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O « artista rêmura » ou a ARTE SEM DEUS

Atualizado: 17 de jan.


Edgar Duviver

Durante milênios a relação do artista com a arte, foi uma forma de comunicação com o sagrado. Dos desenhos e esculturas pré-históricas à música barroca, o artista através da arte, procurava se relacionar com o divino, com o que transcende a nossa realidade.


A arte procurava representar o belo nessa busca a Deus, o belo total. Bach, por exemplo, era profundamente religioso e dizia escrever para Deus, cada nota de suas músicas. O artista então procurava encontrar e levar todas as pessoas, através de suas criações, a Deus.


Com a revolução científica, o Iluminismo, o racionalismo, o empirismo, a “morte” de Deus, o artista se viu só, criando não mais para buscar dialogar com o sagrado, mas para denunciar as injustiças da vida, a dureza da realidade. Assim, a arte foi pouco a pouco deixando de buscar o belo para representar o feio, o real.


A beleza (das Belas Artes) então associada ao idealismo, à alienação, à riqueza, à burguesia, aos padrões estéticos de uma classe dominante, ao preconceito econômico e social, foi sendo evitada pois o artista, pós revolução francesa, deve, nas palavras de Saint-Simon, fazer como os soldados numa batalha, deve estar na vanguarda, quer dizer, à frente do povo, abrindo e mostrando o caminho a ser seguido.


Numa sociedade crivada pela violência e injustiças agora questionáveis, a exaltação do belo se tornou sinônimo de superficialidade. O artista deve fugir do belo, deve enfrentar os horrores da realidade. O Artista passou então a criar para denunciar, para revoltar, muitas vezes só para impressionar mesmo.


E esse é o perigo contemporâneo. A arte sem alma, a arte que no intuito de questionar os valores burgueses acaba se submetendo e sendo produzida pra impressionar o burguês.


O artista passa a funcionar como o peixe rêmora, aquele que gruda nos tubarões e nas baleias para se alimentar dos restos de comida dos seus hospedeiros. Vivem uma relação de comensalismo, ou seja, uma relação onde uma espécie se aproveita da outra.


O capitalista, que vive do novo e do descartável, percebe nessa arte uma oportunidade de monetizar a criação do artista transformando em cifras todo e qualquer valor espiritual.


O capitalista usa a arte como investimento enquanto o artista se esvazia espiritualmente e passa a criar para agradar o mercado. A arte se afasta do público que, por sua vez, não vê interesse nessa arte sem transcendência.


É nesse vácuo que as drogas aparecem como o substituto mais fácil e mais procurado para aplacar nossas angustias.


Sem Arte e sem Deus, precisamos de ópio, pois a vida material por si só não satisfaz. A vida é mistério, mesmo sem Deus precisamos crer no sagrado.


 

A tecnologia tem um papel transformador no campo das artes, cultura e pensamento, permitindo que ideias e obras alcancem públicos globais, além de oferecer ferramentas para criar, promover e distribuir conteúdo de maneira democrática. No entanto, para que essa transformação vá além da mera busca por lucro e acumulaçã financeira, é necessário um enfoque voltado para valores culturais, artísticos e filosóficos que enriqueçam a sociedade em vez de apenas acumular riquezas materiais.


Isso inclui o uso de plataformas digitais para fomentar a diversidade, dar visibilidade a vozes independentes e fortalecer a representatividade.


Na sociedade atual, altamente monetizada, onde o sucesso de artistas é frequentemente medido pelo número de downloads, seguidores e fortunas, a valorização de outros critérios é um desafio. É fundamental criar espaços que reconheçam a profundidade artística, a relevância cultural e a contribuição intelectual das obras, independentemente de seu apelo comercial.


Ferramentas como blockchain e inteligência artificial podem ajudar a rastrear, autenticar e valorizar produções culturais de forma justa, permitindo que artistas sejam recompensados por seu impacto, e não apenas por sua popularidade.


A Cedro Rosa Digital é um exemplo concreto de como essa abordagem pode ser colocada em prática. Fundada pelo produtor e compositor Antonio Galante, a Cedro Rosa certifica e distribui obras e gravações musicais de artistas independentes de cinco continentes.


Ao utilizar a tecnologia para garantir royalties e direitos autorais internacionais, a plataforma não apenas gera emprego e renda para criadores, mas também contribui para a sustentabilidade da cadeia econômica da música e do audiovisual. Essa prática promove uma economia criativa mais inclusiva e menos centrada nos grandes mercados comerciais. Os parceiros institucionais da Cedro Rosa incluem associações como ASCAP, SACEM e ECAD, que recolhem e distribuem os direitos autorais das músicas certificadas no mundo inteiro, além de parcerias com instituições como a UFCG, EMBRAPII e SEBRAE, no desenvolvimento de projetos inovadores como o sistema CERTIFICA SOM.


O portal CRIATIVOS! também desempenha um papel crucial nesse contexto. Atuando há quatro anos, ele reúne artistas, intelectuais, jornalistas e outros profissionais das áreas culturais e criativas para promover debates e divulgar ideias que estimulam o pensamento crítico e a diversidade cultural. Essa curadoria de conteúdos vai além do entretenimento, propondo reflexões que enriquecem o repertório intelectual das sociedades.


A atuação da Cedro Rosa Digital e do portal CRIATIVOS! exemplifica como a tecnologia pode ser utilizada para preservar e valorizar a essência das artes, incentivando a criação de uma economia criativa que priorize a qualidade e o impacto cultural acima do mero retorno financeiro.

1 Comment


Ana Costa
Ana Costa
Jan 16

Que incrível a forma como a arte pode transmitir tantas emoções e histórias! Adoro explorar essas reflexões sobre a criatividade humana. 🖌️✨ Falando em momentos de lazer, recentemente encontrei o WJ Cassino e fiquei impressionado com a variedade de jogos disponíveis. É só acessar, fazer seu depósito e se divertir com opções para todos os gostos. Vale muito a pena conferir: https://wjcassino777.org/jogos. 🎮💰 Uma forma ótima de relaxar depois de um dia cheio!

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