Márcia Patrocínio e a magia de encantara montanha com arte e cultura
Márcia do Patrocínio Gonçalves Silveira começou a participar de atividades artísticas aos 6 anos, recitando poemas nas igrejas de Montes Claros (MG), onde nasceu. Na adolescência participou de diversas atividades culturais nas áreas de canto coral, grupos instrumentais, teatro e cerâmica. Formou-se em Educação Artística/Educação Musical pela Faculdade de Artes Dulcina de Moraes, da Fundação Brasileira de Teatro, Brasília (DF), no ano de 1986. Lá mesmo fez pós-graduação em “Linguagens Artísticas e Educação”, com bolsa do CNPq, no ano de 1992. Trabalhou como arte-educadora no Colégio CEUB, do Centro Universitário de Brasília, atuando no Ensino Fundamental, primeira fase, de fevereiro de 1987 a dezembro de 2001. Atuou também em outras escolas do DF entre 1995 até 1997, quando foi para a Escola de Música de Brasília, e integrou o Madrigal de Brasília, até se mudar para Visconde de Mauá (Resende), em 2002.
Durante os anos que morou em Brasília cantou, no citado Madrigal de Brasília (coro profissional – 6 anos), no Coral Brasília (amador – 7 anos), Grupo Vocal Nossas Vozes (amador – 4 anos), com os quais, gravou CDs. Participou de festivais e concursos de corais pelo Brasil e também na Europa e América do Sul. Já morando em Visconde de Mauá, criou o Coral do Visconde em outubro de 2003, do qual é regente, e com o qual participou de encontros de Corais em cidades do Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, incluindo os Festivais Cantapueblo, em Mendoza, na Argentina (2012), Canta, Repica, Redobla, no Uruguai (2018), além de participar ativamente da vida cultural da região.
Criou o Centro Cultural Visconde de Mauá (CCVM), em abril de 2004, espaço cultural democrático que se tornou referência na Mantiqueira, promovendo Arte, Cultura e Educação para todos, através de música, artes plásticas, literatura, teatro, reuniões de interesse comunitário e participa de todas as iniciativas relevantes para a comunidade da região de Visconde de Mauá e se tornou Ponto de Leitura em setembro de 2009 e Ponto de Cultura em maio de 2010. Desde então, conta com o reconhecimento dos Governos Estadual e Federal.
Márcia Patrocínio é uma escritora diferente. Há vinte anos escreve páginas de arte, cultura e educação num ambiente de civilidade amorosa, ajudando a encorpar a aura de magia que envolve a montanha, nesse encantado pedaço da Serra da Mantiqueira.
CRIATIVOS - Márcia, a menininha de 6 anos que declamava poemas nas igrejas de Montes Claros, já sonhava em viver em meio a arte, ou da arte, de alguma maneira?
MÁRCIA PATROCÍNIO - Uma garotinha de 6 anos costuma obedecer fielmente aos comandos da mãe... Então, bora lá decorar lindas poesias, algumas em latim, para fazer bonito depois da missa de domingo. Aliás, também era minha mãe que ensaiava "as anjinhas" para coroar Nossa Senhora, todo ano, no mês de maio. Como era a filha da "ensaiadora", sempre tinha a chance de fazer um solo para Nossa Senhora. Era tenso..., mas dava certo. Acredito que muitos de nós, criados no catolicismo, tivemos o primeiro contato com a Arte numa igreja, onde podíamos apreciar a arquitetura, a palavra poética dos Salmos, esculturas, pinturas, a divina música... Me lembro que em 1981, quando tinha 19 anos, participei de um Concerto Sinfônico (Coro e Orquestra), quando cantei uma Missa de Franz Schubert (compositor austríaco - 1797/1828) na Catedral de Montes Claros. Foi algo definitivo na minha formação musical, e por que não dizer até do meu caráter.
CRIATIVOS - Como Visconde de Mauá entrou na sua vida?
MÁRCIA PATROCÍNIO - No começo dos anos 2000, Joaquim Moura (meu ex-marido) e eu chegamos à conclusão de que queríamos morar no interior do Brasil, criar nosso filho Lucas (quatro pra cinco anos na época...) em meio à natureza, cultivando uma vida simples e um pensamento sempre mais elevado. O lugar escolhido (por Joaquim) foi Visconde de Mauá, pois como ele era do Rio de Janeiro, seus pais estavam vivos ainda (moravam no Rio), ficava mais perto para visitas familiares. Então, nos organizamos e mudamos em 2002. Longe da minha sempre intensa vida cultural (seja em Montes Claros - MG, onde nasci, ou em Brasília - DF, onde vivi por 25 anos), comecei a inventar moda (rs)... Criei o Coral do Visconde em 2003 e o Centro Cultural Visconde de Mauá em 2004.
CRIATIVOS - A sua contribuição com o CCVM para que a montanha tenha esse ar meio mágico, é incontestável. O que é o CCVM?
MÁRCIA PATROCÍNIO - O Centro Cultural Visconde de Mauá é "um livro que estou escrevendo" há vinte anos, com a ajuda de muitas mãos. A maneira que encontrei de agradecer a essa natureza da Mantiqueira, da Mata Atlântica, que me acolhe e tanto me nutre e fortalece, é compartilhando a minha experiência cultural, minha sede de humanismo e generosidade. Alguns chamam de "Casinha da Utopia"... tá valendo. Por isso vou caminhando nessa direção, rumo a um horizonte de mundo melhor, através da Arte, da Cultura e da Educação. Nesses 20 anos já produzimos mais de 200 exposições de arte, feiras de livro já foram 14 edições, com livros aos montes para todos, na nossa Biblioteca Comunitária (que é um Ponto de Leitura, reconhecido pelos Governos Estadual e Federal), dezenas de concertos musicais anuais, enfim, abrigando boa parte da produção cultural da região de Visconde de Mauá, de maneira democrática, acessível a todos que queiram se expressar...
CRIATIVOS - Os corais fazem parte da sua vida desde sempre. O maravilhoso Coral do Visconde é hoje uma marca da região. Como você conseguiu em tão pouco tempo reunir um time tão encaixado, já que ele nasceu pouco tempo após sua chegada à região?
MÁRCIA PATROCÍNIO - Não sei o que é viver sem estar participando de algum Coral, desde os dez anos de idade (e antes disso, cantando nos mais puros coros angelicais na infância, nas coroações de Nossa Senhora). Posso dizer que quase tudo que sei (o que é quase nada...), aprendi por estar cantando num Coral... Isso mesmo! Num Coral conheci um pouco de culturas de muitos países, viajei por muitos lugares do Brasil, América e Europa, cantei em línguas diversas, aprendi a conviver de maneira harmoniosa com os outros, respeitar a diversidade humana. Quando cheguei em Visconde de Mauá não tinha um Coral... então, inventei um, mesmo não sendo regente, nem tendo formação técnica para tal. Apenas a minha experiência de tantos anos cantando em diversos corais em Montes Claros e Brasília. Aí, inventei o Coral do Visconde. E lá se vão 21 anos...
CRIATIVOS – Então, o que mais a dizer sobre você ou sobre o seu entorno:
MÁRCIA PATROCÍNIO - Nada mais a declarar (rs), a não ser ratificar a minha paixão e gratidão por tudo o que faço, pelos amigos que ganhei e por esse caminho que trilho, buscando incessantemente o autoconhecimento. Isso é o que realmente importa.
Centros culturais distribuídos pelo país têm um impacto fundamental no desenvolvimento sociocultural e na promoção de equidade.
Eles criam espaços de interação e aprendizado, onde as comunidades locais podem acessar arte, conhecimento e oportunidades de crescimento cultural, social e econômico. Essas iniciativas incentivam a inclusão ao dar voz a diferentes expressões culturais e proporcionam formação e capacitação para jovens e profissionais das indústrias criativas, fortalecendo o tecido social e estimulando o desenvolvimento econômico local.
A Cedro Rosa Digital, com apoio da EMBRAPII, SEBRAE, Ministério da Ciência e Tecnologia, Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) e do Parque Tecnológico da Paraíba, campeões de registros de patentes no INPI, tem se destacado ao certificar e distribuir músicas independentes de qualidade. O sistema CERTIFICA SOM garante que os dados técnicos das obras sejam preservados com precisão, assegurando que compositores, intérpretes e produtores tenham suas criações devidamente registradas e protegidas no Brasil e no exterior. Isso possibilita a remuneração justa e sustentável para milhares de criadores musicais, ampliando suas oportunidades.
O portal CRIATIVOS! também contribui significativamente ao reunir escritores, jornalistas, intelectuais e pensadores de diversas áreas das indústrias criativas em um ambiente de trocas diárias. Promovendo o desenvolvimento cultural, intelectual e científico, o portal cria uma rede de conhecimento que ajuda a conectar a sociedade aos debates contemporâneos sobre cultura, arte, ciência e tecnologia.
Além disso, a Cedro Rosa investe em projetos audiovisuais que celebram a cultura brasileira, como o filme +40 Anos do Clube do Samba, coproduzido com a TV Cultura, e a minissérie História da Música Brasileira na Era das Gravações, que documenta a trajetória musical do país.
Essas produções fortalecem a visibilidade da cultura nacional, geram empregos e ampliam o “soft power” do Brasil no cenário internacional.
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