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Indignai-vos


José Luiz Alquéres

A convivência continuada com o horror vai tornando-o menos pavoroso, às vezes até aceitável. Com o tempo, porém, o acúmulo de sensações que ele provoca alcança um limite. Parafraseando Chico Buarque de Holanda, um fato menor pode ser a gota d'água que transborda um caldeirão de ressentimentos.

 

Um ditado comum na época de Luís XV, monarca francês, dizia: Après nous, le déluge. Traduzindo-se por “Depois de nós, o dilúvio”, anunciando tempos difíceis após a partida de alguém. Ele faz analogia ao dilúvio bíblico mandado por Deus para castigar os homens, dentre os quais havia apenas um justo e digno de salvação, Noé.

 

Temos assistido aqui no Brasil um festival contínuo de horrores na política que ocorre enquanto uma situação terrível de injustiça social se mantém. O estouro do orçamento para este ano, no montante de 226 bilhões de reais, equivale à construção e urbanização com plenas condições de saneamento de cerca de 1 milhão e meio de residências.


Assim, um direcionamento inteligente de recursos públicos poderia em menos de 10 anos eliminar a situação de habitações sub-humanas no Brasil. Na esteira deste processo, naturalmente seriam resolvidos muitos problemas de saúde, saneamento, educação e segurança pública. Isto deve ser feito sob a forma de pagamento de uma dívida social gerada pelo modelo econômico que criou esse desumano câncer em nossa sociedade.

 

Entre a independência dos Estados Unidos da América e a Guerra Civil que ele enfrentou 8 décadas depois, as tensões sociais foram controladas pelo direcionamento do crescimento populacional e da imigração para o Oeste, onde se distribuíam terras às custas dos habitantes originais. Quando esse processo se esgotou, a Guerra Civil se tornou inevitável naquela sociedade que havia traído os ideais de igualdade e liberdade registrados em sua declaração de independência. Em outras palavras, a indignação transbordou.

 

Em 2010, um grande intelectual francês Stephen Hessel, judeu, ex-prisioneiro de campos de concentração, amigo de André Malraux e co-autor da declaração universal dos direitos humanos da Organização das Nações Unidas, inconformado com o estado das coisas na Europa – palco de duas grandes guerras mundiais e cenário onde persiste a ausência da paz e solidariedade entre as pessoas, além de desigualdades sociais – escreveu um pequeno livro. Este livro, Indignez-vous, lançado quando o autor já possuía 93 anos, é, ao mesmo tempo, um libelo contra injustiças e um alerta para motivar ações que previnam enormes conflitos sociais.

 

A aristocracia francesa do fim do século XVIII não assistiu a um novo dilúvio, mas foram muitos enviados para a guilhotina pela Revolução Francesa. Existem inúmeros exemplos ao longo da História em que explosões sociais ocorrem com violência inaudita após décadas de aparente convivência com coisas intoleráveis.

 

É aceitável assistir ao corrupto jogo político que se desenvolve entre o Congresso, o Executivo e o Judiciário, enquanto os problemas sociais do Brasil mofam nas prateleiras governamentais? É admissível assistir ao espetáculo de acusações mútuas entre pessoas igualmente desprovidas de um comportamento ético mínimo que as qualifique para funções públicas? É suportável saber que 70% dos candidatos com chance de vitória às prefeituras das grandes cidades pertencem a clãs políticos tradicionais responsáveis pela deprimente situação urbana e da segurança que elas vivem?

 

Está na hora da nossa indignação se transformar em ação. Ação política, democrática, mas implacável na correção deste estado de coisas para o que o voto consciente seja o instrumento para fazer prevalecer a razão e a justiça antes que, no desespero, as soluções radicais e as promessas ilusórias passem a predominar.


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ARTE DO POVO, PARA O POVO E COM O POVO



A Cedro Rosa Digital, uma plataforma brasileira dedicada à certificação e distribuição de obras musicais, tem inovado ao utilizar os mecanismos dos Artigos 1-A e 3-A da Lei de Incentivo à Cultura para promover pequenos patrocínios em massa. Essa estratégia tem permitido o financiamento de importantes projetos culturais, como:

  • +40 Anos do Clube do Samba: Um documentário que celebra o legado do Clube do Samba, uma das instituições mais importantes na promoção do gênero musical no Brasil.

  • A História da Música Brasileira na Era das Gravações: Uma mini-série que explora a evolução da música brasileira desde os primeiros registros fonográficos até a era digital.

  • Partideiros 2: Um longa-metragem que dá continuidade ao aclamado "Partideiros", destacando grandes nomes do samba e suas histórias.


 

Incentivos Fiscais: Uma Ferramenta Global de Fomento à Cultura e Entretenimento


Em todo o mundo, países utilizam leis de incentivos fiscais como uma ferramenta poderosa para fomentar a produção cultural, cinematográfica e televisiva. Essas políticas têm se mostrado eficazes não apenas para apoiar artistas e produtores locais, mas também para atrair grandes produções internacionais, gerando emprego e renda, além de promover o turismo cultural.


Exemplos de países líderes em incentivos fiscais culturais


Estados Unidos: Nos EUA, diversos estados competem para atrair produções oferecendo generosos incentivos fiscais. A Califórnia e a Geórgia são exemplos notáveis, com créditos fiscais que podem chegar a 30% dos custos de produção. Isso tem atraído grandes produções de Hollywood, como séries da Netflix e filmes da Marvel.


Reino Unido: O Reino Unido também é um grande player no campo dos incentivos fiscais. Oferece até 25% de reembolso nos custos de produção, o que tem atraído produções icônicas como a série "Game of Thrones" e filmes da franquia "James Bond".


Canadá: O Canadá é conhecido por suas políticas favoráveis, com créditos fiscais federais e provinciais que podem totalizar até 45% dos custos de produção. Toronto e Vancouver são destinos populares para produções americanas.


França: A França oferece um crédito fiscal de 30% para produções estrangeiras, incentivando a filmagem de produções internacionais no país. Este incentivo tem sido um fator crucial na decisão de filmar grandes produções em cenários icônicos franceses.


Como participar

Participar do financiamento desses projetos é simples e acessível a todos. Empresas e indivíduos podem destinar parte de seus impostos devidos para apoiar a produção cultural através dos mecanismos dos Artigos 1-A e 3-A. Esses artigos permitem que uma parte do Imposto de Renda devido seja direcionada a projetos culturais aprovados, proporcionando uma forma de apoio financeiro sem aumento de custos para os patrocinadores.


Para mais informações sobre como participar e contribuir para o desenvolvimento da cultura brasileira através da Cedro Rosa Digital, visite Cedro Rosa Digital.


A utilização de incentivos fiscais para a cultura é uma prática global que tem mostrado resultados positivos tanto para a economia quanto para a preservação e promoção das artes. A inovação da Cedro Rosa Digital em promover pequenos patrocínios em massa é um exemplo inspirador de como essas políticas podem ser utilizadas de maneira criativa e eficaz.


Referências:

  1. Tax Credits for Filming in California

  2. UK Film Tax Relief

  3. Canadian Film or Video Production Tax Credit

  4. France’s Tax Rebate for International Production


Essa matéria apresenta uma visão abrangente de como os incentivos fiscais têm sido usados globalmente para promover a cultura, com um foco especial na inovação da Cedro Rosa Digital no Brasil.


 

Escute o artigo Indignai-vos no Youtube / Cedro Rosa.




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