top of page
Foto do escritorMarlos Degani

O SÁBADO ETERNO


D. Edileuza era uma figura ímpar, aquele tipo que usa de um falso mau humor para afastar os chatonildos de plantão, porque além de amar futebol e seu América/RJ, era dona de um legítimo e original botequim pé-sujo-quase limpinho, a portinhola mais tradicional do meu bairro. D. Edileuza, apesar de mal saber assinar o nome, possuía uma cultura vastíssima, e via o futebol além das quatro linhas, fato que sempre considerei sensacional, tanto sob o ponto de vista esportivo, mas também sob o folclórico, qual seja um patrimônio que ela, negra, neta de escravos e analfabeta, soube construir e preservar muito bem. Era dona absoluta da história do seu time (e por consequência do futebol brasileiro), pois sabia centenas de escalações desde a fundação em 1904, hino, títulos (repetia, velocíssima, a sequência dos sete títulos estaduais: 1913, 1916, 1922, 1928, 1931, 1935 e 1960), e o seu boteco era predominantemente vermelho cor-de-sangue, ornado por uma faixa de fundo, já empoeirada, que dizia em letras douradas e garrafais: Campeão dos Campeões.


Além do vasto conhecimento sobre futebol, Copas e as suas inúmeras aventuras na geral do Maracanã, D. Edileuza contava histórias, e disse, uma vez, com os olhos rasos d´água, que um domingo de decisão no Maracanã, já começa bem diferente para as pessoas: a ida à padaria, ao jornaleiro, ao sacolão. A atmosfera muda completamente, inclusive para os não tão aficionados assim… O botequim, antes das 8h, já estava com as três mesas do lado de fora, estufa repleta de torresmo, jiló espetado com um pedaço de toucinho, linguiça fininha frita (e contorcida), moela, croquete de carne e ovos coloridos: azul, amarelo e cor-de-rosa. E a água que lavou o chão escuro, ainda refletia as garrafas de cachaça das prateleiras. O banheiro com aquele cheiro de urina lavada com desinfetante de baixa qualidade, descarga de cordinha e cortina de plástico florida. Tudo fica diferente num domingo de decisão...


Entretanto, não foi um domingo o dia inesquecível que D. Edileuza viveu, mas um sábado, 12 de junho de 1982, Dia dos Namorados, e com o grande amor de sua vida: o Mecão. O Sangue. O Diabo. Nesse dia, lá estava ela na geral do Maracanã, 21h15, para assistir à final da Taça dos Campeões, contra o Guarani de Campinas. Quando contava essa história, D. Edileuza praticamente narrava o jogo, levantava, estendia os braços, cantava o hino, repetia o time, freneticamente (Gasperin, Chiquinho, Duílio, Everaldo e Zé Dilson, depois Sérgio Pinto, Pires, Gilberto e Eloy, depois João Luís, Serginho, Moreno, Gilson Gênio e o técnico Dudu), dizia que Gilson previu que faria o gol do título, e, finalmente, chorava copiosamente agradecendo a Ogum por ter visto tudo aquilo. Dizia que foi a maior emoção da sua vida, maior até do que o dia que deu à luz ao seu único filho, Jorge.


D. Edileuza foi a maior representação de uma torcedora que já conheci na minha vida. A expressão mais apaixonada de uma pessoa por um time de futebol. O óleo essencial do amor. O arrepio de uma devoção absoluta.


A vida a levou num 12 de junho. De noite. De repente. No dia que o América completava 40 anos do seu maior título: Campeão dos Campeões da D. Edileuza.


Ogum é quem sabe.

 

Cultura gera emprego, renda e divisas para o pais.


A importância da plataforma Cedro Rosa Digital para a música independente é inegável.




A plataforma Cedro Rosa Digital desempenha um papel crucial na indústria da música independente, oferecendo uma série de benefícios significativos. Em primeiro lugar, ela desempenha um papel fundamental na geração de empregos e renda para artistas independentes. Ao fornecer uma plataforma acessível para que esses artistas promovam e vendam sua música, a Cedro Rosa Digital abre portas para novas oportunidades de carreira e ajuda a fortalecer a economia criativa.


Artistas da Cedro Rosa, na Spotify. Escute.


Além disso, a plataforma também se destaca por fornecer música certificada para trilhas sonoras de filmes, séries e outros projetos audiovisuais. Essa certificação garante que as trilhas sonoras atendam aos mais altos padrões de qualidade e estejam prontas para uso em produções profissionais. Isso não só beneficia os artistas independentes, que têm a chance de ter suas músicas apresentadas em projetos de destaque, mas também os produtores e diretores, que podem acessar uma ampla variedade de músicas de alta qualidade para complementar suas criações.


A Cedro Rosa Digital para a música independente é inegável. Ela não apenas gera empregos e renda para artistas independentes, fortalecendo a economia criativa, mas também fornece música certificada para trilhas sonoras, aumentando as oportunidades de exposição e reconhecimento para os artistas.


0 comentário

Comments


+ Confira também

destaques

Essa Semana

bottom of page