PERDEDORES OU VENCEDORES?
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A análise dos resultados das recentes eleições municipais dividiu os analistas políticos que vicejam nos meios de comunicação.
Segundo alguns, o grande perdedor é Lula, cujo partido apenas venceu em uma capital do nordeste. Outros, porém, apontam que o número de prefeituras onde o PT venceu, ainda que muito menor que outros partidos, foi bastante superior ao ocorrido em 2020, caracterizando assim um progresso do partido. Outro caso que divide os referidos analistas é o de Bolsonaro, que, para alguns, caso consiga revogar a inelegibilidade que lhe foi presenteada pelo STE seria o maior beneficiário da guinada para a direita, com a vitória em grande quantidade de municípios brasileiros com suas esdrúxulas composições partidárias.
Segundo outros, porém, Bolsonaro, dentro dessas referidas composições, apoiou candidatos de partidos que na maioria das grandes cidades onde se encontra o eleitorado ficaram alijados do poder.
Ele teria apenas um pequeno número de vitórias. Duas ou três prefeituras de maior expressão onde o núcleo da chamada ultradireita elegeu seus candidatos. Kassab, presidente do PSD, aparece como um gênio estrategista, uma vez que o partido que preside foi aquele que elegeu o maior número de prefeitos - embora em muitos casos estas vitórias se devam também a importantes contribuições de partidos coligados.
Assim como o PSD de Kassab, o MDB de Baleia Rossi venceu em um número quase igual de municípios, embora o PSD tenha amealhado um maior número de cidades importantes.
No frigir dos ovos, parecem surgir como possíveis candidatos para as eleições presidenciais, se considerados apenas os resultados dessas eleições, pelo lado da centro direita, nomes como Kassab, Tarcísio, Eduardo Paes e Caiado.
Pelo lado da centro-esquerda, João Campos, de Recife, que alia uma boa administração ao carisma herdado de seu pai e bisavô, de um forte clã político em Pernambuco.
Em território ideologicamente diluído, como possivelmente se dará a próxima eleição presidencial, não há como se ignorar o potencial de Lula da Silva, que estará dois anos mais velho e muito mais comprometido com práticas políticas do passado, como as emendas parlamentares secretas, o toma-lá-dá-cá, a indicação de incompetentes para cargos políticos e outros fatores que lamentavelmente podem explicar uma grande parte dos resultados da atual eleição municipal.
Embora deva se ressaltar que a recondução de muitos prefeitos possa significar não o uso abusivo da máquina do governo, mas o mérito mesmo de uma gestão competente, paira sobre o eleitorado nacional uma grande dúvida: estarão os brasileiros aprendendo a votar ou ainda se aplica a famosa frase de Pelé "o brasileiro, se quisesse reivindicar os seus direitos, tinha que tentar votar direito, não em cacareco". [*]?
Vale destacar que os analistas políticos e os institutos de pesquisa parecem que aprenderam a trabalhar os dados sobre as intenções de voto mergulhando no comportamento diferenciado de um maior número de segmentos: jovens, mulheres, evangélicos, católicos, eleitores influenciáveis por líderes nacionais, eleitores que votam em protesto, e as razões de abstenção ou anulação do voto.
Em suma, as eleições mostraram em sua tranquilidade, na rapidez do processamento dos resultados e na aceitação da voz das urnas que o eleitor foi o grande vencedor, pois o processo democrático se fez presente e as inúmeras distorções, agressões verbais, fake news, constrangimento de boca de urna e outras práticas não se mostraram eficazes. Resta agora manter o clima de participação cidadã no processo político durante o intervalo entre as eleições!
[*] - https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2022/12/29/frase-pele-brasileiro-nao-sabe-votar.htm?cmpid=copiaecola
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