Pausa para REFLEXÃO sobre a ABOLIÇÃO 2.
Durante a 2ª metade dos ‘anos 60’, muito sedutoramente recepcionado pelos arautos da adolescência, fui, imediatamente, apresentado a ‘Suas Excelências’ os ‘BAILES DE FORMATURA’. E bastou-me ter ido a um, apenas um deles, para ingressar, em estágios intermediários, na categoria dos ‘dependentes’. Antonio José Saad – querido e inesquecível Tuninho -, que trabalhava com meu amado Pai e concluíra, então, seu curso de Direito, não abriu mão da presença deste seu pupilo de direção – às escondidas, Tuninho me ensinava a dirigir carros de verdade !!! rsrsrsr – no festejo maior de sua vida acadêmica.
O baile aconteceu no belíssimo Clube Hebraica, no Bairro de Laranjeiras, zona sul da Cidade do Rio de Janeiro. E tão inesquecível, tão inesquecível é, que, até hoje, tenho gravada na memória áudio-visual minha apoteótica chegada ao Baile : lugar lindo, muitas mesas em torno de um igualmente lindo salão, iluminação envolvente, a maravilhosa música do conjunto de Steves Bernard e a canção Sally’s Tomato do filme – de 1961 – Bonequinha de Luxo, que tem composto todas as trilhas sonoras pessoais de minha vida. Detalhe : o traje dos convidados era, obrigatoriamente, o rigor e, por isso, eu estreava um smoking, que, para minha surpresa, a experiência daquela noite me faria voltar a vestir muitas outras vezes. E, muito embora garotão, eu tinha uma quase-que imediata consciência da MÚSICA – e, naturalmente, das canções que a revelavam – como grande anfitriã, grande guia e grande monumento daquelas noitadas dos BAILES DE FORMATURA, em que, além de tantos de nós passarmos a conhecer outros tantos de nós, os ouvidos e olhos se transformaram em verdadeiros e precoces HDs de sons e imagens pelas vias de NILO SÉRGIO, SEVERINO ARAÚJO, STEVES BERNARD, ED LINCOLN, WALTER WANDERLEY, MOACYR SILVA, WALDIR CALMON e Outros mais, nos inesquecíveis SALÕES do Clube MONTE LÍBANO, do quase-centenário e emblemático COPACABANA PÁLACE HOTEL, do HOTEL GLÓRIA, do CLUBE HEBRAICA, para citar os que me vêm à cabeça, , em nossas recordações, como as metonímias, mui dignas PARTES, representando um TODO que vai muito, muito, muito além.
A rotina dos BAILES DE FORMATURA não se compunha tão somente dos bem-comportados FORMANDOS, seus familiares e convidados. Não éramos poucos aqueles que aguardavam os meses de novembro a janeiro para participar da maior parte possível dos BAILES que aconteciam, mesmo sem termos sido convidados ou, ao menos, conhecidos de algum dos formandos. Acabamos gerando e mantendo a cultura do “TEM-UM-SOBRANDO ?” que era fomentada por nossa disposição para, na porta de entrada do evento de cada noite, ali, exatamente, ali, onde os automóveis que traziam os INCLUÍDOS paravam para que, ali, descessem, os felizardos participantes Pois era ali, exatamente, ali, que estávamos eu e tantos outros jovens, pedindo, por mímica, a esmola pequeno-burguesa de um convitezinho, que, por ventura, estivesse sobrando. E graças à experiência alcançada pela frequência da ação, sabíamos, ao sair de casa, que só estaríamos de volta no próximo amanhecer.
Não foram poucas nossas surpresas diante de MÚSICAS NOVAS para VELHAS melodias e velhas letras de velhas CANÇÕES. Não foram poucas nossas surpresas diante de intérpretes vocal-instrumentais novos ou, mesmo, de NOVAS CANÇÕES vestidas pela VELHA GRANDE MÚSICA. E, comigo, aconteceu de, no verão de 1967, durante um baile de formatura nos inesquecíveis Salões do HOTEL GLÓRIA, o momento em que a ORQUESTRA TABAJARA DE SEVERINO ARAÚJO, após uma sequência de execuções, , reduziu drasticamente sua velocidade e alterou seu ritmo para,, com sopros altivos e popular tarol apresentar-nos a surpreendente marcha-rancho, que, composição recente de 1966, marcou-nos fortemente - neste primeiro encontro com o inédito - pela perplexidade do encanto rítmico, melódico e textual. Este instante de – repito – 1967, não tem 54 anos de tempo dentro de mim. Este instante é de agora há pouco e, portanto, não só imortal como desprovido de idades. E com todas as conotações possíveis e imagináveis, das mais sacralizadoras até as mais carregadas de advertências, ZÉ KETI e HILDEBRANDO PEREIRA MATOS, proféticos, marcaram profundamente nossa geração com MÁSCARA NEGRA.
Este grande MOMENTO MUSICAL de minha vida, por exemplo, não poderia MONUMENTALIZAR-SE tão perfeitamente em qualquer outra circunstância que não fosse, por todas as suas características, desde as mais lamentáveis de ser um delicioso prato para tão poucos, ainda, em nossa Sociedade, até a mais humana dentre todas : a circunstância dos amores vários.
Reverencio o MONUMENTO ZÉ KETI e o MONUMENTO de ZÉ KETI e passo ao outro exercício de vocação, de brasileiríssima vocação ao lado da MÚSICA. Falo do ESPORTE. E, dentro dele, da mais popular de sua modalidades em nosso contexto : o FUTEBOL.
Também aqui, me deparei com uma experiência que, entre tantas e tantas outras foi exemplar, considerando-se não apenas seu pulso emocional, mas, antes e – mesmo – acima, a riqueza de ilações garimpáveis quando ela – a experiência – é objeto de um merecido e enriquecedor exercício intelectual.
A história é curta. O ESPORTE – na modalidade FUTEBOL – entrou muito cedo nas VIDAS de MILHÕES DE NOSSOS IRMÃOS BRASILEIROS. Não foi diferente comigo. Meus avós, tios e pais eram engajados. Quando nasci, meus pais moravam em São Cristóvão. Fui amamentado em São Januário. Ainda bem criança, não foram raras as vezes em que este ou aquele título era comemorado lá em casa, logo-logo, na Tijuca, onde vivi muito feliz até as idades pré-universitárias. Meu aniversário de 18 anos foi o último a ter velinhas apagadas naquele amado bairro.
Sempre tive atividade acadêmica intensa, mas MÚSICA e FUTEBOL eram minhas paixões. Um vascaíno apaixonado. Entretanto, havia uma frustração. Eu passara 12 anos consecutivos sem ver meu VASCO ser campeão carioca de futebol. E, na verdade, além de gostar muito de FUTEBOL pela arte que lhe confiro, o berço, a cultura... me submeteram à parcialíssima paixão. Eu tinha apenas 9 anos de idade, quando, em 17 de Janeiro de 1959, um sábado, à noite, no Estádio do Maracanã, diante do Flamengo, eu vi o meu VASCO ser campeão carioca do ano que há pouco se findara : 1958.
Agora, dou um salto para o ano de 1970. São 12 anos após o último campeonato que eu festejara. E o mais importante era exatamente a importância que isso tinha para mim. Em AGOSTO de 1970, eu cursava o 3º ano da Faculdade de Direito do Catete (UEG) e cursava o 3º ano da Faculdade de Letras da Universidade Gama Filho (UGF). À tarde, escrevia a correspondência oficial assinada pelo Presidente Danton Jobim, na Associação Brasileira de Imprensa – ABI. Adorava tudo quanto fazia a ponto de jogar contra o patrimônio, exercitando a loucura de ASSOVIAR-E-CHUPAR-CANA, loucura de que jamais consegui ficar livre ao longo de meus 72 anos. Mas... apesar de adorar tudo quanto fazia, nada, nada, nada era tão desejado por mim quanto conseguir um colégio para dar aulas, pois, a partir do 2º ano de Letras, eu já era Professor a título precário. Pois, de tanto batalhar, consegui um colégio para lecionar, logo no início do ano letivo de 1970. O Colégio Atenas (excelente), no Bairro de Madureira, que, um dia, vim amar tanto quanto amara a Tijuca.
Comecei a dar aulas no Colégio Atenas, em Março de 1970. Vivi intensamente a experiência até Julho e fui convidado para participar da coordenação do Colégio. Aceitei. No mês seguinte eu fazia uma carta pedindo demissão da minha – até hoje – amantíssima ABI porque eu já sabia que era EDUCADOR e meu principal instrumento de EDUCAÇÃO era o ENSINO. Eu sabia ser Professor. E acertei em cheio. Deixei a ABI em Agosto. Os carinhos que recebi dos velhos jornalistas estão sintetizados na Carta Manuscrita em papel timbrado que recebi do Secretário Geral da ABI, que também era Professor, Fernando Segismundo. Tanto, tanto, tanto que eu queria dar aulas.
E veio o mês de Setembro. E na quinta-feira 17 de Setembro, à noite, no Maracanã, VASCO e BOTAFOGO disputariam uma partida da qual, depois de 12 anos jejuando, o VASCO – meu VASCÃO – me acenava com a possibilidade de, novamente, depois de tanto tempo, voltar a ser campeão.
Não procurei mascarar a realidade, minimizando sentimentos que pudessem ser – e são – tão pouco práticos e podem ter – e têm – tão pouco a ver com outras responsabilidades. Mesmo tão recentemente contratado professor e, ato-contínuo, convidado para as responsabilidades de coordenador cultural do Colégio, mesmo objeto de toda esta confiança – ou, antes, até mesmo por causa dela – fui ao gabinete do Diretor Ivan e apresentei meu quadro real : na próxima quinta-feira à noite eu não virei ao Colégio porque preciso ir ao Maracanã assistir a um jogo de futebol.
O Professor Ivan ficou um bom tempo em estado de completa perplexidade, entre incrédulo e preocupado. Mas não colocou obstáculos. Autorizou-me a providenciar substituição. Somente ao final, quando me preparava para sair do seu gabinete é que, muito delicadamente me perguntou : “mas... Carlos Alberto, você vai faltar ao Colégio apenas para assistir a um jogo de futebol ???” . “ Não, Ivan. Mais que isso. Muito mais. Vou ver o Vasco ser campeão ! “ E – sem dúvida – a princípio temeroso de eu fosse meu pirado, mesmo me conceituando muito bem, ele, inteligente, confrontando o fato e a atitude, deve ter iniciado ali os sólidos bem-querer e confiança que nos levaram a duradouro e bem sucedido convívio.
Depois de 12 anos de jejum, o Vasco, foi, portanto, campeão carioca de futebol do ano de 1972, que já estava em Setembro.
Em 1973, em nossa Data de Celebração da ABOLIÇÃO, com a responsabilidade de ensejarmos à garotada uma experiência bem estimulante aos seus sentimentos e reflexões a exemplo do que conseguimos em 1972, graças à visita de GRANDE OTELO ao Colégio Atenas, agora, sempre visando à PRODUÇÃO, resolvemos ligar a liberdade para viver à liberdade para produzir segundo os vetores vocacionais : MÚSICA e ESPORTE, vocações bem representativas da produção brasileira nos levaram a convidar para receberem nossas homenagens no Colégio Atenas, uma dupla de nomes valiosos na cultura brasileira : o Compositor, Letrista e Intérprete ZÉ KETI – autor de marcha-rancho MÁSCARA NEGRA - e o Atleta do Futebol ALCIR PORTELA. Ambos craques em suas PRODUÇÕES. E mais uma vez foi lindíssima nossa celebração na Data da ABOLIÇÃO.
Carlos Alberto Afonso. Em tempo : para dizer a verdade, ambos homenageados.... vascaínos. Rsrsrsrsrrrs
Na Foto 1, estou com Alcir Portela. Ao fundo, alunas da Escola Normal do Colégio Atenas e o Professor Reynaldo Nascimento.
Na foto 2, estou com Alcir e Zé Keti. Atrás, o Professor Noronha de Biologia.
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