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Foto do escritorPaulo Eduardo Ribeiro

Finados



Dedico esse texto a todas as pessoas que perderam pessoas queridas, mas que mesmo com todo sofrimento entendem que a partida faz parte do processo natural da vida, em especial a minhas queridas amigas Paula e Erica Sabbag e seu pai Gerson pela perda tão sentida esse ano da querida Dalva.


Só quem já perdeu alguém muito próximo sabe a dor que isso causa, bem como o vazio desesperador que a ausência deixa e o quanto é angustiante saber que não vai poder estar com aquela pessoa novamente.


Se você nunca perdeu alguém tão próximo assim acredite, você não tem ideia do que estou falando, mas é como eu sempre digo, o tempo passa e o que fica é só a saudade e as boas lembranças dos momentos que tivemos a oportunidade de passar juntos.

Lembranças!


Acho que a lembrança mais antiga que tenho da “partida” de alguém muito próximo é da minha avó materna, eu tinha só cinco anos quando ela se foi.

Não quero aqui entrar no mérito nem nas crenças de cada um de vocês que tiver acesso a esse texto, mas sim, eu digo “partir” desde que minha madrinha, outra pessoa muito próxima se foi e ela sempre se referiu a morte como uma partida, e convenhamos, dependendo da forma como você encara essa passagem o termo que ela utilizava se encaixa muito bem.


Também não quero fazer dessa reflexão um momento de sofrimento, por mais que seja realmente difícil às vezes, o que eu quero na verdade é lembrar com carinho das pessoas que fizeram parte da minha história na semana em que se celebra o dia dos mortos.

Eu demorei a entender o que havia acontecido com a minha avó, como disse eu era apenas uma criança de cinco anos de idade, que no dia de seu velório jogou bola com um primo pouco mais novo no salão onde as pessoas se despediam dela.


Talvez alguns adultos tenham ficado bravos ou incomodados, mas convenhamos, eu era uma criança que não tinha a menor ideia que aquele era um momento que apesar de fazer parte da vida de todo ser humano, nunca estamos prontos para vivenciar, e o pior, que aquela não seria a última vez que aconteceria.


Hoje tenho plena consciência do quanto eu não fazia ideia do que acontecia.


Mas também não quero me lembrar dela assim, o dia de finados para mim é dia de celebração, de lembrar com carinho das pessoas que não estão mais entre nós, mas que ficarão para sempre guardadas em nossa memória e em nosso coração.

Minha avó era uma mulher extraordinária, pelo menos as histórias que ouvi dela ao longo da minha vida sempre deram conta disso, mulher forte que criou os três filhos sozinha, mas que cumpriu muito bem seu papel de pai e mãe em uma época em que a mulher não era tão independente quanto hoje.


Lembro-me de poucas passagens, algumas são apenas lembranças borradas do tempo em que pude desfrutar de sua companhia nesse plano, mas é engraçada a sensação que muitas vezes tenho a de ter convivido muito mais tempo com ela do que realmente convivi.

Ela tinha a idade que tenho hoje quando cumpriu sua missão e precisou partir.


É claro que com o passar dos anos outras pessoas precisaram “voltar” para casa, e à medida que a gente vai crescendo e entendendo melhor o ciclo da vida, a gente sabe que, se tudo correr dentro da normalidade que acreditamos ser a correta, um dia a perda se aproxima da gente, mesmo enfrentando partidas inesperadas de amigos, parentes distantes, amigos de amigos ou parentes dos amigos.


Bom, essas partidas comigo começaram em 2012, primeiro com meu pai, depois minha madrinha que cuidei no final de sua passagem e se foi em 2018, e por fim minha mãe em 2020, e olha vou lhes dizer uma coisa, essa pancada dói viu, e por mais que a gente saiba, por mais que a gente espere, é uma dor que não dá pra explicar, mas como eu disse anteriormente, quero me lembrar das coisas boas deles e verdadeiramente celebrar suas memórias.


Meu pai é com quem mais sonho ainda hoje, é engraçado como às vezes acordo com o corpo dolorido dos abraços apertados que sempre faço questão de lhe dar em nossos encontros, sempre sorrindo, aquele riso largo e debochado que era tão característico dele, fico feliz de poder guardar tantas lembranças boas dele e mesmo sabendo que ele tinha tantos defeitos (quem não tem), não deixo nem um segundo sequer de ser grato por tudo que ele fez por mim e por minha família em vida.


Com minha madrinha foi outra história. A gente brigava bastante, duas pessoas com posicionamentos fortes tendem a discordar muito, mas a vida ensina a gente de várias formas, e adivinha que teve que cuidar dela quando o Alzheimer se apresentou?

Pois é, tive que aprender fazendo, com muita ajuda é claro, e mesmo hoje depois de alguns anos fico pensando nas coisas que eu poderia ter feito diferente, mas não dá pra voltar no tempo, o que dá pra fazer é olhar para trás e ter a certeza que posso não ter feito tudo que eu podia, mas acreditem fiz o meu melhor.


Por último quero celebrar minha mãe, mulher guerreira também a frente de seu tempo assim como sua mãe, e que foi a única que tive a oportunidade de me despedir, com meu pai, minha madrinha e minha avó não aconteceu desse jeito.

Acho que minha mãe sabia que aquele sábado a tarde era a última vez que nos veríamos em vida, aquele aperto em minhas mãos hoje me faz acreditar que sim, ela sabia que seria nosso último encontro.


Mas ainda bem que também tenho lembranças boas dela para falar e até para poder ver o tempo passar e transformar a dor em saudade, transformar a dor em lembranças de um tempo bom que infelizmente não volta mais.


É assim que celebro e agradeço a cada um deles, sem me esquecer de tanta gente que também se foi, uns muito cedo, outros nem tanto, mas sempre pedindo por eles e por nós, para que no mínimo nossa dor se amenize.


Não sei se você acredita em ressurreição, reencarnação ou se você acredita que aqui começa e aqui termina a história que escrevemos com as pessoas com quem convivemos, não importa, seja na semana em que se celebra a memória dos que se foram ou não, lembre-se com alegria com carinho, com amor, e tenha paciência por que das duas uma, ou um dia a gente se reencontra ou um dia a dor diminui e a gente passa a se lembrar deles com carinho, com saudade, e com a certeza de que o tempo em que estivemos juntos valeu muito a pena.


Paulo Eduardo Ribeiro, do Canal Ponte Aérea, para CRIATIVOS!


 

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