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Não é o ocaso das Elites?


Aercio Barbosa de Oliveira

Na semana passada li um texto instigante e arguto do José Luiz Alquéres neste site. Em o “O fracasso das elites” do Brasil, Alquéres destaca os efeitos nefastos do pensamento predominante entre os economistas de nossas paragens. Esses, com suas ideias moldadas, por tudo que foi produzido ou derivou das ideias econômicas da Escola Neoclássica, cujos próceres dela foram Ludwing von Mises, Friedrich Hayek e Milton Friedman, desprezam qualquer pensamento, com possíveis efeitos práticos ou teóricos, capaz de estimulá-los a enfrentar as chagas socioeconômicas do nosso país.


Os economistas supracitados nominalmente formaram o triunvirato que, na última quadra do século XX, funcionaram como bússola para a primeira ministra do Reino Unido, Margaret Thatcher, e para o presidente dos Estados Unidos das Américas, Ronald Reagan. Ambos, inclusive os dois políticos ocupantes de posição de enorme poder dentro de seus países, viam o Estado como um obstáculo à prosperidade e ao bom funcionamento da economia de qualquer sociedade.


Música brasileira para relaxar, em playlist na Spotify.


O Estado deveria se limitar, prioritariamente, a garantir a segurança de patrimônios privados, das pessoas e o cumprimento dos contratos. É conhecida a frase da “Dama de Ferro”, cognome dado à M. Thatcher: “não existe sociedade; existem indivíduos”.


As consequências dos fundamentos e axiomas econômicos neoclássicos,atualizado como neoliberalismo, não impactaram apenas as políticas públicas de proteção social, a vida das pessoas de diferentes nações, o funcionamento da economia e a autonomia dos Estados e governos. Foram ideias poderosas que transpuseram os limites da objetividade econômica, passando a moldar a subjetividade das pessoas e, logo, as interações sociais, a maneira delas olharem e se relacionarem com o mundo.


Tudo indica que saímos de uma economia de mercado, para entrarmos numa sociedade de mercado, quando a nossa civilização se fundamenta em preceitos e axiomas da Escola Neoclássica. Esses, passaram a formar a constelação de valores morais e passam a dar o tom das relações cotidianas, sejam aquelas mais prosaicas. Tudo é precificado. O que conta mesmo é aquilo que pode ser contado.


Ter é mais do que ser!


Sempre lembro daquela propaganda na TV de uma marca de cigarro dos anos 70, século passado, quando um garboso e carismático jogador de futebol da seleção brasileira, tricampeão da Copa do Mundo, fechava a propaganda dizendo: “Gosto de levar vantagem em tudo, certo? Leve vantagem você também, leve (nome do cigarro) ...”. Essa propaganda funcionava como uma predição do espírito do nosso tempo, que teria a máxima da economia neoclássica como um mantra: maximizar a satisfação pessoal.


Música instrumental brasileira, em playlist no youtube.


Lamentavelmente, é esse tipo de ideia que toma conta daquilo que ainda designamos de elite. Um conceito escorregadio tão caro ao pensamento político e social. Vilfredo Pareto, Gaetano Mosca, no final do século XIX, e Wright Mills, no século passado, que os digam. É desnecessário recorrer a esses estudiosos. Saber o significado encontrado no dicionário Aulete Digital já é suficiente: grupo de pessoas influentes numa sociedade, por estarem em posição de poder ou por serem altamente competentes em determinada área.


A minha posição, mais cáustica do que a do Alquéres, parte do mesmo diagnóstico.


Vejo, não só no Brasil, mas em vários países do nosso saturado planeta, uma elite que se esvai nos braços de Mamon. Uma elite, se é assim que podemos qualificar um grupo social com muito poder político e econômico, que, contemporaneamente, aprecia a estultice, incapaz de pensar para além dos seus interesses familiares.


Tais “elites” seguem saqueando o Estado, dando novas cores ao nosso velho patrimonialismo. As

daqui, de cócoras para as “elites” do Norte do continente ou do outro lado do Atlântico,

admiram bilionários que disputam entre si quem tem o maior iate, quem tem mais jatos

particulares, que se divertem comprando times esportivos etc.


Creio que precisaremos renomear isso que, não faz muito tempo, chamávamos de elite!



Aercio Barbosa de Oliveira

Educador da Organização da Sociedade Civil FASE - Solidariedade e Educação e bacharel

e mestre em filosofia na UERJ.


 

Música



 

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