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Foto do escritorJosé Luiz Alquéres

Mais ciência mas com sensibilidade


Ao longo da história o estudo da filosofia e o da filosofia natural- mais tarde chamada ciência - esteve ora mais próximo, ora mais distante, um do outro. A partir do século XVII com a rápida evolução da chamada Revolução Científica, o fosso se ampliou e aqueles que se dedicavam a um ou a outro ramo foram se afastando e mesmo se inimizando. Ao não reconhecer coisas outras senão as que lhe mostravam seus sentidos e focar seus estudos cada vez mais em temas super específicos, os cientistas foram construindo um mosaico incompleto de causas e efeitos. Mesmo visões teóricas unificadoras, como a de Isaac Newton (1642/1726), após algum tempo, iam sendo minadas por questionamentos e experimentos marginais, que, ao final, levavam a nova queda de paradigma e novo reinício. A ciência como explicadora de tudo, a partir de certo ponto passou a ser relativizada por sábios que somavam ao seu conhecimento uma boa formação humanística. Disso resultou o chamado Romantismo Alemão. A ciência só, nunca seria capaz de chegar perto da causa de tudo, causa essa que deve ser buscada ,com outros olhos, na natureza, como sugere Rousseau (1712/1778) nas suas Rêveries d'un Promeneur Solitaire. O Romantismo Alemão aponta a algo mais além das ferramentas da ciência e da percepção dos sentidos, para resolver aquele enigma, como se manifestam Goethe (no Fausto) e Humboldt (no Cosmos) , cientistas e humanistas. Não estranhamente uma simples jovem inglesa chamada Jane Austen, fala o mesmo ao combinar no seu romance de estréia, Razão e Sensibilidade (1811) os fatores que tem que andar junto para produzir o conhecimento, num plano, e o final feliz, no outro. Até bem pouco tempo, a ciência parecia só acreditar literalmente na Bíblia quando diz que Deus deu o mundo e a natureza a Adão para dela dispor ao seu bel prazer, o que ele e seus filhos passaram a fazer destruindo-a sistematicamente. As poderosas ideias do iluminismo na prática mostraram a face mais cruel e injusta do mundo, como a primeira revolução industrial, a destruição do ambiente, a questão social e a injustiça distributivista. Isto tem paralelo na visão atual de um progresso desvairado engendrado pela ciência e tecnologia, que resultam na destruição ambiental e efeito estufa. Já a reação romântica pode ser associada à busca de uma alternativa ambientalmente e socialmente saudável. Qual os antigos românticos vozes discordantes hoje surgem denunciando os horrores da destruição ambiental. Em 2006 Al Gore, ex Vice Presidente e depois candidato à Presidência dos Estados Unidos, traz ao Brasil o seu filme Uma Verdade Inconveniente, lançado em turnê mundial. Em 2015 , em Paris, 195 países assinaram o Protocolo para pôr um freio nas emissões de carbono. Em 2020, Bill Gates escreve o seu livro Como evitar um Desastre Ambiental. São marcos, que a história vai guardar, espero, como o fim da marcha insensata em direção à auto destruição da nossa espécie. Em pleno Romantismo, artistas que enxergam mais longe, já criavam metáforas do que iríamos enfrentar. O ano de 1816 foi peculiar. A explosão do vulcão Tambora no ano anterior, a maior da história do planeta, lançou tantas cinzas na atmosfera que não houve verão no hemisfério norte. Refugiados numa vila às bordas do Lago Lemano o poeta Shelley, sua amante e futura mulher Mary, a irmã desta Claire, seu amante Lord Byron e outros escritores foram, por este último, instigados a escrever algo sobre o além das percepções naturais, Mary concebe o romonce Frankenstein. Este é um Doutor, uma espécie de alquimista científico, que no afã de criar um ser perfeito se isola num castelo na Alemanha e a partir de boas partes de diversos corpos mortos, monta o que seria o homem ideal e lhe infunde vida num choque elétrico. A criatura é o tal mosaico incompleto a que me referi acima. Falta-lhe alma. As experiências deGalvani sobre a eletricidade animal andavam na moda, lembro. Da experiência do Doutor Frankenstein nasce um monstro. No romance a criatura é educada pelo seu criador mas se evade e comete uma serie de crimes, em particular o assassinato de um poeta, simbolizando, certamente o fruto da ciência assassinando a sensibilidade. Quando voltam a se defrontar a criatura fala para Frankenstein: Você é meu criador mas eu sou o seu Senhor. Algo que , mutatis mutandi, Adão, o primeiro dos golem na tradição talmúdica, não faria melhor, se pudesse hoje se dirigir à mãe Natureza, em cujo embalo foi criado e ora a assassina. Talvez 2021 marque o ano de reconciliação entre ciência e sensibilidade. Que a ciência volte a ser chamada de filosofia natural e a natureza seja a mãe querida a se preservar, para que possamos um dia, no futuro distante, sermos lembrados pelos nossos netos e bisnetos e os filhos deles, como aqueles seres, quase divinos, que admitiram se privar de umas tantas coisas para que eles pudessem desfrutar do precioso dom de existir.


 

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