PARÁBOLA DAS 126 BONECAS DA COLEÇÃO DE LOUISIE QUE (continua...)
PARÁBOLA DAS 126 BONECAS DA COLEÇÃO DE LOUISIE QUE, FORAM NEGLIGENCIADAS EM RELATÓRIO DE TRANSPORTE NUM 27 DE AGOSTO
Carlos Alberto Afonso, em 5 de Julho de 2021 para CRIATIVOS
Dedico esta ficção ao querido amigo ex-vizinho Professor Jean Yves Cordier.
Vida e Aventuras Estranhas de Robson Crusoé, Marinheiro de York, que tendo naufrado às margens do Rio Orenoco, com o relato não menos estranhos de como foi salvo por piratas e viveu inteiramente só em uma ilha...” - Daniel Defoe
O espirito Barroco em títulos longos, por exemplo...
A Cidade do Rio de Janeiro ainda era a Capital da República quando Louise, francesinha (como a chamávamos), foi embora de volta para seu país, com charmosos 19 aninhos incompletos.
Filha de casal jovem – que se casara cedo, Louisinha chegou ao mundo em Avignon, o mesmo lugar lindo da linda cançãozinha que encanta a todos “....sur le pont d’Avignon...”. A Mãe era renomada modista e o Pai, um respeitado diplomata, razão pela qual a doce Louise viveu cariocamente durante 15 anos, a partir de quando, segundo, ela mesma, revelou em várias ocasiões, sua vontade de “viver na Cidade Maravilhosa durante, apenas (!!!) 60 anos”, pois, os demais ela os dedicaria à terra natal.
Uma verdadeira química – entendemos isto, muito mais tarde – entre a perspectiva de vida cosmopolita do pai diplomata e a tipicidade do corte presente na elegância feminina, acabou fazendo de Louisinha, desde muito cedo - quando chegou ao Rio, já tinha 4 aninhos de idade -, uma deslumbrada apreciadora das bonecas e, mais que isso, uma especial colecionadora de bonecas representativas das mais diferentes culturas, quer ocidentais, quer orientais, sendo as vidas profissionais – e mesmo, domésticas – de seus pais, permanentemente articulados com o mundo inteiro em interação, num imortal emblemático prédio rosa conhecido como Itamarati, resultaram em espontâneas e, felizes coincidências, rendendo divisas para a COLEÇÃO de BONECAS de Louisinha, para quem cada aniversário significava aumento da carência de espaço na linda vitrine em que, vaidosas, cheias de charme e de informações culturais, moravam, sentadas lado a lado, as BONECAS DA COLEÇÃO DE LOUISIE.
Quando Louisinha firmou-se adolescente, sua COLEÇÃO DE BONECAS já passava das.... “cerca de 100 bonecas – por alto”, e as vitrines – que já eram três – formavam integradas um delicado mosaico representativo de inúmeras culturas planetárias, além do quê, apesar de já ter deixado prá trás o tempo-de-brincar-com-bonecas, naqueles ‘anos 50’, nossa boneca d’Avignon continuou sendo presenteada ou, antes, sua já famosa COLEÇÃO SEGUIA SENDO FORTALECIDA e AUMENTADA até os 19 anos de LOUISINHA, idade com que, em 1959, nossa francesinha voltava para a terra natal, onde seu pai seria contemplado com um merecido descanso e sua mãe agregaria muitas experiências da moda européia, em geral, durante os passeios programados pelo casal.
Chegado o “bota-fora”, ‘numa-boa’, o vitorioso diplomata e pai-de- família, além de estimulador número 1 do, agora, muito valioso – além de lindo – ACERVO de Louisie, verdadeiro curador auto-nomeado, tratou com todos os possíveis especiais cuidados a trabalhosa preparação-operação do transporte da COLEÇÃO DE BONECAS, a qual, homenageando o seu muito amado Rio de Janeiro e compartilhando da tristeza de, em breve, a Cidade Maravilhosa não ser mais a Capital do Brasil, Louisie, jovem muito preparada, resolveu, em pleno 1º de Março de 1959 – alguns meses antes de sua definitiva partida – aproveitar o Aniversário de Fundação do Rio de Janeiro para batizar seu ACERVO INTERNACIONAL de “COLEÇÃO BONECAS DO RIO”, uma homenagem que provocou emoções nos entornos imediatos e mediatos, pois, setores mais segmentados da própria mídia sabiam quem era Louisie e o que era sua Coleção de Bonecas.
Nos preparativos de pré-embarque, os inventários são fundamentais e de reconhecida óbvia importância. E a mais-que-zelosa Louisie sempre manteve atualizada a Coleção de Certidões de Nascimento das 126 peças da COLEÇÃO BONECAS DO RIO. Cuidados no front e cuidados na retaguarda não iriam faltar – pelo menos da parte de Louisie e de seus pais. A expectativa dos tensos interessados era de que, desde o mais sofisticado dos móveis – que, com eles, voltavam prá França - até – passando por tudo aquilo que se pudesse imaginar compor uma casa bem montada, todos e tudo atravessassem o Atlântico, em absoluta segurança, incluindo, até, aquilo que poderíamos considerar como sendo o supra-sumo da delicadeza, como, por exemplo, a COLEÇÃO DE BONECAS DO RIO, síntese perfeita e acabada do trânsito cumprido pela pequena linda família, entre a primeira infância (mesmo tendo acontecido, ainda na França, até que, já no Brasil, após os 4 anos Louisie chegasse a derradeira adolescência.)
Desde o momento em que os viajantes debruçados no convés da Linea C até os últimos emocionados apelos dos entes queridos que gritavam nomes e, sem parar, acenavam do cais.... até o 4º dia de viagem, em que divertimentos noturnos e banhos de piscina diários eram entretenimento de não se desprezar, a própria rotina de bordo acabou abrindo espaço em cabeças que tinham algo porque ansiar quando chegassem ao seu destino. E, a partir de então, os pensamentos de Lousie, pouco a pouco, iam-se concentrando mais completamente na arca-de-seus-tesouros, que – esperava ela – deviam estar muito bem acomodados e seguros em algum espaço do navio – quem sabe ? – que outras bagagens pudessem, com espantos semelhantes aos humanos, surpreenderem-se e deleitarem-se aos borbotões.
E foi durante um desses momentos de devaneios que, em meios a uma brincadeira para adultos que a tripulação estimulava e despertava alegria, Louisie levantou-se da confortável poltrona e dirigiu-se à cabine que abrigava a ela e seus pais durante a viagem. Lá, nossa “francesinha” procurou – não muito – e achou rapidamente o documento relatório de tudo quanto estavam levando para casa. Leu aqui, folheou ali, procurou acolá e.... ACHOU !!! o relatório de embarque onde estava registrada COLEÇÃO BONECAS DO RIO.
Deste momento, em diante, até o final da viagem pelo mar até o final da viagem pelo ar e até o final da viagem por terra... o coração franco-brasileiro de Lousinha bateu acelerado, na verdade, bem mais acelerado do que o normal. E qual a razão deste – digamos – SUSTO que levou a feliz adolescente ao país da apreensão ? IMAGINEM O QUE LOUISIE ENCONTROU NO RELATÓRIO ! O REGISTRO DE SEU TESOURO COM UMA SIMPLES E APARENTEMENTE NEGLIGENTE ANOTAÇÃO : “ BONECAS : ‘CERCA DE’ 100 PEÇAS “. Isto siginificava que O ACERVO DE PEÇAS RARAS VINDAS PARA SUAS MÃOS DOS MAIS DIVERSOS LUGARES DO MUNDO – PELO MENOS, 126 LUGARES DIFERENTES – FORAM REGISTRADAS NO RELATÓRIO DE TRANSPORTE COMO... “CERCA DE CEM PEÇAS”.
Não bastasse a demonstrada incapacidade de avaliação de objetos com que estava mexendo, a equipe de fiscalização da transportadora demonstrava a inapetência para o trabalho, que, afinal de contas, era o seu trabalho. E – é claro – não podemos afirmar, mas o indício de ‘embrulha-e-manda’ era suficientemente forte para se presumir o índice clarões como este pulverizados, não apenas na mudança da família de Louisie, mas... de todas as demais que se serviram da mesma companhia. E AÍ ??? Suponha-se que, ao chegar em casa, LOUISIE e seus pais se deparassem com uma diferença entre as quantidades relatadas e as quantidades embarcadas, realmente, embarcadas ? O que poderiam fazer ? Afinal de contas, aqueles dados sobre suas coisas, somente eles tinham motivos para possuir. Eram as suas coisas.
O SOL DE AVIGNON BRILHARIA, felizmente, para a Cidade e para sua nativa ausente desde os 4 anos. QUANDO A ANSIOSA LOUISIE, JÁ EM CASA, TEVE ACESSO ÀS VITRINES com a COLEÇÃO BONECAS DO RIO, seus lábios trêmulos contaram, conferiram e contaram novamente... 126 PEÇAS !!!
Naquela noite, já deitada para dormir, lembrando-se de quando ali dormira pela última vez, cantarolou...”SUR LE PONT D’AVIGNON...”. Parou antes da metade e, com os olhos afogados em lágrimas, LOUISIE CANTOU UMA CANÇÃO QUE, EM CUJO FINAL, A VOZ SE ACENTUAVA e cantava assim : “CIDADE MARAVILHOSA, CORAÇÃO DO MEU BRASIL !!!!
Carlos Alberto Afonso, em 5 de Julho de 2021 para CRIATIVOS !
Créditos de fotos:
Foto 1. 1987 Formatura em 1 das 34 Escolas Municipais do DEC que eu dirigia: a E.M. Rocha Pombo, em Quintino. A Escola em que ZICO estudou.
Foto 2. 1995 Esquina de Visconde de Pirajá (teve uma noite de TOM JOBIM) com Rua Vinicius de Moraes.
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Playlist de MPB
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