Joanna já era uma Fátima muito talentosa
Voltando no tempo, retorno à Baixada Fluminense na época da turbulência juvenil. Finalzinho dos anos 70. Estou sentado ao balcão do 'China', uma pastelaria localizada à Rua 13 de Maio, Centro de Nova Iguaçu. (‘China’ não era propriamente o nome do estabelecimento). Tinha a melhor esfiha entre os asiáticos estabelecidos na cidade. Só não era melhor, claro, que as do Beirute. Por razões óbvias. Essa pastelaria ficava próximo do ponto do meu ônibus. Lá estava eu saboreando a iguaria antes de pegar a condução para casa, quando sentou no banco ao lado uma conhecida que eu não via há meses. Cumprimentei: "Oi, Fátima". E ela, que até então não tinha me reparado, respondeu: "Oi, tudo bem contigo?"
Naqueles tempos a Baixada vivia uma efervescência social, política e cultural numa proporção diretamente inversa com a visível decadência do governo autoritário. Os movimentos e as organizações político-sociais se multiplicavam. A região era cobiçada por grupos politizados que espalhavam novidades, avidamente absorvidas. Em Nova Iguaçu, a cidade mais populosa da Baixada alguns desses movimentos se entrelaçavam, colocando política e artes num mesmo balaio. Eu vivia com os pés na literatura, na música e a cabeça alada sobrevoando sonhos revolucionários. Se um dia assistíamos uma peça de autor local no Teatro Independente, no outro já discutíamos uma identidade cultural para a região e uma saída política para o país. Era o nosso dia-a-dia.
O melhor da Música Popular Brasileira nesta playlist robusta! Eu já baixei!
Poesia, música, teatro, cineclubes eram os palcos onde uma leva grande de jovens se mexia, produzia e se agrupava em tribos ativas e diversificadas. Foi no pequeno Teatro Arcádia que vi a Fátima cantando pela primeira vez. Ela era de uma outra turma, o que não impedia que nos tangenciássemos. Certa vez organizaram um show com músicos da região no palco do Cinema Verde (que nada tinha de precursor dos movimentos ecológicos que surgiriam com força nos anos 80). Fátima de vestido longo cantava canções interpretadas por Maria Betânia entre outras. A turma comentava que ela devia ser muito fã da baiana. Levava um jeitão da Betânia no palco. Depois ela foi para o Rio, cantar na noite e correr atrás de uma gravadora. As chances eram bem consistentes ela me disse em uma ocasião. E deu-se um grande intervalo até o tal encontro na pastelaria.
E a conversa fluiu mais um pouco naquela noite e eu perguntei como estava a carreira e ela disse que tinha acabado de gravar um disco que sairia por aqueles dias. Tinha até música do Milton Nascimento com Fernando Brant. Eu vibrei sinceramente com a notícia. E ela disse ainda que a gravadora tinha colocado um nome artístico, não seria Fátima, porque faria confusão. Outras ‘Fátimas’, entre elas Fátima Guedes, já faziam muito sucesso. Entraria para o estrelato com o nome de Joanna. Com dois enes.
Passados pouco mais de dois meses daquele papo ligeiro no ‘China’, Fátima não poderia mais entrar na pastelaria como uma simples mortal. Virou celebridade, instantaneamente. A menina explodiu nas paradas musicais e foi catapultada com força para cima. Joanna vendeu mais de 80 mil cópias do seu primeiro disco num estalar de dedos. Sucesso de gente grande e estrela consagrada. E aquele encontro na pastelaria foi a última vez que a vi.
De lá pra cá nós tivemos mais ou menos “perto” por duas vezes. A primeira foi quando uns quatro anos depois ela gravou em seu quinto LP (Brilho e Paixão), a canção ‘Eternamente’ dos amigos Wálnio Franco Pacheco e Drácula. Foi a música de trabalho do disco e estourou na praça. Teve até clip no Fantástico. Wálnio hoje mora na Região dos Lagos, aposentado como Juiz de Direito. Drácula, apelido e nome artístico de Welerson de Souza Pereira, faleceu prematuramente com problemas circulatórios. Uma pena. Além de amigos, formavam uma dupla talentosa de compositores. O segundo “contato” à distância com Joanna/Fátima foi anos depois quando eu já como chefe de redação de um diário local, mandei um recado pela colunista social que a entrevistaria por conta de um show que faria por lá.
Qualquer dia vou à Nova Iguaçu comer uma esfiha naquela pastelaria asiática. Por enquanto, sigo nesse ofício de observador de astros. Com meu telescópio imaginário, convivo com as estrelas à distância. São os tais “esbarrões”, que já falei. Abraço.
“Não vai passar
Nem que passe o tempo
Não vai curar nem com toda a ciência
Não vai ceder um instante essa febre
Não vai findar esse meu querer
Não vai morrer nem que a fé se acabe
Não vai mudar nem com todo vento
Não vai parar de queimar eternamente” (Eternamente – Drácula/Wálnio)
Que playlist de samba!
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