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Giovana Damaceno é uma escritora atenta e que levanta a bandeira do mulherio nas letras


Giovana Damasceno - escritorora
Giovana Damasceno - escritorora

 

Giovana Damaceno é jornalista, pós-graduada em Sociologia e escritora. Começou a escrever crônicas em 2004, evoluiu para o conto e hoje se divide entre os dois gêneros. Possui cinco livros publicados, sendo os dois últimos "Alguém pra segurar a minha mão" e "Justa Causa", ambos publicados pela Editora Penalux. "Alguém pra segurar a minha mão" é um livro-reportagem, no qual a autora fala sobre a morte humanizada, os cuidados paliativos e o Serviço de Atenção Domiciliar, programa do SUS que atende e cuida de pacientes terminais. Em "Justa Causa", Giovana traz dezoito contos adaptados de histórias reais, em que revela motivos de familiares que abandonam seus idosos: violência física e psicológica, narcisismo materno, pedofilia etc. Atos praticados por pais, mães, avós e avôs dentro do seio doméstico e que levam muitas pessoas a não terem amor, carinho, zelo por esses familiares, a ponto de cuidá-los na velhice.

 

Giovana, você começou escrevendo crônicas, há 20 anos.  Havia uma referência? Algum, ou alguma, cronista a influenciou?

Meu gosto pela crônica surgiu na infância, com meu pai. Ele lia os jornais diariamente e não raro lia a crônica do dia pra mim. Eram divertidas as histórias da coluna Avesso da Vida, do Léo Montenegro, no Jornal O Dia, os nomes exóticos dos personagens. Já adulta, após fazer jornalismo, escrever crônicas foi um processo natural, devido à observação das ruas e sua gente, da rotina da vida, das notícias... O texto leve da crônica, de conversa de mesa de bar, me atrai muito.

 

A evolução da crônica para o conto, como você definiu, foi uma referência à evolução de um gênero para outro, mais complexo, de forma consciente? Ou se referia a você mesma, que com o passar do tempo e a experiência de vida, adquiriu uma visão mais complexa do seu entorno, o que a teria levado a se expressar em mais de um gênero, a depender da motivação contextual? 

Me arriscar no conto foi um desafio, pois exige técnica desde a criação da história à construção e desenvolvimento da narrativa. Passei a prestar maior atenção a essa possibilidade depois que entrei para o Coletivo Feminista Literário Mulherio das Letras, em que o convívio com mulheres escritoras me deu essa, digamos, coceirinha do conto. Mas não mergulho em nada sem antes estudar muito e tratei de aprender. Fiz diversos cursos, devorei livros de contos de autores variados, clássicos e contemporâneos, ensaiei muitos textos, até partir para a escrita “publicável”. Acabei gostando do gênero.

 

Seus dois últimos livros revelam temáticas estreitamente relacionadas com a realidade. São a jornalista e a socióloga influenciando a escritora? As três convivem bem?

O jornalismo está na alma de praticamente tudo o que escrevo; o texto jornalístico é minha base. Não há dissociação entre as três áreas, ao contrário, elas se fundem na hora de transformar um tema em texto, ou livro. Em “Alguém pra segurar a minha mão” a proposta foi mesmo uma reportagem literária, para trazer à tona um assunto que ainda é tabu entre nós – a morte. Acompanhei o trabalho da equipe de atenção domiciliar do SUS, aqui em Volta Redonda-RJ, que assiste pacientes em estágio terminal, prestando cuidados paliativos. Um trabalho lindo, posso dizer tranquilamente, depois de tudo o que testemunhei.

Já em “Justa Causa” tentei transformar histórias reais em contos, mas também trazendo um tema muito tabu na nossa sociedade – o abandono de idosos, visto por um outro prisma, com exemplos bem claros da máxima de Rui Barbosa, “canalhas também envelhecem”. O livro é composto por 18 contos, selecionadas entre dezenas que ouvi, li, inclusive presenciei, que revelam o quanto muitos idosos podem ser cruéis e criminosos entre quatro paredes. Encerram a vida internados em instituições ou mesmo abandonados dentro de suas próprias casas, porque filhos e netos não encontraram condições emocionais de cuidá-los. São casos de violência física e psicológica, feminicídio, estupros, narcisismo materno, pedofilia etc. 

Nos dois projetos juntei a jornalista com a escritora para tratar de questões sociais que gritam na nossa cara todos os dias. Acho que é um compromisso, talvez inconsciente. Quando me dou conta, já estou no processo.

 

Você tem um método de trabalho definido? Comente sobre seu processo de criação. 

Definitivamente, não. Impossível a disciplina, principalmente na vida de uma mulher, com todos os penduricalhos domésticos que carrega. Tenho alguns hábitos que me ajudam a não me perder totalmente. Uso cadernos de notas, para rabiscar ideias que surgem em qualquer lugar. Para escrever textos longos, no caso dos livros, uso um software específico, o Screevener, que quase organiza tudo por mim. Fora isso, o processo se dá conforme a rotina permite.

 

Quem escreve, está sempre lendo. O que você gosta de ler? 

Faz uns anos li uma pergunta de um grupo de mulheres que me pegou: “Quantas mulheres você tem na estante?”

Era uma provocação para que observássemos o quanto a literatura escrita por mulheres era (e ainda é) colocada em segundo plano, em comparação à literatura escrita por homens. Problema histórico-cultural, que arrastamos por séculos e que ainda brigamos muito por uma equiparação. Pesquisa acadêmica da professora Regina Dalcastagnè, da UnB, comprova com dados essa diferença.

Quando me deparei com a questão, resolvi contar quantas mulheres havia na minha estante e fiquei com vergonha. A partir desse momento passei a privilegiar os livros escritos por mulheres. Essa mudança nas minhas preferências de leituras também teve um bom empurrão do Mulherio das Letras, no qual conheci escritoras brilhantes, muitas delas ocultadas pelos grandes sucessos das grandes editoras. Posso citar aqui, com certeza já esquecendo alguém e pedindo desculpas: Maria Valéria Rezende, Henriette Effenberger, Dalila Teles Veras, Jeanne Araújo, Rosângela Vieira Rocha, Maria José Silveira, Cinthia Kriemler, Micheliny Verunschk, Renata Machado, Vanessa Molnar, Viviane Santiago, Carol Diniz Bernardes, Divanize Carbonieri... A lista é gigante.

Leio muito jornalismo, claro, e como ministro oficinas de escrita, estou sempre me atualizando com o que escrevem meus pares.

 

Fale mais sobre o Mulherio das Letras.

O Mulherio das Letras é um Coletivo Feminista Literário, idealizado em 2016, por um grupo de mulheres escritoras, após constatar a pouca ou nenhuma participação de mulheres em eventos literários. O coletivo tem adesão de mais de sete mil mulheres brasileiras residentes no Brasil e no exterior e se propõe a discutir as questões da mulher nas áreas da arte e da cultura. Desde 2017, mulheres que atuam em diversos segmentos da produção literária se reúnem em um Encontro Nacional, em que participam de rodas de conversas, oficinas, realizam lançamentos coletivos de seus livros. O primeiro encontro foi em João Pessoa-PB. Em 2018, em Guarujá-SP; em 2019, Natal-RN; 2020, online (por causa da pandemia); 2022, novamente em João Pessoa; 2023, Rio de Janeiro; e este ano estivemos juntas em Belém-PA.

A partir de grupos regionais em diversos estados e municípios brasileiros, além de grupos no exterior, o movimento estimula e promove a inclusão de mulheres em debates públicos em eventos, desenvolve projetos locais de incentivo à leitura, motiva mulheres à prática da escrita, promove a inclusão em todos os segmentos etc.



 

Manifesto pela União da Cultura e Economia Criativa: Um Chamado para a Transformação Nacional


Vivemos um momento histórico em que as forças da cultura, da arte e da economia criativa têm o potencial de transformar o Brasil em um celeiro de inovação, diversidade e desenvolvimento sustentável. No entanto, para que possamos realizar esse potencial, é necessário unirmos nossos esforços em um projeto nacional independente, que transcenda as limitações das verbas de editais públicos e se estabeleça como um movimento cultural estruturado, gerador de emprego, renda e divisas.


Um Calendário Cultural Integrado

Imaginemos um grande calendário cultural entrelaçado, onde segmentos como as artes, o cinema, a música, o teatro e a literatura caminhem de mãos dadas:

  • Movimentos como o Imaginário Periférico, nas artes, potencializam as expressões artísticas das comunidades, inspirando jovens e gerando inclusão social.

  • Os Cineclubes, que democratizam o acesso ao cinema, especialmente nas periferias, fomentando o debate e a produção audiovisual local.

  • Festivais de Leitura, que espalham pelo Brasil o gosto pelas palavras, promovendo o encontro entre autores e leitores.

  • A música independente, fortalecida por iniciativas como a da Cedro Rosa Digital, que certifica o trabalho de criadores e abre portas para novos mercados internacionais.

  • Música nas Cidades - Uma rede de festivais de música popular nos municípios, estimulando a cadeia produtiva local.

O SAMBA AINDA ESTÁ AQUI.

Embalados pelo sucesso do filme AINDA ESTOU AQUI, os produtores e realizadores Tuninho Galante e Luiz Guimarães de Castro levantaram a hipótese de um minifestival pré-carnavalesco chamdo O SAMBA AINDA ESTÁ AQUI - esperamos que o Walter Salles não se incomede com a paródia. Alguns cinemas, instituições públicas e cineclubes já estao sendo cadastrados para a exibição. A ideia é que esse circuito seja fortalecido para exibições temáticas o ano inteiro.


Um Chamado à Mobilização

Chamamos todos os agentes culturais – artistas, produtores, cineastas, músicos, escritores, coletivos, associações e empreendedores criativos – a se voluntariarem para participar desse grande movimento nacional. Sua contribuição, seja com ideias, projetos ou parcerias, é essencial para a construção de uma rede capaz de fortalecer a cadeia produtiva da cultura e garantir sua sustentabilidade.

O Papel da Cedro Rosa

A Cedro Rosa Digital, com sua expertise em inovação e tecnologia de ponta na certificação e distribuição musical, atraves do Certifica Som, desenvolvido com a Universidade Federal de Campina Grande, apoiado pela EMBRAPII e SEBRAI, convida todos a participarem desse movimento.


Juntos, podemos criar um ecossistema onde a cultura brasileira se reinvente como um dos principais ativos do país, exportando não apenas obras, mas também nossos valores, narrativas e diversidade.


Se você produz cultura e acredita no poder transformador da arte e da economia criativa, junte-se a nós! Vamos criar, integrar e transformar, mostrando ao mundo que a cultura brasileira é sinônimo de força, inovação e sustentabilidade.


Por um Brasil criativo, justo e global.


Antonio Galante

Fundador e CEO da Cedro Rosa Digital



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