O COLAPSO DA INFRAESTRUTURA DO RIO DE JANEIRO
O verão, com sua habitual elevação de temperaturas e aumento das precipitações pluviais, sempre apresenta demandas sobre a infraestrutura física do Rio de Janeiro.
Cidade espremida entre o mar e a montanha sofrendo os efeitos de chuvas localizadas face a conformação orográfica que provoca intenso carreamento de material em suas encostas e assoreamento dos seus rios, nossa paisagem sempre foi propensa a desastres naturais nesta época do ano.
Ao longo do último século, com o violento processo de urbanização sofrido, ao qual se somou o enorme descaso público pelo planejamento urbano e pela gestão da infraestrutura, esta estação do ano, o verão, tem sido extremamente ingrata para as nossas populações, especialmente as mais carentes.
Este artigo, porém, não visa fazer um histórico ou mesmo um diagnóstico. Inspirado em recente artigo dos engenheiros Kelman e Canedo no jornal O Globo, propomos uma solução para mitigar os efeitos deletérios dos fenômenos climáticos que ocorrem nesta época do ano.
O que parece ser da maior urgência é um observatório integrado (ou seja, olhando simultaneamente vários segmentos) do estado de manutenção das infraestruturas. Entidade civil sem fins lucrativos e sem relação de dependência financeira com os executivos estadual, municipal e federal, porém, empoderada para deles exigir as informações orçamentárias e do andamento de serviços que caracterizem a situação funcional do equipamento urbano.
Sabemos da carência e do subdimensionamento de muitas infraestruturas, mas sabemos também que se recursos de manutenção fossem aportados ao longo do ano para que elas melhor operassem nesta época, os prejuízos causados pelos eventos climáticos seriam muito menores. Tudo indica que nos próximos anos a recorrência de eventos extremos só tenderá a aumentar.
Quais seriam os focos iniciais de atenção do observatório? São vários que compõem uma longa lista, da qual devem fazer parte: mapeamento das habitações em áreas de risco de inundações e deslizamento; Construção de abrigos funcionais para acolhimento temporário de famílias sequeladas com condições dignas de higiene e segurança, evitando o uso impróprio de edificações públicas, ginásios e outras soluções precárias; Acompanhamento transparente, com divulgação da coleta de lixo abandonado em ruas e encostas; Acompanhamento da sistemática dragagem de rios; desentupimento de bueiros e outras medidas que assegurem o escoamento de águas em excesso; Identificação de pontos de estrangulamento no escoamento pluvial e realização imediata de obras que os eliminem; Prever capacidade de circulação ininterrupta nas principais vias de acesso a todos os bairros, de forma a que o socorro possa chegar sempre aonde necessário; Construção de sistemas de alerta para as populações, bem como de orientação para onde as pessoas devam procurar refugio em situações criticas; Elaboração de planos de segurança pública para proteger imóveis evacuados por ocasião dos supramencionados problemas, com repressão à ação de vândalos, arrombadores e ladrões de toda espécie; Acompanhamento dos programas de poda de árvores das concessionárias de serviço público, bem como de aterramento das suas redes de distribuição, de forma a evitar ao máximo interrupções dos serviços de eletricidade.
Essas seriam apenas algumas medidas a serem mantidas sob o foco da população pela imprensa de forma a que o poder público não pudesse se furtar de executá-las com regularidade antes de se envolver em projetos novos. Nas empresas de serviço público generalizou-se os empregos dos termos CAPEX e OPEX para se referir às despesas anuais de manutenção (despesas operacionais) e as de investimento (despesas de capital). Nelas é bem claro a prioridade para que as despesas operacionais – do orçamento dito OPEX - sejam efetuadas com prioridade, uma vez que sua não-realização não só compromete a qualidade dos serviços, como põe em risco as próprias estruturas construídas com os recursos de capital, em geral escassos.
Contrariamente, o poder público adora efetuar despesas de capital que deixem um legado físico visível embora não cuidem de zelar por sua manutenção e funcionamento adequado, o que é criminoso. O que propomos é que para toda área pública essas despesas e os trabalhos realizados fiquem bem transparentes ao longo do ano para que a cobrança se faça a tempo de evitar as tragédias como aquelas que temos assistido.
Conheça o projeto Associaçao Projeto Roda Viva, que atende a criancas no complexo do Borel, na Tijuca.
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