Flamboyant-anão gigante
- Luiz Inglês
- 18 de jan.
- 5 min de leitura

Há quase trinta anos atrás, quando ainda estava trabalhando com publicidade (dirigia comerciais), recebi de minha assistente uma muda de um flamboyant-anão que ela havia recolhido em Búzios.
Numa alameda no centro da cidade, ela havia notado uma série de flamboyants floridos colorindo a via de uma cor de um laranja profundo. Uma experiência nova e inusitada, já que praticamente não se via o céu tomado que estava pela lindas flores que também atapetavam o caminho. As árvores foram plantadas tão juntas talvez na intenção do efeito que agora se descortinava.
Ela notou também que todos eram bem baixos, tornando a vivência maisbizarra, já que as copas das árvores estavam bem próximas das pessoas que por ali passeavam e que passavam pela mesma experiência. Parecia um túnel tingido pela natureza de rubro intenso acima e abaixo.
Conversando com outros turistas souberam que esta peculiaridade era devido a planta ser de uma variedade anã. Ficou ela tão fascinada que, encontrando no chão uma vagem cheia de sementes já secas, pegou uma decidida a fazer mudas.
E eu fui um dos agraciados com esta muda tão cortejada e paparicada.
Ao chegar em casa na roça, busquei um espaço apropriado e escolhido a dedo, já que seu local de origem (Madagascar) é de pleno sol. Fiz o berço com nutrientes adequados e transferi a plantinha para o solo na esperança de ver o flamboyant crescer e colorir a paisagem com sua bela tonalidade flamejante, como seu próprio nome nos induz ao conhecimento.
O tempo foi passando e nada da muda crescer. Seu desenvolvimento era lento, muito tímido. Ajudei com mais adubo mas o tempo passava com resultados pífios.
Passei uma temporada de alguns anos em São Paulo cumprindo contrato com uma produtora, e não dei atenção merecida à minha protegida. Quando voltei a viver no campo a planta estava maior, mas – vamos combinar – ridiculamente maior, para o tempo consumido.
Resolvi mudar o local. Talvez não se dera bem em localização tão solar. Procurei, fucei, busquei e encontrei um outro mais protegido, mais úmido.
O tempo foi passando, os anos foram se desenrolando e, diante de resultados insignificantes, deixei meio de lado esta tarefa inglória. Não houve negligência, nem imperícia já que alguns agrônomos foram consultados. Biólogos,quando me visitavam, eu aproveitava para consulta-los e falar do meu queridoflamboyant-anão.
Diante de tantas opiniões, decidi mudar mais uma vez o lugar, pois percebi que, depois de um temporal portentoso, uma poça d’água se formava ao redor do tronco fino, quase afogando a pequena árvore. Nesta altura já não sonhava mais com nenhum resultado apenas queria que, em homenagem à minha assistente, vivesse. Na verdade havia se passado mais de doze anos e a planta não tinha chegado ao metro de altura! Continuava viva mas – acredito – levou muito a sério o fato de ser variedade anã.
Escolhi então um espaço ao lado da casa. Sei que isso não se deve fazer em se tratando de um flamboyant, porque tem a característica de ter raízes fortes que se expandem muito ao rés do chão. Nas cidades chegam a destruir calçadas e muros próximos. Mas como tratava-se de uma variedade anã e de uma planta sofrida, resolvi replantá-la mais próxima mas com uma distância razoável de precaução.
E como por milagre, o flamboyant se desinibiu. Encorpou e desenvolveu ramos e galhos para todos os lados. Se vestiu inteiramente de folhas verdes exuberantes e caprichadas. E, cresceu! Cresceu, ma non troppo, pois não estava em seu DNA.
No ano seguinte me deu um presente: desabrochou e floriu! Por ironia apareceu apenas uma flor. Uma simples e única amostra do que estava por vir. Parece que foi um mimo. Uma flor da mesma coloração intensa que minha assistente havia me relatado. A árvore, apesar de todos os percalços por que passou, me deu uma prova de sua persistência. Ainda não estava pronta para sua total exuberância floral. Aquela única amostra foi uma apresentação tímida porém significante. Infelizmente dias depois, uma tempestade com ventania jogou a linda flor no chão. Mas valeu a degustação que saboreei na antevisão do que seria a florada dos anos seguintes. Minha felicidade foi enorme ao realizar a concretização do ciclo total vegetativo daquela planta que chegou pequena e frágil num saco de muda.
E o tempo se movimentou mais um pouco e a primavera retornou fazendo com que o flamboyant (para a alegria geral) se exibisse sem pudor algum. Se cobriu inteiramente com centenas de flores que magicamente inundaram o jardim com suas cor exuberante. E quando pela primeira vez me deparei com aquele quadro de raríssima beleza, me emocionei. Afinal foram décadas de dedicação e de luta daquela muda.
Não só pela encanto e pujança de energia que ali permeava, como pelo entendimento que, apesar de todo o sofrimento, de todo o sacrifício, de todas as dificuldades que aquele plantinha suportou, a natureza me comprovou ao vivo, que se acreditarmos e não esmorecermos, sempre haverá a esperança. A resiliência desta árvore foi soberba.
E desde então, todo ano na primavera, somos brindados com um festival de cores que faz qualquer um se emocionar pela beleza da imagem que se depara diante de nós. E por algumas semanas vivemos a magia da transformação da paisagem em uma obra incomparável da natureza.
Por isto este flamboyant apesar de anão, é gigante.
Luiz Inglês
Janeiro 2025
Brasil Vive um Renascimento Cultural com Cinema, Música e Artesanato
O Brasil está passando por um poderoso renascimento cultural, impulsionado pela força criativa de seu cinema, música independente e artesanato. Este movimento celebra a diversidade e a riqueza da cultura nacional, enquanto incorpora inovações tecnológicas que ampliam o alcance e a sustentabilidade dessas expressões artísticas.
O Cinema Brasileiro em Destaque
O sucesso do filme Ainda Estou Aqui, vencedor de prêmios internacionais, é um exemplo claro do vigor do cinema brasileiro. A obra emociona ao explorar temas universais com uma perspectiva profundamente brasileira, comprovando que o cinema nacional tem voz ativa e capacidade de competir no cenário global.
Música Independente e Artesanato: Protagonistas do Renascimento
Além do cinema, a música independente brasileira e o artesanato ganham cada vez mais visibilidade. Artistas e artesãos de diversas regiões têm encontrado meios de divulgar e comercializar suas criações, reafirmando o papel dessas manifestações na economia criativa e na geração de renda.
Tecnologia e Inovação com o CERTIFICA SOM
A tecnologia tem sido um pilar essencial para otimizar e potencializar esse renascimento cultural. A Cedro Rosa Digital, com seu sistema CERTIFICA SOM, lidera a certificação e distribuição musical no Brasil e no mundo. Esse sistema inovador garante que músicas, compositores, intérpretes e toda a ficha técnica das gravações sejam corretamente registrados, assegurando o pagamento de direitos autorais e royalties de forma ágil e transparente.
O CERTIFICA SOM é fruto de parcerias com instituições de renome, como a UFCG, EMBRAPII, SEBRAE e o Ministério da Ciência e Tecnologia, além de contar com o suporte de associações como ASCAP, SACEM e ECAD. Esse ecossistema fortalece a cadeia musical independente, democratizando o acesso ao mercado global para artistas e criadores.
Mostra O SAMBA ESTÁ AQUI: Circuito Confirmado
A mostra de cinema O SAMBA ESTÁ AQUI, uma parceria entre a Cedro Rosa e a Artifício Cinematográfica, celebra o samba como patrimônio imaterial do Brasil. O projeto cria uma rede alternativa para a exibição de filmes independentes, promovendo a cultura brasileira em espaços como cinemas, cineclubes e centros culturais.
Com circuito já confirmado no Rio de Janeiro, São Paulo, Bahia e Espírito Santo, a mostra promete ampliar ainda mais sua presença em outras regiões, fortalecendo o acesso do público às obras que destacam a riqueza cultural do país.
Novos Projetos em Música e Audiovisual
A Cedro Rosa segue expandindo sua atuação com projetos que conectam música e audiovisual. Entre os destaques estão:
História da Música Brasileira na Era das Gravações: uma minissérie que explora o impacto das gravações no desenvolvimento da música nacional.
Partideiros 2: um filme que dá continuidade ao estudo da cultura do samba e suas raízes.
Produções Musicais: o lançamento de novos discos que destacam artistas independentes do Brasil e do exterior, certificados e distribuídos pela Cedro Rosa.
Cultura como Motor de Desenvolvimento
O renascimento cultural do Brasil reforça o papel da economia criativa como um motor de transformação social e econômica. O cinema, a música e o artesanato, aliados à tecnologia, geram emprego, renda e inclusão, além de projetar a identidade cultural do país no cenário global.
Investir em cultura e inovação é investir em um Brasil mais diverso, sustentável e conectado com o futuro.
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