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​​PARA QUE DIZER POR FAVOR E OBRIGADO À MÁQUINA?



 

​​​​​​​​ 

​​Dirigindo o meu carro recebi uma mensagem no celular. Eu já haviaprometido a mim mesmo não mexer no telefone enquanto dirijo. Tenho plena consciência do perigo. Desta vez eu tinha uma alternativa. Meu carro novo tem um sistema de comando de voz que se conecta ao telefone. Eu posso ouvir minhas mensagens, respondê-las e fazer ligações, apenas com uma ordem.


- Mercedes, ligar para Carlos. 

- Mercedes, mensagem para Pedro.


​​Não foi difícil. Com o tempo, habituei-me. Todo dia indo ou voltando do trabalho, com espontaneidade, passei a dar ordens a Mercedes. Funcionava bem. 

​​Um dia, mal-humorado, dei uma ordem a Mercedes:


​​- Ler minhas mensagens.

​​Não sei se foi a forma que falei ou o tom. Por falar com uma máquina, não me preocupei em ser cortês. Mercedes respondeu:

​​- Algo deu errado. Tente novamente.


​​Não era a resposta que eu esperava. A minha expectativa era a de que um sistema sofisticado como este não falharia nunca. O dia não era bom. Não me lembro o porquê, estava sem paciência. Fiz mais uma tentativa, agora, sem perceber, com maior rispidez ao me dirigir a sempre dócil e gentil Mercedes:


​​- Leeeer minhas mensagens!

​​A resposta não veio prontamente. Vi, no painel de controle, uma luz colorida girando, girando, girando. Por alguns instantes achei que o sistema teria dado defeito. Irritei-me mais ainda. Mercedes, então, respondeu. Todas as minhas mensagens foram lidas, com aquela voz de máquina, mecanizada, tranquila e sempre educada.


​​Eu me considero uma pessoa bem-educada. Tenho o costume de pedir por favor, a todo mundo a quem dirijo uma ordem, e agradecer, a quem me atende. Seja quem for. De todo modo, tenho a firme convicção de que a rispidez da minha ordem original a Mercedes, não teria qualquer relação com o defeito do sistema, na primeira resposta. 

​​

​​Naquele momento meu mau-humor se transformou em constrangimento. Não tinha me tocado. Nem refletido antes. Só porque é uma máquina, não preciso ser polido ao formular ordens, pedir por favor ou dizer obrigado? Logo dissipei minha hesitação. Disse a mim mesmo, buscando um paradigma, uma metáfora que me mostrasse a futilidade desta dúvida:


​​- Ninguém dá bom dia a cachorro.


​​Tudo me pareceu claro naquele instante. Não iria mais perder tempo pensando sobre assunto tão inútil. Mas aquele ligeiro mal-estar me fez, talvez inconscientemente, me dirigir a Mercedes de maneira diversa. Logo em seguida, precisando fazer uma reserva para o jantar, ordenei:


​​- Por favor, ligar para o restaurante Jappa da Quitanda.


​​- Não foi possível ligar para o restaurante Jappa da Quitanda. Não há registro deste telefone na caixa postal.

​​Sem pensar, por reflexo, respondi:

​​- Obrigado.

​​Para minha surpresa, Mercedes não deixou passar. Uma voz serena rebateu:

​​- De nada!


​​Não esperava aquilo. Já tinha encerrado minhas reflexões. Essa inesperada resposta, contudo, foi o gatilho para eu aprofundar meus questionamentos a mim mesmo. Lembrei, sendo advogado e não conseguindo me desvencilhar deste fardo, que o projeto de código civil, em discussão no Congresso Nacional, propõe a mudança de status dos animais. Pela lei atual, animais não podem ser sujeito de direito, como os humanos. São objeto do direito como as coisas móveis. Pela proposta em debate, os animais passariam a ser seres sencientes, ou seja, capazes de ter sensações e, por isto, aptos a serem protegidos pela lei. Nos EUA, os animais também não podem ser titulares de direitos, mas a lei permite que seus donos deixem bens destinados a eles, através de um trust.


​​Imaginei um cachorro americano herdeiro milionário. Acho que daria bom dia a ele…


​​Cheguei no meu escritório. Meu foco voltou-se para meus assuntos do trabalho. Não havia espaço mais para pensar em bobagens. Simplesmente esqueci da Mercedes, do cachorro e fui trabalhar. Voltei ao carro várias vezes depois deste episódio. Não voltei a pensar neste tema.


​​Tempos depois, o assunto voltou. Lendo o site do “O Globo”, Tecnologia, achei um texto intitulado “Saiba porque (e porque não) deveríamos dizer obrigado ou bom dia a ferramentas de IA”. Minhas reflexões, que me pareciam uma mera distração, uma brincadeira, ganharam estatura. 


​​Descobri que, em 1996, há quase 30 anos, dois pesquisadores, Byron Reeves e Clifford Nass, desenvolveram um conceito de “educação para a mídia”. Afirmaram, como resultado do seu trabalho, que as pessoas, sem perceber, interagem com máquinas, como televisão ou computador, como se fossem seres humanos. Um exemplo. Quando a resposta aos questionamentos dos pesquisadores era feita através de um computador, as avaliações eram mais positivas, como se voluntários pesquisados evitassem falar mal da máquina na sua “presença”. 


Desde então, numerosos estudos têm demonstrado que os seres humanos tendem a antropomorfizar a máquina quando um sistema tecnológico imita qualidades humanas.


​​Segundo esse interessante texto jornalístico, a discussão sobre esta temática, primeiramente, focou nas interações de voz com Siri e Alexia. Por que voz e nome femininos? Mais recentemente foi incluído no debate o convívio com a IA. São dois planos de discussão: o prático e o ético, tendo este, como paralelo, o tratamento dado aos animais.


​​Em resumo, sob a perspectiva pragmática, pedir por favor ou agradecer à máquina melhora seu desempenho? Por sua vez, no plano ético, há um paralelo entre o tratamento humano dado a um computador ou a um animal? A resposta a ambas as perguntas, segundo esse texto, é negativa.


O desempenho do computador não melhora ou piora em razão do nível de educação de seu interlocutor. Os animais, como já mencionei, são seres que detém sensibilidade. A forma de tratá-lo, diferentemente de um computador, pode estimular uma melhor conexão com seu dono.


             Na verdade, ordens mais simples e objetivas podem facilitar o funcionamento da máquina. A melhor ou pior educação do usuário do sistema pode resultar em ordens mais explícitas e claras, o que gera respostas melhores. É preciso pontuar que a qualidade da resposta não tem vinculação com a grau de cordialidade do questionamento. Depende mais do modo de se formular a pergunta que pode variar de forma relevante, segundo o grau de instrução e educação de quem dá o comando.



           Há quem defenda, ainda que seja em tom jocoso, como lembra o citado artigo, que se deve dizer por favor e obrigado para máquina porque no futuro a tecnologia de IA “poderia atingir níveis de complexidade que lhes permitiriam desenvolver consciência ou mesmo emoções”, o que nos permitirá, adiante, “nos dar bem com sistemas de inteligência artificial”.


Confesso que esta reportagem bem me esclareceu o tema. Concordo com suas conclusões. E, a partir delas, formei minha opinião sobre este assunto, do mesmo modo que tenho a convicção de que não existem bruxas. Miguel de Cervantes já dizia: “no creo en brujas, pero que las hay, las hay”. 


Vamos ver os próximos capítulos. Muita coisa vai acontecer nesta área de inteligência artificial. E rápido! Por ora, ficarei com as ordens objetivas e simplificadas,” (...) pero sin, perder la ternura jamás!

 

​​José Roberto Sampaio


 

 Projetos da Cedro Rosa Aprovados pela ANCINE



A Cedro Rosa está envolvida na produção de diversos filmes e séries aprovados pela Ancine, com incentivos fiscais que permitem aos patrocinadores deduzirem o valor investido do imposto de renda devido. Aqui estão os três projetos principais:


1. Minissérie "História da Música Brasileira na Era das Gravações"

  • Descrição: Esta minissérie explora a evolução da música brasileira desde a introdução das primeiras gravações até os dias atuais, destacando momentos e artistas que marcaram a história da música no Brasil.

  • Aprovação pela Ancine: Artigo 1A.

  • Objetivo: Promover a riqueza cultural da música brasileira e educar o público sobre sua história.

2. Filme "Partideiros 2"

  • Descrição: Continuação do filme "Partideiros", este projeto foca nos grandes nomes do samba e suas contribuições para a cultura brasileira, além de mostrar a nova geração de sambistas.

  • Aprovação pela Ancine: Artigo 1A.

  • Objetivo: Preservar e divulgar o samba como patrimônio cultural brasileiro, proporcionando visibilidade a artistas veteranos e novos talentos.


3. Longa-Metragem "+40 Anos do Clube do Samba"

  • Descrição: Um longa-metragem em co-produção com a TV Cultura de São Paulo que celebra os mais de 40 anos do Clube do Samba, destacando a importância desse movimento para a música e cultura brasileiras.

  • Aprovação pela Ancine: Artigo 3A.

  • Objetivo: Registrar e celebrar a história e a contribuição do Clube do Samba, um importante movimento cultural que ajudou a moldar o samba e a música popular brasileira.




COMO APOIAR!

( qualquer valor )


Depósito direto na Conta do Projeto + 40 ANOS DO CLUBE DO SAMBA

Banco do Brasil - Banco: 001 - agência: 0287-9

conta corrente: 54047-1

PLAY PARTICIPAÇÕES E COMUNICAÇÕES LTDA - CEDRO ROSA

CNPJ: 07.855.726/0001-55


Conta OFICIAL verificada pela ANCINE.

Informe pela e-mail os dados e comprovante de deposito, para emissão do recibo



Como Patrocinar com Qualquer Valor

  1. Identifique o Projeto: Escolha um dos projetos da Cedro Rosa que você deseja patrocinar.

  2. Contato com a Produção: Entre em contato com a Cedro Rosa para obter mais informações sobre como realizar o patrocínio. Isso pode ser feito através do site oficial da Cedro Rosa ou por meio de contatos fornecidos pela produtora.

  3. Realize o Aporte: Faça o investimento no projeto escolhido. Qualquer valor pode ser aceito, e você receberá um recibo de mecenato cultural como comprovação do investimento.

  4. Guarde o Comprovante: Guarde o recibo de mecenato cultural para incluí-lo na sua declaração de imposto de renda. Esse recibo será necessário para deduzir o valor investido do imposto devido.

  5. Declaração de Imposto de Renda:

  • Pessoas Físicas: Podem deduzir até 6% do imposto de renda devido.

  • Pessoas Jurídicas: Podem deduzir até 4% do imposto de renda devido.


Benefícios Fiscais

Ao patrocinar esses projetos, você estará não só apoiando a produção cultural brasileira, mas também obtendo benefícios fiscais ao deduzir o valor investido do seu imposto de renda devido.


Para garantir que você está seguindo todos os procedimentos corretamente, é aconselhável consultar um contador ou especialista em imposto de renda.

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