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GEOPOLÍTICA PARA UM PLANETA MODIFICADO

Foto do escritor: José Luiz AlquéresJosé Luiz Alquéres

José Luiz Alquéres, conselheiro emérito do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (CEBRI)
José Luiz Alquéres, conselheiro emérito do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (CEBRI)

Os estudos de geopolítica ganharam um grande desenvolvimento no século XIX, a partir das guerras napoleônicas. Embora a geopolítica seja algo que remonta a formação dos antigos Estados e impérios, ela, até então, tinha o caráter focado em macrorregiões.


Podemos dar como exemplo as velhas disputas entre o Egito e os impérios assírio e persa e a própria constituição da China, que evoluiu de dez mil reinos para um único império. Também da antiguidade vem o conceito de impérios territorialmente contíguos, como o império romano do oriente e seu sucessor, o império otomano e o império formado por alianças comerciais ou colônias dispersas, como o império colonial ateniense.


No século XIX a emergência dos Estados Unidos como nova potência internacional produziu uma nova atenção sobre estas formas de agregação de interesses no planeta com ele expandindo a sua influência por todo o Pacífico, apoderando-se do istmo do Panamá através de um Estado-fantoche e iniciando a desmontagem do império colonial inglês. No começo do século XX, a Primeira Guerra Mundial produziu a decadência dos impérios coloniais inglês e francês, a queda do império chinês, o fim do império otomano, o fim do império russo e o fim do império austro-húngaro. Tudo isso provocando a formação de dezenas de novos estados com seus interesses e rixas políticas e econômicas.


O século XXI começa com alarmantes acontecimentos que podem provocar grandes acomodações nacionais e, talvez, guerras mundiais. A China pressiona pela retomada de Taiwan; Israel amplia a sua importância no Oriente Médio; Trump anuncia que Panamá, Canadá e Groelândia são áreas que gostaria de ver como novos estados americanos; Putin promove uma guerra visando anexar grandes áreas da Ucrânia, de forma a garantir um acesso da Rússia ao Mar Negro e, através dele, ao Mediterrâneo; a Turquia promove estudos para construção de um Canal exclusivo para navegação militar entre o Mediterrâneo e o Mar Negro; o uso do Canal de Suez está cada vez mais difícil face a pirataria vigente naquela importante rota comercial, entre outras questões.


Ao lado destes fatores, as mudanças climáticas farão com que, muito em breve, estima-se cerca de 2030, os gelos do Ártico, ou seja, em torno do Polo Norte, estejam derretidos permanentemente, criando uma curtíssima rota marítima da Sibéria ao norte do Canadá e ao norte da Groelândia.


Como recentemente os países escandinavos aderiram à Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) e estão instalando armas nucleares voltadas para a Rússia, torna-se bem claro que, embora no discurso o presidente Trump pareça não acreditar nas mudanças climáticas, a vontade de anexar o Canadá e a Groelândia certamente tem a ver com a defesa continental da América do Norte contra possíveis ameaças vindas da Rússia.


Rússia e China e países produtores de petróleo, como Irã, Cazaquistão e outros abrangidos pelo projeto Chinês “One Road, One Belt” - ou a nova rota da seda, parecem estar se constituindo um forte polo das disputas internacionais que serão travadas.


Surpreendentemente, América do Sul e África continuam se constituindo como continentes periféricos neste xadrez geopolítico, tendo em comum raízes com precários sistemas políticos internos.


A geopolítica que favorece a paz é aquela de um mundo de relações multilaterais que repudiam a hegemonia e a visão antiga do “nós contra eles”, do “ocidente contra oriente”, do “capitalismo contra comunismo”, do “cristãos contra infiéis” e outras conhecidas formas de radicalismo. Este mundo multilateral e a cooperação que ele pode ensejar é vital para o progresso da sustentabilidade do planeta e da preservação supranacional dos recursos da natureza. Ele está, todavia, ameaçado e somente uma forte conscientização das populações mundiais pressionando os seus respectivos governos pode vir a alterar este quadro.


A esperança está em um redirecionamento voluntário do conteúdo das redes sociais para que esta conscientização possa acontecer a tempo de prevenir o progresso da degradação ambiental.


 


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