NOITE

No meio da noite, como sempre acontecia, ela rolou pra esquerda na cama. No entanto, como jamais havia acontecido antes, ao menos ao longo dos últimos 30 anos, ele não estava lá. Um estranho e inédito calafrio percorreu seu corpo inteiro e se instalou no cérebro.
O que poderia ter acontecido? Verdade que a sonolência ainda não havia passado e aquilo era um misto de realidade e sonho. Não levantaria - sabe-se lá!! - às três da madrugada para uma eventual inspeção. Corpo e consciência, agindo juntos, impediam que tomasse algum tipo de providência. Silenciou o máximo que pôde, imaginando alguma estratégia enquanto tentava ouvir ruídos que a informassem se ele simplesmente tinha ido beber água ou sentido algum desconforto que o tivesse levado ao banheiro num horário imprevisto.
Não abriu os olhos. Jamais abria os olhos imediatamente após acordar. Tinha uma forte fotofobia e o dia podia ter amanhecido, apesar de desconfiar que aquele era apenas o movimento corriqueiro de corpo que fazia toda madrugada, desde sempre.
Jamais dormira a noite inteira numa mesma posição. Não seria esta a noite que marcaria uma evolução – ou involução – num quadro tão consolidado.
Porque ele não estava lá? Teria, por alguma razão, a abandonado? No início do casamento, anos atrás, desconfiara fortemente de uma ou duas colegas de trabalho dele, cuja amizade parecia ultrapassar o razoável e incluía porres homéricos e ligações em horários pouco convencionais. Levou algum tempo até que pudesse voltar a confiar nele e nelas. De qualquer forma, acabou entendendo que eram mesmo muito amigos e ela também acabou se tornando íntima das meninas a ponto de agora ter inclusive mais encontros com elas que ele. Ele não sairia de casa por isso.
O trabalho já há algum não exigia tamanho empenho em caso de emergência. Mesmo um eventual incêndio, por exemplo, não justificaria uma ida intempestiva ao escritório.Não havia nada que ele, ou qualquer outro colega pudesse fazer, além de assistir. Era um trabalho especializado a ser feito pelos bombeiros ou pela brigada do edifício.
Lutou contra a vontade de abrir os olhos e levantar para se certificar de que tudo estava dentro de padrões aceitáveis de normalidade. Resistiu. Não abriu os olhos e continuou elaborando teorías possíveis para aquela inusitada situação.
Lembrou de repente que ele agora fazia, via internet, aplicações na bolsa de valores de Tóquio. Os horários eram invertidos lá. Passou a ter certeza que era isso. O mercado asiático andava atraente, ele tinha dito. Apesar de ter iniciado as aplicações através de uma corretora, tinha avisado que tinha interesse em acompanhar diretamente e podia muito bem ter decidido fazer isso nesta noite. Ou não...
E se tiver acontecido alguma coisa muito importante? Teria a PF finalmente feito aquela esperada visita a uma das casas da ex-primeira família, na intenção de oferecer um pacote de hospedagem completo num dos estabelecimentos do sistema penitenciário nacional? Seria um motivo bastante razoável. E isso aconteceria certamente depois das seis da manhã, o que era uma razão a mais pra ela não abrir os olhos por causa da tal fotofobia. Mereceria comemoração sim, mas podia ficar pra depois. Ou, pensando bem, ele talvez tivesse vindo acordá-la caso fosse essa a razão do súbito desaparecimento. Não devia ser.
Teria o Kim Jong il apertado um daqueles botões e atingido a Coreia do Sul ou o Japão? É o tipo da coisa que pode acontecer de madrugada, dado o fuso desfavorável pra nós. Não. Estava indo longe demais nas elucubrações. Duas delas ja envolviam o extremo oriente...
E se não fosse nada disso? E se ele apenas tivesse tido uma crise de insônia, causada pela ansiedade dz mudança de status no trabalho, após ter conseguido a promoção que queria há um tempão e que finalmente tinha sido anunciada pelo CEO da empresa?
Elaborou ainda diversas outras possibilidades envolvendo incêndios na vizinhança, operações policiais, notícias ruins de familiares, amigos bêbados, dor de cabeça oupesadelo das crianças. Sabia que ele lidaria bem com qualquer das situações e, sendo uma noite de sexta-feira pra sábado, não abriria os olhos antes de sentir que seria realmente a hora de levantar. Se algo dependesse dela, ele mesmo já teria vindo ao seu encontro.
Mas uma vontade inesperada de ir ao banheiro passou a incomodá-la, o que a obrigaria a levantar de qualquer forma. Reflexo, talvez, das cervejas que tinham tomado na saída do teatro, pouco antes da volta pra casa.
Resistiu o quanto pôde, mas abriu os olhos e viu que ele estava deitado ao lado, um pouco mais longe que o usual.
A primeira compra que fizeram após o anúncio da promoção foi uma cama king size.
A falta de hábito é uma coisa...
Rio de Janeiro, janeiro de 2025.
O Brasil vive um momento de renascimento cultural, impulsionado pelo sucesso do cinema e da música popular.
O filme “Ainda Estou Aqui” conquistou resultados espetaculares, enquanto “O Auto da Compadecida 2” manteve o ótimo desempenho nas bilheterias. Na música, o impacto é igualmente impressionante: segundo Will Page, ex-CEO do Spotify, das 100 músicas mais tocadas no país, 99 são brasileiras, evidenciando a força e a originalidade da produção nacional. Em seu perfil no LinkedIn, Page elogiou os “executivos brasileiros como inspiradores”, citando entre eles Antonio Galante, fundador da Cedro Rosa Digital.
“O Samba Está Aqui”
É nesse contexto que acontece o festival de cinema pré-carnavalesco “O Samba Está Aqui”, promovido pela Cedro Rosa Digital em parceria com a Artifício Cinematográfico, de Luís Guimarães de Castro. Dedicado ao samba e ao carnaval, o festival ocupará espaços icônicos como o CINE ARCOS, na Fundição Progresso, e o Centro Cultural da Justiça Federal, no Rio de Janeiro. Outras cidades como Maricá, Nova Iguaçu, Paracambi, São Paulo e Bahia também farão parte do circuito. O evento celebra a cultura brasileira enquanto fomenta a economia criativa e o audiovisual.
A Cedro Rosa Digital, fundada pelo produtor e compositor Antonio Galante, é uma plataforma global de certificação e distribuição musical que representa artistas de cinco continentes. Com foco na inovação, a empresa diversifica seu repertório diariamente, acolhendo criadores de todo o mundo e promovendo licenciamento justo para publicidade, cinema, jogos e outras mídias. Além disso, a Cedro Rosa permite que qualquer pessoa ouça músicas e playlists gratuitamente em sua plataforma.
Entre seus principais projetos, destaca-se o sistema CERTIFICA SOM, que utiliza tecnologias como blockchain e inteligência artificial para garantir a correta atribuição de créditos e o pagamento de direitos autorais em escala internacional. Essa iniciativa fortalece a transparência e a representatividade no mercado musical, beneficiando compositores, intérpretes e produtores.
No cinema, a Cedro Rosa lidera iniciativas que celebram a música brasileira. Entre os projetos mais notáveis estão “+40 Anos do Clube do Samba”, uma coprodução com a TV Cultura de São Paulo, e a minissérie “História da Música Brasileira na Era das Gravações”, que destaca a rica trajetória musical do país. Essas produções geram empregos, movimentam a economia criativa e reforçam a presença do Brasil no cenário cultural global.
Com uma atuação sólida em feiras e simpósios internacionais, a Cedro Rosa também promove parcerias estratégicas com países como China, Dubai e Cuba, com o apoio da APEX. Essa presença global, aliada ao compromisso com a cultura e a tecnologia, faz da Cedro Rosa um exemplo de como a economia criativa pode ser um motor de desenvolvimento econômico e social.
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