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Foto do escritorAntonio Galante

Os (d)efeitos colaterais da alta tecnologia na democracia



A quarta revolução industrial, representada pela revolução digital que experimentamos a partir do século XXI, impressiona e assusta ao mesmo tempo.


Poucos, mesmo entre os "letrados digitais", sabem que carros voadores já estão sendo fabricados no Brasil, pela Embraer, com previsão de entrega dos primeiros veículos em 2026. Ou seja, uma fantasia do desenho animado "Os Jetson", criada nos Estados Unidos entre 1962 e 1963, que foi um grande sucesso, materializa-se hoje.

O avanço tecnológico promove desenvolvimento e disrupção na educação, economia, cultura, entretenimento, mídia, transportes, indústria e finanças, entre outros segmentos, mas assusta pelas possibilidades que traz de causar grandes prejuízos à sociedade,

por mau uso.



Rio de Janeiro - Músicas em homenagem à cidade, na Spotify.



Nos últimos 10 anos escândalos, golpes e fraudes realizados através do uso da tecnologia digital e das redes sociais vieram à tona e fizeram soar um poderoso sinal de alerta nas instituições públicas e na sociedade civil.


O monitoramento de empresas, pessoas e líderes mundiais pelo SNA (Serviço Nacional de Informação) dos Estados Unidos, utilizando-se de servidores de empresas como Google, Apple e Facebook veio à público em 2013.

Diversos chefes de Estado como Angela Merkel e Dilma Roussef e empresas como a Petrobras foram vigiadas. O vazamento desta informação foi feito pelo funcionário terceirizado Edward Snowden, que acabou fugindo para a Rússia, depois de um périplo. As matérias sobre a espionagem foram publicadas nos jornais “Guardian” , da Inglaterra e Washington Post, dos Estados Unidos.

Sua história virou um filme dirigido por Oliver Stone.

Um personagem viria a ser bastante conhecido no Brasil: o jornalista americano Glenn Greenwald, vencedor do Premio Prêmio Pulitzer , que se casaria com David Miranda, atual deputado federal no Brasil, assinou a matéria do “Guardian”.


Outra história estória cavernosa veio à tona em 2018, envolvendo personagens como Donald Trump, Mark Zukberg, do Facebook, Steve Banon, um gênio da manipulação e, de quebra, Jair Bolsonaro.


Bannon, cineasta, escritor, lobista e “influencer”, foi um dos coordenadores e conselheiros da campanha vitoriosa de Trump vindo a trabalhar no governo.

Antes, depois de várias funções no cinema e no mercado financeiro, ele dirigiu o site

site de extrema direita Breitbart, do bilionário Robert Mercer, um dos líderes do Tea Party.

Mercer fundou a Cambrigde Analytica, empresa que utilizou dados de milhões de perfis do Facebook para ações clandestinas de desinformação e fakenews em duas campanhas que eram desacreditadas: o Brexit, saída da Inglaterra da Comunidade Europeia e a candidatura de Trump. Ambas as campanhas, ao contrário de todos os prognósticos e pesquisas, foram vitoriosas. Quando a verdade submersa aflorou, houve uma enxurrada de processos contra o Facebook, que foi multado em USD 5 bilhões e perdeu 35 bilhões de dólares em valor e a Cambrigde Analytica, que decretou falência, em 2019.


De rolo em rolo, Bannon acabou preso em 2021 pela justiça norte americana por fraude na campanha para construir o muro para coibir imigrantes do México para os dos Estados Unidos, na administração Trump. Liberado depois de pagar fiança de USD 5 milhões, acabou sendo indultado por Trump.


Steve Bannon coordena “O Movimento”, grupo de extrema direita que tem apoio e simpatia de personagens como o bilionário chinês Guo Wengui, que também foi preso em 2020 em seu iate na China. No Brasil, o representante de Bannon é Eduardo Bolsonaro.



Playlist no Youtube. Ouça!



Não há provas de participação direta de Bannon na eleição de Bolsonaro em 2018, apenas as mesmas técnicas de disparos em massa de fakenews e desinformação via WhatsApp, além de ataques à imprensa e às intuições democráticas foram as mesmas.


O ano eleitoral de 2022 já acendeu todos os alertas no Brasil.


Com um índice de desaprovação record para um presidente eleito desde a redemocratização, em 1985, Bolsonaro vem fustigando as instituições com ataques diretos ao STF e à imprensa, além de tentar colocar sob suspeita as urnas eletrônicas pelas quais ele, seus 3 filhos e uma ex-esposa, todos acusados de prática de rachadinha, foram eleitos com esse sistema, que funciona desde 1996, sem nenhum tipo de reclamação. Curiosamente na ultima eleição com voto impresso, em 1994, Bolsonaro foi acusado de fraude.


Com tanta manipulação internacional comprovada e depois de pesadas multas e processos, as redes sociais, - em especial o Facebook, que controla o WhatsApp - estão mais atentas e monitoradas pelos órgãos de controle. Apenas o Telegram, empresa de mensagem online russa com sede em Dubai, até a publicação deste artigo, em fevereiro de 2022, continua a agir livremente. Possivelmente o aplicativo será banido do Brasil caso não responda às exigências da justiça eleitoral.


Em um pais continental como o Brasil, com baixo índice de escolaridade, o “disse-me-disse digital” é uma ameaça à democracia.


 

Música!





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