top of page
Foto do escritorPaulo Eduardo Ribeiro

Linha 152 / Terminal Sacomã




16h40, sempre na hora.


Faça chuva ou faça sol o motorista da linha 152 / Terminal Sacomã não costuma atrasar, nem adiantar, na verdade ele parece um relógio, sempre na hora.

Depois de quatorze anos indo para a Universidade de carro, tive que mudar meu hábito e começar a ir de transporte público. O preço dos combustíveis foi sem dúvida nenhuma o que mais levei em conta na hora de tomar essa decisão.

Estou chegando mais cedo, não estou me estressando com o trânsito caótico da cidade de São Paulo, mas estou física e mentalmente esgotado, difícil dizer uma única parte do meu corpo que eu não sinta dor, apesar de que isso nem é tão difícil assim para alguém prestes a completar 52 anos.


O mesmo cumprimento ao subir os degraus, o mesmo comentário sobre o fato de eu sempre o salvar por causa das moedas, geralmente na quantia certa, que lhe entrego enquanto meu bilhete único com benefício para professor não chega.

O ônibus vazio me permite sempre escolher onde quero me sentar, lado esquerdo, lado direito, só não faz diferença quando o ônibus tem ar condicionado, mas uma coisa eu gosto de fazer mesmo não sendo uma condução que nesse horário fique lotada, gosto de me sentar nas poltronas individuais.



Bom dia, Good Morning, Bonjour, a playlist para começar seu dia.



Eu e meu tamanho mais minha bolsa ocupam espaço demais, não gosto de sentir que estou incomodando meu parceiro de viagem, mas às vezes ir acompanhado é inevitável.

Os mesmos rostos, os mesmos hábitos e cerca de cinquenta minutos para colocar os pensamentos em dia, para ler e enviar mensagens pelo whatsapp ou para ouvir minha playlist preferida daquele dia no meu tocador igualmente preferido.


Enquanto o ônibus rasga a Av. Faria Lima em São Bernardo do Campo fico torcendo para que não haja muito trânsito no Paço Municipal, principalmente na altura do Parque da Juventude, é preciso que ele consiga passar logo por esse trecho e subir a Lucas Nogueira Garcêz o mais rápido possível para chegar logo à Rodovia Anchieta, mas não sem dar aquela parada quase que obrigatória no semáforo da praça dos bombeiros na Avenida Kennedy.


No próximo ponto o rapaz com coque no cabelo vai subir, antes dele já subiram a jovem mãe com uma criança no colo, a loirinha com piercing no lábio, o trabalhador com mochila nas costas e o fortão tatuado de camisa regata, parece um deja vu diário de rostos que não tenho a menor ideia de onde vieram tampouco para onde vão. Talvez eles pensem a mesma coisa a meu respeito.

Caminhos que se cruzam todos os dias sem que haja, no entanto uma intersecção real... talvez haja, confesso que apesar de tudo não tenho vontade de me aprofundar a esse ponto nos mistérios da vida, até porque posso entrar em contradição, pois vivo dizendo que nada é por acaso.


Assim como o tempo os pensamentos voam enquanto nos aproximamos de nosso destino.

O trânsito começa a ficar mais pesado quando atingimos a rodovia, mas ainda bem que na parte urbana existe uma faixa exclusiva para os ônibus, isso com certeza é fundamental para que meu horário não seja comprometido, chegar atrasado depois dessa maratona toda com certeza afetaria meu rendimento.


Olhar do assento do ônibus o trânsito da Avenida Lions nesse horário só me faz pensar que talvez tenha tomado a decisão correta ao não ir mais de carro.

Primeira, segunda... Primeira, segunda... Primeira.


Enquanto penso nessa dança sincronizada entre eu e o câmbio do carro o fortão tatuado desce, o trabalhador com mochila nas costas também e assim outros personagens dessa história diária que tenho participado vão seguindo seus caminhos, cada um envolto em seus próprios pensamentos, com seus problemas, suas histórias.



Hora de ouvir boa música, na playlist da Spotify!



Última curva e o ônibus 152 / Terminal Sacomã já vai parar, foi apenas a primeira parte do trajeto então preciso me apressar porque ainda tenho as linhas verde, azul e vermelha do metrô antes da aula do dia, outros rostos igualmente conhecidos, outros nem tanto procurando seu espaço enquanto a próxima estação é anunciada.


Mas afinal de contas de onde elas vêm? Para onde elas vão?

A sensação que tenho é que nunca saberei e provavelmente não fará diferença ter ou não essa resposta porque amanhã tem mais e novamente terei a chance de pensar a respeito, pois novamente encontrarei essas pessoas no ônibus 152 / Terminal Sacomã, pessoas que não tenho a menor ideia quem são mas que agora fazem parte da minha rotina.


Paulo Eduardo Ribeiro, do Canal Ponte Aérea, para CRIATIVOS!


 

Vamos ouvir os guitarristas!



 


A Cedro Rosa Digital desempenha um papel central. A empresa certifica e distribui obras e gravações musicais no mundo inteiro, oferecendo uma plataforma acessível para artistas independentes. Utilizando tecnologia blockchain e inteligência artificial, a Cedro Rosa garante que os compositores e intérpretes sejam corretamente creditados e recebam royalties, independentemente de onde suas músicas sejam tocadas.


O sistema CERTIFICA SOM, em desenvolvimento pela Cedro Rosa, é apoiado por instituições como EMBRAPII, SEBRAE e o Ministério da Ciência e Tecnologia, reforçando a importância da transparência e justiça no mercado musical global. Ao fortalecer o elo entre criadores e consumidores, a Cedro Rosa contribui para a geração de divisas e o reconhecimento da diversidade cultural em escala mundial.


0 comentário

Comments


+ Confira também

destaques

Essa Semana

bottom of page