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Foto do escritorAlessandra Roscoe

O BRASIL QUE DÁ CERTO TODOS OS DIAS


foto: Ler e Escrever: Fonte do Saber / 2022 / Alessandra Roscoe



O BRASIL QUE DÁ CERTO TODOS OS DIAS

Por Alessandra Roscoe


Nas andanças que tenho feito pelo Brasil por conta dos livros e da Literatura, surpreendo-me cada vez mais com a capacidade que as leituras têm de alargar o mundo. Acabo de voltar de uma verdadeira maratona de viagens a trabalho e entre Jornadas, Feiras, palestras, oficinas, visitas a escolas e apresentações diversas, sempre para falar de livros e das leituras possíveis, descubro a alegria de ser presenteada com um produto inesperado, feito por leitores de uma escola de educação infantil. Crianças de 4 e 5 anos de idade de uma escola municipal de Atibaia, no interior de São Paulo, depois de mergulharem em minha obra e em minha história, junto com as professoras decidiram criar um podcast, a partir do que leram, viram e ouviram a meu respeito.


Claro que recebi o presente como um verdadeiro prêmio. Eu que tropeço tanto nas tais novas tecnologias, confesso que fiquei até tentada a desbravar outras ferramentas inovadoras depois de ouvir os dois episódios gravados do podcast O Palhaço Picolé, batizado assim para homenagear um dos meus livros, segundo, Marcela Martinho uma das professoras que coordenou a iniciativa, o livro favorito das duas turmas entre todos os meus que foram lidos ao longo do ano.


Antes de partilhar aqui estes dois episódios super divertidos do podcast, preciso falar sobre Atibaia e o trabalho consistente que o município realiza há anos para formar leitores e desde o berço.


Em 2009, foi criado por lá o Projeto Leitura no coração da Escola que começou bem modesto, atendendo apenas turmas de terceiro, quarto e quinto anos. Em 2011, surgiu entre as ações de incentivo à leitura e à escrita, a Jornada Literária de Atibaia, da qual tenho a honra e a alegria de participar desde a segunda edição em 2012. A partir de 2013, a escrita também ganhou força como ferramenta importante para a formação leitora e o projeto se transformou no projeto Ler e Escrever: Fonte do Saber , com ações que envolviam as muitas leituras possíveis desde as creches, passando pela Educação Infantil e o Ensino Fundamental, mas incluindo também a Educação de Jovens, Adultos e Idosos e com a participação de educadores e funcionários.


Na Jornada Literária, além do contato direto com escritores e ilustradores, alunos e profissionais da educação ganham livros, comprados pela prefeitura todos os anos, daqueles autores que encontram e não apenas para os acervos das escolas, mas para suas bibliotecas pessoais, um diferencial e tanto na criação de hábitos leitores.


“A Jornada Literária é um momento especial de encantamento pela leitura, vivenciado com muita alegria pelos alunos e pelos educadores”, orgulha-se a Secretária de Educação do município, Eliane Doratiotto.


Como resultado dessas práticas, em 2014 a cidade de Atibaia foi escolhida como o município mais leitor do Brasil e recebeu um prêmio por isso. Em 2016, o projeto Ler e Escrever: Fonte do Saber virou lei e agora é política pública que independe de governos. Já se consolidou e é referência para outros municípios próximos. Desde que nasceu em 2011, a Jornada Literária de Atibaia coloca o livro em evidência e de formas muito peculiares.


A produtora cultural Magda Krauss, que desde a primeira edição realiza a Jornada, unindo as diversas linguagens artísticas para celebrar a leitura faz questão de acompanhar de perto todas as fases da Jornada, desde a sua concepção, até os desdobramentos que acontecem muito depois dos dias do evento. No palco, livros se transformam em espetáculos teatrais que gratificam até mesmo as creches. Em todas as edições, atores e músicos entram em cena para dar vida a personagens e enredos adaptados de textos literários.


Ao final das apresentações, cada turma encontra os autores que leu e depois escolhe dois livros daquele escritor que encontrou entre os muitos oferecidos. A escolha é das crianças, ninguém decide por elas! As ações leitoras envolvem toda e Secretaria Municipal de Educação, que atualmente conta com 63 estabelecimentos entre creches e escolas municipais e conveniadas, cerca de 1600 educadores e quase 16 mil alunos.


“A Jornada é inclusiva, envolve alunos, professores, famílias e toda a comunidade. É um celeiro de leitores, um divulgador das artes todas, pois traz o livro, os espetáculos teatrais, a música, a narração de histórias e faz com que crianças e adultos tenham uma vivência múltipla, prazerosa e plena de todos estes desdobramentos ”, explica Magda.


Para a Professora Marcela Martinho, uma das coordenadoras do projeto do podcast, a Jornada consolidou, entre outras coisas, o hábito de ler todos os dias com e para as crianças. E mais do que fazer com que os livros sejam parte do cotidiano de alunos e professores, tem garantido um salto de qualidade no que se lê na escola e desde antes da educação infantil.


Atibaia é um exemplo do Brasil que dá certo!


Este ano eu pude presenciar isso de uma forma inusitada. Fui a autora escolhida pela Educação Infantil e numa das escolas que visitei durante a Jornada, que atende também Ensino Fundamental, fui abordada por uma estudante do quinto ano que me pegou pelo braço e me levou até a sua sala quase sem acreditar que a escritora que lê desde que era bebê (palavras dela) estava em carne e osso passeando pela escola. Ela me contou que em casa tem uma estante só de livros meus. Na verdade escritos por mim, mas dela, presenteados desde que estava na creche, pela Jornada Literária. E eu deixei aquela sala de aula como se tivesse recebido a maior honraria literária. Alguém duvida que tenha sido este um grande prêmio?


Também este ano, um dos dois espetáculos teatrais montados exclusivamente para a Jornada, foi adaptado do meu livro A outra história da Cigarra e da Formiga e no principal Teatro da Cidade, depois de assistirem à peça as turmas que leram ao longo do ano os meus livros me recebiam com entusiasmo e curiosidade para as conversas e novas partilhas.


Posso afirmar sem medo de errar que todo escritor ou ilustrador que já participou da Jornada em Atibaia, viveu dias de celebridade, mas certamente o grande protagonista lá é o leitor, que tem vez, voz e é mesmo produtor dos mais modernos conteúdos.


Com vocês, o podcast realizado pelas crianças das turmas do Infantil 5 A e B. da Escola Municipal Professor Francisco da Silveira Bueno, sob a orientação das professoras Marcela Martinho e Débora Cardoso:





*Alessandra Roscoe é jornalista, escritora e coordenadora do Uni Duni Ler todas as letras,

projeto de leituras afetivas e partilhadas com públicos diversos.

Já publicou 47 livros, um deles adaptado para um curta de animação no cinema. Teve títulos traduzidos e publicados em outros países e foi finalista do Prêmio Jabuti em 2013 com o livro Caixinha de Guardar o tempo.

É também colaboradora da Criativos.


 

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