PESQUISA
A descoberta de hordas invisíveis de intelectuais carentes tinha sido uma grande sacada. Dera com os burros n’água muitas vezes na busca pelo que insistia em chamar de sua metade da laranja. Apesar de a maior parte das mulheres já ter tomado rumos menos fantasiosos e abandonado a procura por um príncipe encantado, a Mel seguia tentando. Nunca admitiu abandonar aquele romantismo que tinha lido tanto nos romances semanais de banca de jornal, nas fotonovelas, nos grandes romances dos períodos românticos brasileiro e internacional, visto nas novelas de TV e em muitos filmes de sucesso indiscutível. Aquilo que pautou tantas obras de arte ao longo da história tinha que ter fundamento.
Sabia que o amor romântico era uma construção social recente, mas isso não era suficiente pra fazê-la recuar de seus objetivos.
Seus problemas, porém, como dizíamos, pareciam ter acabado. Mel se sabia competente. Isso além de ser atleta, já que tinha medalhas ganhas em várias modalidades esportivas desde a infância. Quando entrou na universidade para cursar psicologia, o que parecia não tê-la ajudado muito exatamente no campo pessoal, tinha claro que lidava muito bem com as expectativas dos outros, ainda que não administrasse direito as suas. Bonita, inteligente e – numa perspectiva externa – bem resolvida, seguia acumulando frustrações românticas até que descobriu o que definiu como "carência intelectual".
Num dia de folga, depois de uma semana tensa e repleta de atendimentos sempre confusos, que envolviam casos de assédio moral e sexual, abandono afetivo, adultério, indução ao crime e outras patologias sociais que frequentavam seu consultório, Mel decidiu iniciar seu próprio experimento social. Já tinha conversado - em sua busca constante - com homens de todo tipo. Inseguros, metidos a besta, irresponsáveis, inteligentes, ignorantes, de direita, de esquerda e de centro. Sem contar a variação de formas, incluindo diâmetro e altura, além das etnias variadas. Preferia, no entanto, e por razões mais que justificáveis, os de melhor apresentação. Descartava, eticamente, os que eram seus pacientes. Dentre eles selecionaria os modelos conceituais que abordaria por aí. E foi uma conjunção positiva de ocorrências que a levou a perceber que havia um certo perfil masculino que vivia se lamentando, numa manifestação claramente misógina e machista, da falta de mulheres que satisfizessem suas demandas intelectuais.
"Homens, no campo emocional, são perceptívelmente uma subespécie", defendia, sem perder a esperança de encontrar, entre as exceções, aquele que a faria feliz!!
Uma análise simples de dados do IBGE informa que as mulheres têm, na média, mais anos de escola que os homens. A carência alegada pelos homens não tem qualquer fundamento consistente. É inclusive muito mais comum, por razões nunca completamente explicadas, o relacionamento entre mulheres mais letradas e homens pouco instruídos. Pensava sobre tudo isso enquanto se aventurava entre encontros ao acaso e combinações resolvidas através de sites de relacionamento.
Com a tese da carência dos intelectuais em mente, iniciou uma abordagem mais direcionada. Mapeou bares em regiões de classe média e selecionou perfis em sites de relacionamento para abordar homens que falassem mais de uma língua e que tivessem cursos de pós-graduação. Focou em ciências humanas, principalmente. O diagnóstico era simples: quatro ou cinco frases e uma troca de impressões sobre aleatoriedades e já chegava facilmente à escolarização do sujeito. Comprovado o curso superior ou algum grau de erudição aparente e era hora de lançar meia dúzia de citações de grandes autores, um pouco da Escola de Frankfurt, um pouco de psicanálise, que ela dominava bem, três ou quatro referências à CEPAL, um pouco de literatura latino-americana, doses de Umberto Eco e estava feita a receita infalível. Era muito importante não parecer pedante ou hiperletrada. As referências deveriam ser tão discretas quanto possível.
A maioria absoluta dos abordados iniciava, logo após as primeiras citações, um tipo de "dança do acasalamento" teórica, que consistia em lamentar a indisponibilidade de mulheres como ela, inteligentes, autônomas, donas de seus próprios narizes. Um show de horrores de misoginia e falta de percepção da realidade, com doses de autorreferência exacerbada, mas com fundamentação em ciência política, sociologia, economia e antropologia. Obviamente alguns fugiam à regra, o que era motivo de absoluta satisfação. Levou pra casa - ou visitou - vários deles, sem culpa e sem medo. Nenhum tinha qualquer traço de psicopatia. Ela também conhecia bem o tema.
Errou uma única vez! No perfil do aplicativo de encontros, um quarentão fora dos padrões de beleza vigentes, inclusive ostentando razoável pança, exibida sem pudor, como um troféu. O texto bem elaborado parecia não casar com a foto do perfil. Era hora de fugir do padrão. Não havia referência a cursos, formação. Dizia ter curso superior. A camiseta de clube de futebol era a cereja do bolo. Seria contador? Administrador? Engenheiro? Muito desleixo pessoal pra ser arquiteto, médico, advogado. Foi levada pelo texto a arriscar, mas mesmo o texto poderia se aplicar a quase qualquer um. Tinha detalhes interessantes que ela foi capaz de captar, mas que, por si só, não seriam capazes de entregar o personagem.
Encheu-se de coragem e marcou um date. Precisava daquilo, tinha hipóteses a testar e – tomara - comprovar. Local público, acesso fácil, transporte nas imediações, segurança. Partiu. Não era ex-namorado, ex-aluno, amigo de infância, nada. Ao menos não identificava, no perfil eletrônico da figura, nenhum conhecimento prévio digno de notabilidade. Mas tinha algo de familiar nele ou nos textos que escrevia, no tipo de mensagens que mandou para confirmar o encontro.
Chegaram praticamente juntos. A conversa fluiu fácil e Mel tentou, por um instante, aplicar as referências que usava para os outros, como um modo de descobrir com quem estava conversando. Feio, barrigudo e feliz, bem falante. Sedutor, até. Na primeira citação, atacou de Weber, fazendo referência ao crescimento exponencial das igrejas protestantes, em especial das neopentecostais, da teologia da prosperidade e outras estranhezas. Foi interrompida pelo pedido de uma cerveja por ele e por um contragolpe.
Ele atacou de Escola de Frankfurt, fazendo referências à cultura de massas e fechou com Guy Debord, o teórico francês da "Sociedade do Espetáculo". Ela sentiu o golpe, mas veio de Ulysses, o tijolão do Joyce. Falou da solidão da contemporaneidade. Ele, tendo aparentemente vencido o primeiro round, disse que preferia as incertezas da Montanha Mágica, do Thomas Mann. O segundo chope dele foi o primeiro dela, mas só trocaram um beijo quando o assunto já era a obra do Nelson Rodrigues e os sambas do Nelson Cavaquinho, vários chopes depois.
Ele era psicanalista.
Fazia uma pesquisa comportamental semelhante à dela. E apostou certo na entrevistada.
Ou: toda araruta tem seu dia de mingau…
Parece que estão juntos ainda.
Rio de Janeiro, setembro de 2023.
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