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Foto do escritorEleonora Duvivier

O Homem do Mistério




 

     Refiro-me a uma exposição que está percorrendo o mundo, (havendo começado na Espanha e estando agora na Itália) mostrando a reconstituição do rosto e corpo de Cristo que, ao ser removido da cruz, foi enrolado no sudário de Turin. Através de vários métodos científicos, essa reconstituição, partindo das marcas do sudário, foi feita não só desse homem que padeceu a Via Crucis e a sua própria crucificação, como exibe a história do próprio sudário desde a idade média.


Segundo o que se diz, todos os passos e ferimentos da Paixão estão registrados não só no sudário, como em duas outras relíquias da Paixão com que as marcas deste coincidem: a túnica que ele usou enquanto carregava a cruz e o véu que cobriu seu rosto depois que morreu. Essa coincidência confirma detalhadamente as vezes em que o homem do mistério caiu através das abrasoes nos seus joelhos, os locais das feridas que cada uma dessas relíquias cobriu em seu corpo e rosto, as chibatadas que levou dos soldados romanos antes de ser condenado, e ate mesmo o sangue tipo AB que ele tinha, (o qual se diz ser mais comum na Palestina).


No caso do sudário, está também registrado a água e o sangue que jorraram do lado direito de seu corpo como resultado da lança que lhe jogou um daqueles soldados, para ter certeza de que já havia morrido. Pois em geral, crucificados levavam dois dias na cruz, e depois desses dois dias, se ainda estivessem vivos, os romanos lhes quebravam as pernas para apressar sua morte, enquanto Jesus só durou nove horas, devido `as hemorragias internas que se pressupõe lhe terem causado as chibatadas que levou antes de ser definitivamente condenado.


Outros detalhes impressionantes são relacionados `as marcas do seu corpo no sudário que o envolveu, marcas essas que, no negativo de sua fotografia, apresentam uma imagem em três dimensões do seu rosto e corpo. Isso foi uma das primeiras coisas que fizeram os cientistas acreditar na autenticidade do sudário contra a hipótese de ter sido este forjado na idade Média, quando não existia fotografia e tampouco negativos de fotografias.


Afora isso, as marcas não foram feitas com nenhum material conhecido, como qualquer tipo de tinta ou o que for. Imaginam os cientistas pesquisadores do sudário, que somente uma radiação fortíssima a que nem temos acesso hoje poderia tê-las imprimido no tecido, e tal radiação levaria a eletricidade do mundo inteiro no momento em que aconteceu. Por isso, alguns chegam a pensar que as marcas são um instantâneo/flash da ressurreição.


   Embora a igreja se manifeste neutra no assunto, nem negando e nem afirmando que Cristo é o “Homem do Mistério”, é certo que devem faturar em cima das visitas ao sudário, havendo por conta disso pessoas que descartam a autenticidade deste sem pensar duas vezes.  Tendo a suspeitar de métodos tecnológicos enquanto provas de fenômenos que dizem respeito a fé. Mas quando vi a foto do rosto morto de Cristo e a enorme paz que transmite, mesmo desfigurado como nela se encontra, achei milagrosa a sua expressão, que une o ápice do sofrimento e destruição `a frescura e novidade do sono de um recém-nascido.


No caso, recém-nascido no paraíso. Expressa a pureza e abandono que adequadamente representariam a entrega de Cristo a Deus. No entanto, considerando o fato de que o cristianismo dá conta da maior parte da população do planeta, tal ‘milagre’ deveria ser manchete principal por todos os lados, mas ao invés disso, já encontrei ardentes cristãos que nada sabem sobre “The Mystery Man”.



      Por outro lado, quando pensamos que, nas palavras do intelectual francês Luc Ferry, vivemos num mundo de total opacidade, dizendo ele que enquanto se esforçaram na Franca, por exemplo, a levar a cabo certas invenções, não teriam perdido tempo com elas se soubessem que nos Estados Unidos já estavam inventado a internet; um mundo em que o fórum de competição entre as empresas é praticamente infinito e inovações constantes se sucedem em todas as áreas sem que se saiba delas em todos os lugares, chegamos `a conclusão de que nada mais, na verdade, chama sua devida atenção.

 

    A tecnologia sempre teve a tendência de vulgarizar e baratear. Ao contrário da arte, que quando é arte genuína sempre encanta, seja do passado ou do presente, os feitos tecnológicos podem surpreender a princípio, mas logo viram parte da rotina e eventualmente são descartados por outros mais recentes, e isso acontecendo com mais e mais velocidade. Num mundo dominado pela técnica, onde meios de produção aumentam a cada dia, enquanto, como notou Heidegger, esse mundo é desprovido de quaisquer ideais humanitários- tal como existiam no iluminismo e no que se considera o primeiro momento da modernidade- e agora só respondem `a competição per se entre as empresas, tudo é sentenciado `a banalização, e ninguém sabe mais para onde estamos caminhando ou até mesmo onde queremos chegar.


  Nesse sentido, não deixa de ser natural que o milagre do sudário de Cristo, mesmo que autêntico, possa passar desapercebido por grande parte do mundo cristão. Um mundo que é igualmente pressionado `a vulgarização, estando a inteligência artificial recriando mil figuras animadas de Cristo supostamente vivo, proclamando num artificialismo cujo movimento é grotesco, as mensagens de amor que costumava pregar, e exibindo um peitoral e um par de bíceps dez vezes mais musculosos do que os de Brad Pitt no filme Ulysses. Tais aberrações foram feitas obviamente com o intuito de despertar desejo nessa maioria de mulheres cujas mentes respondem `a lavagem mental da moda americana e do seu excesso de matéria física. A vulgaridade nunca reinou com tanta impunidade!


   Diante de tudo isso, sendo o milagre do sudário autêntico ou não, poderia ter sido melhor deixar Cristo viver na imaginação de cada um enquanto Mysterium Fidei (o Mistério da Fé) que sempre representou na Eucaristia.

 

  Obviamente, os materialistas, que em filosofia são definidos como aqueles que acham que somos somente cérebro, já que a mente é algo abstrato e portanto imaterial, só podem achar que tudo isso é um truque construído com a finalidade de arrecadar dinheiro. Na mesma linha, acreditam que a inteligência artificial vai poder reproduzir o cérebro humano ainda com mais potência, já que este para eles é igualmente um conglomerado de informações e ligações mecânicas entre si.


  Seja lá a posição que se tome, ela só é valida se estivermos conscientes de tudo o que acarreta. Se você é materialista, por exemplo, despeça-se do livre arbítrio, pois enquanto liberdade de agir, ele está além da lei determinista da causalidade, que é temporal e material.


Dispensando-se o livre arbítrio, a ética cai por terra, e a indignação moral contra crimes que representam o mal, a covardia, o roubo, e a exploração dos mais fracos, se torna igualmente invalida, pois o agente de tudo isso não teria responsabilidade pelo que faz por ser somente um joguete do que lhe determina e supostamente é causa de suas ações.


Neste caso, se deveria olhar para alguém como Bolsonaro ou até mesmo Hitler, simplesmente como pobres coitados que foram dirigidos e determinados por sua herança biológica e pelas circunstâncias de sua vida. Seriam, portanto, inocentes pois que desprovidos de responsabilidade. 


Se o materialista estiver pronto a aceitar esse curto-circuito moral, então que continue sendo materialista. Por outro lado, os que acreditam na mente ou na parte imaterial de nosso ser, igualmente acreditam no livre arbítrio e na responsabilidade ética de cada um de nós por aquilo que faz. 

 

  Para poder desejar a todos um Feliz Natal, vou citar o pensamento de uma filosofa brasileira contra o materialismo e a qual muito admiro, a professora Lucia Helena Galvão. Disse ela, em uma de suas palestras, que nosso medo da inteligência artificial nos roubar grande parte do que fazemos é infundado. A inteligência artificial é mecânica, portanto, éramos nós que, antes de ela existir, estávamos roubando aquilo que ela deveria fazer. A criatividade, por outro lado, não é mecânica, mesmo que possa ser copiada mecanicamente.


      Penso que a criatividade é um pacto com o imprevisto, com o que é oposto à mecanização e a exatidão. Durante o processo criativo de um artista, a própria obra vai também se criando `a medida em que vai sendo feita, e assim pode surpreender o próprio artista. A criatividade não deixa de ser uma forma de fé, de saber se abandonar: ser levado enquanto se leva a si mesmo. 


      Talvez por isso, Proust e outros, como Oscar Wilde e Ruskin, acreditavam que a obra de arte precedia o artista, e este só devia descobri-la. Daí, Proust observa, sobre uma frase musical da sonata de Vinteuil (personagem que alguns dizem corresponder a Cesar Frank), que qualquer amador com um pouco de perspicácia teria notado imediatamente a impostura, se Vinteuil, havendo tido menos poder para traduzir as formas dessa frase, tivesse acrescentado aqui e ali as lacunas na sua própria visão ou as falhas da sua mão.


E continuando, Proust diz que a audácia de Vinteuil, descobrindo as leis secretas de uma força desconhecida, conduz através do inexplorado, rumo ao único objetivo possível, aquilo em que confia e que nunca verá.


  A preexistência da obra de arte em relação ao artista corresponde `as linhas do Credo sobre Jesus: “Genitum, non factum, consubstantialem Patri.” (Gerado e não feito, pois que da mesma substância que o Pai)


Horrorizado com o mundo da técnica, Heidegger disse em uma de suas entrevistas, que “Só um Deus pode nos salvar”. Estimo que acreditemos no contínuo nascimento deste Deus, nesse dia 25 tão próximo!  Feliz Natal para todos!


 

Certifica Som: Tecnologia para Transformar a Música Global

"A tecnologia deve estar a serviço do desenvolvimento e da geração de emprego, renda e inclusão, não o contrário", declara Antonio Galante



A Cedro Rosa Digital, plataforma pioneira na certificação e distribuição musical, está desenvolvendo um ambicioso projeto chamado Certifica Som. A iniciativa, em parceria com a Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), conta com apoio de instituições como EMBRAPII e SEBRAE, e reúne um time de doutores, pesquisadores e desenvolvedores de alto nível. O objetivo é claro: utilizar tecnologias como inteligência artificial e blockchain para certificar milhões de obras e gravações, beneficiando milhares de artistas em todo o mundo.


"A tecnologia deve estar a serviço do desenvolvimento e da geração de emprego, renda e inclusão, não o contrário", afirma Antonio Galante, produtor cultural e compositor conhecido no meio musical como Tuninho Galante.


Com décadas de experiência na defesa dos direitos autorais, Galante destaca um dado alarmante: entre 10% e 15% dos direitos autorais globais deixam de ser pagos devido à falta de certificação adequada das obras e gravações.



Esse problema, chamado por especialistas de "gap de certificação", gera prejuízos bilionários para a indústria musical e seus criadores. Estima-se que, apenas em 2023, mais de US$ 2 bilhões tenham ficado retidos em sociedades de arrecadação ou distribuídos incorretamente, afetando principalmente artistas independentes e pequenos produtores.


O Certifica Som busca preencher essa lacuna ao criar um sistema que documenta de forma precisa a autoria, os intérpretes e a ficha técnica das músicas. Através da tecnologia blockchain, o projeto garante um registro imutável e rastreável, essencial para a distribuição justa de royalties. Além disso, a inteligência artificial facilita a análise de grandes volumes de dados, acelerando o processo de certificação.


Crescimento Global e Inclusão

A Cedro Rosa Digital já representa artistas de cinco continentes, com um repertório que reflete a diversidade cultural do mundo. "Nosso objetivo é criar um ambiente onde todos, desde grandes produtores até músicos independentes, tenham oportunidades iguais de monetizar seus trabalhos", explica Galante.


Com sua expansão acelerada, a plataforma também fortalece o soft power brasileiro, destacando a riqueza cultural do país no cenário global. “Estamos transformando a maneira como a música é certificada e consumida, garantindo que mais pessoas possam viver de sua arte e que os direitos autorais sejam respeitados em escala internacional”, conclui o fundador.


O projeto Certifica Som é mais do que uma solução tecnológica; é um passo decisivo para democratizar o acesso a direitos autorais e tornar o mercado musical mais inclusivo e sustentável. Com iniciativas como essa, a Cedro Rosa Digital se consolida como líder em inovação no setor e defensora incansável dos criadores de música em todo o mundo.

 

 

 

 

 

 

 

 

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