Os Problemas da Economia Informal
Quando se fala que o Rio de Janeiro tem um grande potencial como a soft power house do Brasil, muitas pessoas logo associam esta qualidade à enorme quantidade de atividades informais desenvolvidas em nossa cidade: são eventos, festas, shows, exposições, trabalhos de design, moda, diversas atividades ligadas a cadeia produtiva do carnaval e do réveillon, uma fervilhante indústria de pousadas populares situadas nas franjas de comunidades carentes da Zona Sul e muitas outras. Não é à toa que estudos apontam o Rio de Janeiro como estado com o maior índice de informalidade da federação.
Tal informalidade se propagou perigosamente por outras atividades e negócios conduzidos no Estado. Por exemplo, para milhares de pessoas que trabalharam na Light e para milhões que por ela foram atendidos ao longo dos últimos 118 anos, é uma tristeza tomar conhecimento da situação lamentável à que está hoje reduzida. Concorreram para levá-la a este estado muitos fatores e alguns grandes responsáveis. Este artigo não trata, porém, do caso específico da Light, mas sim dos danos que a informalidade e a falta de ordem generalizada estão trazendo para o Rio.
Hoje, constata-se, em diferentes gradações, problemas análogos na distribuição de gás engarrafado, distribuição de água, internet por cabo, evasão de impostos, pirataria e venda ilegal de mercadorias no comércio de rua. Vemos hoje com espanto o domínio territorial do tráfico ou de milícias sobre cerca de 1.200 áreas no Grande Rio. Para reverter tal situação, algumas medidas podemos apontar.
A primeira, é a existência de um estado eficaz, com ampla cooperação entre os níveis federal, estadual e municipal, e alinhamento com o poder legislativo e judiciário. Este último, em particular, precisa prover instrumentos rápidos para o eficaz funcionamento do estado de direito e cumprimento dos deveres da cidadania.
O segundo ponto, é a constatação de que as empresas de serviço público, individualmente, cada uma focada em seu produto específico, não têm capacidade de enfrentar o desafio da prestação regular dos seus serviços. Elas necessitam discutir um novo pacto com executivo, legislativo e judiciário para que, por meio de ações conjuntas e poderes delegados, possam enfrentar os desafios da prestação dos seus serviços em uma economia marcada por uma profunda desigualdade social e pobreza. Há soluções bem-sucedidas em outros países.
O terceiro é a atenção para as inúmeras possibilidades trazidas pela digitalização da economia e aquelas advindas da introdução de novas tecnologias sustentáveis, que podem oferecer oportunidades diferenciadas de emprego no setor de serviços. Para isso, evidentemente, um grande esforço educacional deve ser objetivo primário do setor público e do setor privado.
Por fim, a metropolização das grandes cidades deve prever a existência de uma série de subcentros administrativos e de prestação de serviços que limitem os grandes deslocamentos de pessoas entre residências e local de trabalho e acesso à serviços e a lazer em percursos relativamente curtos, evitando as pesadas redes viárias atuais.
O que parece claríssimo é que se nada no gênero for iniciado agora, nossas condições de vida se tornarão insustentáveis.
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