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Foto do escritorJosé Luiz Alquéres

Pedro I - A história pode ser lida com prazer ?



Creio que foi Leopold Von Ranke, o grande historiador alemão do século XIX, quem sumariza de forma ortodoxa , o padrão que deveriam ter as narrativas históricas. Fatos comprovados e documentados. E pronto.


Vínhamos de séculos de história hagiográfica, onde se misturavam aos fatos , elogios a personagens e interpretações tendenciosas quando não se chegava a extremos de inventar fatos, inserir a presença de fatores sobrenaturais e muitos outros recursos.


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De Leopoldo em diante se saneou os textos históricos mas, do ponto de vista literário, empobreceram as narrativas. Ainda bem que Gibbon já havia escrito sua magnífica história do império romano.


E ainda bem, também, que de meados do Século XX em diante, biografias históricas, novelas e romances históricos, perfis psicológicos de personagens históricos, como os bem efetuados por Stefan Zweig, passaram a ser escritos e se popularizaram.


Nós precisamos fazer a nossa história real mais conhecida e não vejo problema de contá-la com certa criatividade, que não distorça seu conteúdo, criatividade transparente que pode incluir generalizações e simplificações, como diz o Peninha, Eduardo Bueno, autor dos mais lidos livros de história do Brasil. Ele não é historiador, nem assim se apresenta, mas um jornalista e excelente comunicador. Afinal, dizer que Hitler era louco, Napoleão ambicioso, De Gaulle teimoso ou Churchill corajoso não deixa de ser um julgamento, no caso abusado por respeitáveis historiadores.


Essas reflexões me vêm a propósito do magnífico livro de Iza Salles, O coração do Rei, que narra a vida de D Pedro I de forma correta, verdadeira, factual com a utilização de interessantes recursos que o fazem imperdível e gostoso de ler.



Chiquinho Neto, o pianista do Country Club, também é um excelente compositor.



O livro começa com a narrativa da retirada do coração de D. Pedro I, ainda no leito onde havia falecido pouco antes, e a descrição do que nele se ia observando , o que ele dizia da vida do seu dono, aquele órgão então inanimado e demonstrando vários efeitos de excessos cometidos pelo seu dono. Nesta descrição Iza contou com o inestimável apoio do querido Dr. Alfredo Guarischi, cuja morte recente consternou seus amigos e a classe médica em geral.


Esse hiper realismo narrativo não fica por aí. Iza faz do narrador da história Frei Arrábida, personagem que vem de Portugal com a Corte e é, por toda vida, o confessor de D. Pedro.


Ninguém portanto com maior acesso à sua intimidade. Quando Frei Arrábida não está presente, ela recorre a Frei Tarquínio, este sim, um personagem inventado baseado em extratos do livro sobre D Pedro I de autoria do historiador Octávio Tarquínio de Sousa, um livro clássico, que faz parte da magnífica história dos fundadores do império do Brasil, publicada em meados do século passado.

O resultado que Iza Salles consegue é surpreendente. Mostra a visão real de um jovem bonito, audacioso, amigo e respeitador do pai D João VI, ora sendo reabilitado pela historiografia , como inteligente, de visão estratégica, prudente demais ou quase medroso, ao contrário do filho.


Pedro I é também um pai amantíssimo, que escreve cartas comoventes aos filhos e filhas e que se lamenta de suas desventuras, mas não desiste de lutas quase impossíveis, como retomar o Governo de Portugal com um exército de 7 mil homens contra os 50 mil regulares de seu irmão.


Culto, excelente músico, hábil intérprete de textos constitucionais. Não tão liberal e revolucionário no plano das idéias quanto o nosso José Bonifácio quarenta anos mais velho do que ele, de quem barra avanços pretendidos na nossa Constituição, como a abolição do regime escravista . Mas audacioso o bastante para impor ou lançar Constituições Liberais no Brasil e em Portugal.


A fazendeirada, o Centrão da época, perturbou o que pode o seu Governo e mais ainda o de Pedro II , mas ambos estabeleceram o padrão do chefe de Governo que faz o país avançar prudentemente em matéria política, para evitar sua implosão institucional. Processo custoso sempre , no caso, perverso para os escravizados que mesmo em Portugal 100 anos antes de nós, já haviam sido libertos pelo Marquês de Pombal.


Um homem como o mitológico Aquiles ou o real Alexandre Magno da Macedônia , como ele mortos nos seus trinta e poucos anos, ambos também, o adeptos de uma vida de excessos e atos heróicos, estereótipos daqueles que perseguem a Glória, conscientes do risco que correm.


Independência ou Morte poderia também ser escrita na forma de Glória e Morte. Tinha 23 anos de idade naquela ocasião em que se pôs à frente do movimento independentista. Uma empresa arriscada, passando a liderar aqueles que até a véspera o queriam fora do processo, mas graças a sua presença e a de seu sucessor mantendo a nossa integridade territorial e começando a construção da nossa identidade sempre buscando, como musicou no belo poema de Evaristo da Veiga, que do universo entre as nações resplandece a do Brasil.


 

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