GEOPOLÍTICA PARA UM PLANETA MODIFICADO
Os estudos de geopolítica ganharam um grande desenvolvimento no século XIX, a partir das guerras napoleônicas. Embora a geopolítica seja algo que remonta a formação dos antigos Estados e impérios, ela, até então, tinha o caráter focado em macrorregiões.
Podemos dar como exemplo as velhas disputas entre o Egito e os impérios assírio e persa e a própria constituição da China, que evoluiu de dez mil reinos para um único império. Também da antiguidade vem o conceito de impérios territorialmente contíguos, como o império romano do oriente e seu sucessor, o império otomano e o império formado por alianças comerciais ou colônias dispersas, como o império colonial ateniense.
No século XIX a emergência dos Estados Unidos como nova potência internacional produziu uma nova atenção sobre estas formas de agregação de interesses no planeta com ele expandindo a sua influência por todo o Pacífico, apoderando-se do istmo do Panamá através de um Estado-fantoche e iniciando a desmontagem do império colonial inglês. No começo do século XX, a Primeira Guerra Mundial produziu a decadência dos impérios coloniais inglês e francês, a queda do império chinês, o fim do império otomano, o fim do império russo e o fim do império austro-húngaro. Tudo isso provocando a formação de dezenas de novos estados com seus interesses e rixas políticas e econômicas.
O século XXI começa com alarmantes acontecimentos que podem provocar grandes acomodações nacionais e, talvez, guerras mundiais. A China pressiona pela retomada de Taiwan; Israel amplia a sua importância no Oriente Médio; Trump anuncia que Panamá, Canadá e Groelândia são áreas que gostaria de ver como novos estados americanos; Putin promove uma guerra visando anexar grandes áreas da Ucrânia, de forma a garantir um acesso da Rússia ao Mar Negro e, através dele, ao Mediterrâneo; a Turquia promove estudos para construção de um Canal exclusivo para navegação militar entre o Mediterrâneo e o Mar Negro; o uso do Canal de Suez está cada vez mais difícil face a pirataria vigente naquela importante rota comercial, entre outras questões.
Ao lado destes fatores, as mudanças climáticas farão com que, muito em breve, estima-se cerca de 2030, os gelos do Ártico, ou seja, em torno do Polo Norte, estejam derretidos permanentemente, criando uma curtíssima rota marítima da Sibéria ao norte do Canadá e ao norte da Groelândia.
Como recentemente os países escandinavos aderiram à Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) e estão instalando armas nucleares voltadas para a Rússia, torna-se bem claro que, embora no discurso o presidente Trump pareça não acreditar nas mudanças climáticas, a vontade de anexar o Canadá e a Groelândia certamente tem a ver com a defesa continental da América do Norte contra possíveis ameaças vindas da Rússia.
Rússia e China e países produtores de petróleo, como Irã, Cazaquistão e outros abrangidos pelo projeto Chinês “One Road, One Belt” - ou a nova rota da seda, parecem estar se constituindo um forte polo das disputas internacionais que serão travadas.
Surpreendentemente, América do Sul e África continuam se constituindo como continentes periféricos neste xadrez geopolítico, tendo em comum raízes com precários sistemas políticos internos.
A geopolítica que favorece a paz é aquela de um mundo de relações multilaterais que repudiam a hegemonia e a visão antiga do “nós contra eles”, do “ocidente contra oriente”, do “capitalismo contra comunismo”, do “cristãos contra infiéis” e outras conhecidas formas de radicalismo. Este mundo multilateral e a cooperação que ele pode ensejar é vital para o progresso da sustentabilidade do planeta e da preservação supranacional dos recursos da natureza. Ele está, todavia, ameaçado e somente uma forte conscientização das populações mundiais pressionando os seus respectivos governos pode vir a alterar este quadro.
A esperança está em um redirecionamento voluntário do conteúdo das redes sociais para que esta conscientização possa acontecer a tempo de prevenir o progresso da degradação ambiental.
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