12 de jul. de 2022

Os Sinais.

"Quem é ateu e viu milagres como eu…"

(Caetano Veloso)

Conhecem aquela antiga parábola do homem que ficou preso num recanto isolado durante uma nevasca?

Pois é, ali, sozinho, com o anoitecer se aproximando perigosamente, ele, cuja fé não conhecia limites, ajoelhou e começou a rezar fervorosamente, pedindo a Deus que viesse em seu socorro.

Em dado momento, surgiu do nada uma carroça toda detonada, conduzida por um sujeito estranhíssimo, que lhe ofereceu carona.

Confiando nas próprias preces, o homem recusou educadamente a ajuda:

- Estou esperando meu Senhor.

E continuou ali, de joelhos, rezando com mais fervor ainda.

Passado mais um tempo, eis que, vindo novamente do nada, uma segunda carroça estranha, guiada por um segundo condutor estranho, parou em sua frente, oferecendo carona.

- Não, obrigado. Estou esperando meu Senhor.

E, ainda de joelhos, lançou mão de toda sua fé, numa definitiva oração.

Pouco depois, uma terceira carroça estranha, guiada por um terceiro homem estranho, veio do mesmo nada para lhe oferecer uma saída.

Não, estou esperando meu Senhor.

Por fim, não suportando mais a escuridão e o frio, o homem sucumbiu.

Quando chegou ao Paraíso, o homem perguntou a Deus:

- Senhor, por que não atendeste minhas preces?

- Como assim? Eu mandei três carroças. Você que não entendeu os sinais.

Em 2012, no Brasil, logo após a confirmação da vitória de Dilma Rousseff para um segundo mandato, teve início uma campanha sórdida para desestabilizar o governo.

Foi o primeiro sinal.

Dois anos depois, um golpe criminoso (com Supremo, com tudo) destituiu uma presidenta legitimamente eleita e deu início ao desmonte da Nação.

Foi o segundo sinal.

Passados mais dois anos, eis que as trevas da escuridão e do frio atiraram o país num dos momentos mais tristes e sombrios da sua história.

Foi o terceiro sinal.

Porém, ao contrário daquele homem de fé, ainda não sucumbimos e temos mais uma chance de escapar da armadilha sombria em que nos metemos.

Basta entender os sinais.

Até a próxima esquina.

Música!