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Foto do escritorMário Lago Filho

Peixamba


Domingo passado estava eu ouvindo Mile Davis, pensando em Aracy de Almeida e conversando com meu pai, minha mãe e minha tia, quando, de repente, não mais que de repente, o telefone tocou.


Eram Delcio Carvalho e Nelson Sargento me convidando para comer uma peixada regada a samba (a famosa Peixamba) na Pedra de Guaratiba.


Pra dar mais água na boca, garantiram que Beth Carvalho, Clara Nunes, Elza Soares, Clementina de Jesus, Jovelina Pérola Negra, Elizeth Cardoso, Tantinho da Mangueira, os Wilsons das Neves e Moreira, Monarco, Aldir Blanc, Luiz Carlos da Vila, João Nogueira, Walter Alfaiate e Galotti já tinham confirmado presença.


Tanta gente amiga, tão querida e genial.

Cheguei a ficar em dúvida, afinal tinha combinado almoçar com a família, mas minha mãe, sempre mais sábia do que eu, falou na lata:

- Meu filho, isso não é uma efeméride que se tenha o direito de perder.


E lá fui eu, caminhando e cantando e seguindo a canção.

No caminho lembrei da minha infância, quando costumava passar os fins de semana e as férias na casa da família da minha mãe, em Campo Grande, e íamos sempre curtir uma praia na Pedra, com suas águas forradas de lama e onde a então adolescente Zeli um dia quis se exibir com um mergulho cheio de estilo e acabou enfiando o rosto no fundo enlameado e se arranhando feio.

Lembrei de como achava bizarro aquelas pessoas estendidas na areia, cobertas de lama, que todos diziam ser medicinal.


Isso sem falar na verdadeira aventura que era a "viagem" naqueles distantes anos 1960.

Tudo prazeroso demais para aquela criança que eu era naquele tempo.


Sobre a Peixamba, foi grande a minha satisfação ao ver que a efeméride acontecia no antigo restaurante que eu, meu irmão Kakalo e a turma costumávamos frequentar regularmente, uma casa antiga sobre palafitas, dentro do mar, vizinha da pequena igreja e da casa do meu tio Celsinho, com seu infinito bom humor.


Naquele cantinho de praia, pude reviver uma vida de bons momentos e criar inúmeros outros.

O prato não conseguia parar vazio, com siris, caranguejos, ovas e peixes variados, preparados das mais variadas formas.


Nos copos, a cerveja sempre gelada e a caipirinha que continuava tão boa como antigamente.

Sobre a roda, prefiro não falar muito, com medo de não conseguir mais parar.

Só posso dizer que o sol nasceu mais de uma vez enquanto o samba parecia não ter fim.


QUE O SAMBA É MINHA ALEGRIA

É MEU PRAZER IDEAL

É MEU SENHOR, É MEU GUIA

SAMBAR É SER IMORTAL

SEJA NA NOITE OU NO DIA

O SAMBA É LIBERTAÇÃO

CARTA DE ALFORRIA

PRA QUALQUER ESCRAVIDÃO


Quando me dei conta, estava de volta em casa, sem saber direito se tudo aquilo fora real, ou fora apenas o melhor sonho que eu poderia sonhar e do qual acabara de acordar.


Até a próxima esquina.


 

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