Impérios Decadentes

Na época em que Trump se candidatava `a presidência pela primeira vez, eu tinha um analista que desaconselhava seus pacientes de seguirem as notícias, achando que o jeito que as coisas estavam podia levar qualquer um `a loucura. Eu não precisava desse conselho, pois uma única vez em que vi de soslaio, enquanto ia da sala pra cozinha, a imagem de Trump tendo ataques e expondo seu trogloditismo, falta de compostura, de educação e de vergonha, além de suas expressões grotescas na tela, achei que “aquilo” nunca iria ganhar. Senti fobia pela criatura. Quando meu marido assistia os debates com indignação, eu ia pra bem longe.
Afora Trump ser imbatível em termos de baixaria, essa característica existe suficientemente no campo da luta pelo poder, para que eu me alienasse da política em geral. Mas pelo menos, ao contrário da preguiçosa maioria dos americanos, a qual nem vota, me dou o trabalho de me informar o mínimo que seja suficiente pra votar.
Disse ao analista que se fosse por Trump, ninguém devia se preocupar pois ele era abaixo da critica. “Não estou tão certo, ele se presta para as pessoas fazerem qualquer tipo de projeção,” o cara respondeu. Projeção numa criatura asquerosa? me perguntei. Ainda por cima depois de termos tido Obama, que é um literato, poeta, escritor, e tem graça aristocrática por natureza, e mesmo que não se concorde com todas as medidas que tomou, ele tem qualidades ímpares.
O fato é que, projeção ou não, Trump ganhou. Foi um alívio ele não ter conseguido governar um segundo termo, e um pesadelo que, depois de todas as acusações contra sua honestidade, ele tenha voltado. Não se pode nem culpar a inteligência artificial por tanta burrice, mau gosto, e loucura da parte de quem votou nele. Parece que uma percentagem significante desses “fiéis” ainda pensa que ele é enviado por Deus, e ele, com sua colossal megalomania, alimenta tamanho sacrilégio, dizendo a torto e `a direita que levou um tiro, mas Deus o protege.
Outro dia, finalmente vi um dos vídeos do encontro dele com Zelensky. Não vou aqui repetir as críticas que já foram feitas `a covardia e premeditação com que ele e o seu execrável vice trataram o presidente da Ucrania. Aquele encontro teve algo em comum com o que fez o hediondo imperador Nero ao se casar com um escravo que castrou e vestindo o pobre coitado de noiva. Dizem que talvez, para aliviar a culpa de ter matado a mulher desse escravo quando gravida. Obviamente só um imbecil gerado no inferno pode não só fazer o imperador fez, como ainda achar que com aquilo aliviaria alguma culpa.
O lema ali era, além de queda, coice. Houve outros na mesma linha naquele império degenerado, como Elagabalus ou Calígula. Pois nessa mesma linha covarde, sórdida e opressiva, Trump e Vence aprontaram uma armadilha pra Zelenski, um presidente que está na situação mais necessitada, dependente e critica, para humilhá-lo porque ele não concordou em dar a riqueza mineral do seu país, sem ganhar garantia para a segurança deste, aos Estados Unidos. Como diretores de colégio lidando com um aluno delinquente, acusaram Zelenski por não agradecer a Trump,- enquanto a cara deste ali do lado ia se inchando e emputecendo, os olhos cerrados e a boca caíndo como a de um bebe enraivecido- acusaram Z. por ele estar supostamente brincando com a possibilidade de uma terceira guerra mundial, e pelo “desrespeito” de não estar vestido de terno e gravata (coisa que Churchill e outros líderes bem superiores àqueles dois canalhas americanos na casa branca, não usavam em nenhum encontro político quando estavam em guerra). Não deram chance de Z de abrir a boca. O que aquele cara passou tornaria compreensível até que ele se rendesse a Putin ao invés de Trump.
Os imperadores do império romano se achavam deuses e eram absurdamente considerados como deuses. Por mais errados que estivessem, esperavam que qualquer abominação em sua conduta devia ser bem recebida por aqueles que subjugavam. Orgulhavam-se de suas maldades, deboche e aberrações.
Trump se aproxima deles ao personificar da pior maneira possível, a arrogância dos americanos. Quando vi “Oppenheimer,” já tinha ficado chocada com o fato de Truman, outro troglodita, se enfureceu ao ouvir o cientista se manifestar contra a proliferação de armas nucleares e lamentar que tinha sangue em suas mãos.
“Fui eu que joguei a bomba, não você!” o presidente reclamou enraivecido, querendo competir por aquilo que dilacerava o outro. E transformando a tragicidade de Oppenheimer numa palhaçada, chama o cientista de “cry baby” e ordena que não lhe deixem voltar `a casa branca.
Independentemente de outras causas, imperadores que se acham divinos dando-se direitos que os jogam no inferno levam seus impérios junto com eles.
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