Galante.


Com sua expansão acelerada, a plataforma também fortalece o soft power brasileiro, destacando a riqueza cultural do país no cenário global. “Estamos transformando a maneira como a música é certificada e consumida, garantindo que mais pessoas possam viver de sua arte e que os direitos autorais sejam respeitados em escala internacional”, conclui o fundador.


O projeto Certifica Som é mais do que uma solução tecnológica; é um passo decisivo para democratizar o acesso a direitos autorais e tornar o mercado musical mais inclusivo e sustentável. Com iniciativas como essa, a Cedro Rosa Digital se consolida como líder em inovação no setor e defensora incansável dos criadores de música em todo o mundo.


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